Estudo Unesp
Reciclagem abrange menos de 2% do lixo que é produzido em Sorocaba
Estudo da Unesp mostra que índice teve uma redução de 3,36% em 2014 para 1,32% em 2023
A população de Sorocaba, composta por mais de 762 mil habitantes, segundo o última estimativa do IBGE, produz em torno de 19 mil toneladas de lixo por mês. Dessa quantidade, apenas 300 toneladas são recicladas mensalmente, ou seja, menos de 2% dos resíduos são reaproveitados no município, de acordo com dados da prefeitura.
Estudo realizado por pesquisadores do Instituto de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp), de Sorocaba, analisou os números da coleta seletiva entre 2014 e 2023. Com o aumento da população, a geração de resíduos subiu 33% em quase dez anos, o que representa 166 toneladas a mais por dia.
Conforme o estudo, que continua em andamento, em 2014 eram produzidas 505,5 toneladas de lixo diariamente. Em 2023, esse número passou para 671,5 toneladas. Em 2014, 3,36% dos resíduos eram encaminhados para a reciclagem; em 2023, esse índice caiu para 1,32%.
Para o professor de engenharia ambiental da Unesp, Sandro Donini Mancini, que conduz o estudo, a população possui informações sobre a importância da reciclagem, no entanto, falta ação. “A população aumentou, mas aumentou o per capita também. Eu não vou colocar a culpa na falta de conscientização. Falta proatividade, porque todo mundo sabe o que tem de fazer. Quando a gente quer comprar alguma coisa, vamos até o supermercado, compramos e trazemos para casa. Quando é lixo, a gente quer que alguém venha buscar na porta da nossa casa sem o menor esforço. Somos proativos como consumidores, mas não como geradores de resíduos.”
Outra questão é a falta de valorização dos materiais. Mancini ressalta que a coleta seletiva não se desenvolve no País pois os resíduos recicláveis têm pouco valor. “Eles têm valor de mercado, mas não o suficiente para fazer um bom negócio. Então, os trabalhadores trabalham muito e, no final, mal ganham um salário mínimo, porque as forças de mercado pagam pouco pelo resíduo.”
Em contrapartida, o valor gasto com o descarte dos resíduos sólidos é elevado. Segundo a pesquisa da Unesp, com base nas quantidades coletadas em 2023 e nos valores atualizados para 2025, o custo da gestão do lixo em Sorocaba chega a R$ 399,71 por tonelada. Desse total, R$ 278,71 correspondem às despesas com coleta e transporte, enquanto R$ 121,00 são destinados ao aterramento. Na prática, isso significa que o município gasta, em média, cerca de R$ 264 mil por dia com essas duas etapas.
Para o professor de engenharia ambiental, faltam políticas públicas em todo o País com investimentos na área de coleta e separação dos materiais. “Estamos descartando um recurso que poderia ser reaproveitado, mas que terá de ser novamente extraído da natureza para produzir o mesmo recurso. Estamos levando para um aterro que é muito bom, um dos melhores do País, mas ainda é um buraco, e esse buraco tem fim. Quanto mais material volumoso, como embalagens, for jogado, mais rápido esse aterro vai acabar.”
Coleta
De acordo com a Prefeitura de Sorocaba, todos os resíduos domiciliares, comerciais e de feiras livres são levados pelos caminhões da CNSA, empresa responsável pela coleta no município, diretamente ao aterro sanitário, localizado no município vizinho de Iperó, diariamente. Não há reciclagem desses materiais.
Ao chegar ao aterro sanitário, o caminhão é pesado em uma balança antes de descarregar todo o material coletado, informa a prefeitura. O lixo é espalhado, compactado em camadas e coberto com terra para a decomposição, “de forma segura e ambientalmente correta, sem contaminação do solo ou da água subterrânea (lençol freático)”.
A administração pública explica que os aterros sanitários são planejados, operados e monitorados de acordo com normas e regulamentações ambientais, o que inclui sistemas de coleta de gases. Além disso, o chorume resultante da decomposição dos resíduos é tratado em sistemas de drenagem.
“A coleta do lixo é um dos principais serviços de limpeza pública e sua principal função é garantir a manutenção da cidade. Uma cidade limpa proporciona impactos positivos na saúde pública e na qualidade de vida de todos os moradores. Por isso, o comportamento da população, além do trabalho contínuo do Poder Público, é fundamental para manter a cidade sempre limpa e bonita.”
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