Celebração
Faculdade de Medicina de Sorocaba completa 75 anos
A Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Sorocaba completou, neste ano, 75 anos de história. Localizado na Vila Boa Vista, o campus foi a primeira escola médica do interior do Brasil e a quarta do Estado de São Paulo. Ao longo dessa trajetória, a instituição formou mais de 5,8 mil médicos e mantém, até hoje, os valores acadêmicos, combinando tradição e inovação.
A ideia de fundar a Faculdade surgiu em 1949, com o então prefeito Gualberto Moreira. Ao lado do padre André Pieroni Sobrinho, do médico Linneu Mattos Silveira e de outras personalidades influentes da época, a instituição ganhou forma.
Após um ano, em 1950, o campus obteve a aprovação do Ministério da Educação e Cultura para iniciar suas atividades acadêmicas, tornando Sorocaba a primeira cidade do interior do Brasil a sediar um curso de medicina. A primeira turma, composta por 39 alunos, formou-se em 1956.
Desde a sua fundação, a FCMS conta com uma unidade de saúde própria, o Hospital Santa Lucinda. O espaço foi doado pelo filantropo José Ermírio de Moraes. De acordo com o atual diretor da Faculdade de Medicina, Godofredo Campos Borges, esse sempre foi um dos grandes diferenciais do campus.
Desses 75 anos, Borges esteve presente em quase 20, iniciando sua trajetória na Faculdade em 1983, como aluno. Já ocupou o posto de diretor-adjunto, sendo eleito três vezes para o cargo de diretor. Hoje, analisando essa trajetória, ele define a instituição em três palavras: vanguardismo, humanismo e dedicação.
Vanguardismo
Para resistir ao tempo é necessária adaptação, principalmente quando se trata de medicina. Borges se lembra quando a Faculdade adotou o modelo de metodologia ativa em 2006. De acordo com o diretor, na época, poucas universidades priorizavam a prática e o protagonismo do aluno. Na grande maioria, as aulas seguiam o modelo tradicional, em que somente o professor ocupava a frente.
“Lá naquela época, os jovens já não tinham paciência para ficar uma hora e meia apenas escutando. Isso é comprovado cientificamente: nós dispersamos. Inclusive, por que os seriados tinham episódios de no máximo 40 minutos? Porque o telespectador cansa”, explica o diretor. “Portanto, lá atrás, nós tivemos esse cuidado para melhorar a experiência do aluno em sala de aula”. Contudo, as mudanças também trazem desafios. Nesse sentido, Borges se recorda das barreiras enfrentadas para implementar a metodologia ativa: “foi difícil mudar a perspectiva, principalmente dos docentes, mas nós conseguimos”, destaca.
O modelo é usado até os dias atuais. O diretor cita como exemplo a disciplina de Mentoria, presente na matriz curricular desde o primeiro semestre, em que um grupo de 10 alunos recebem uma situação problema, que deve ser estudada, aprofundada e, no final, ser apresentada uma solução. “Com isso, eles ocupam o lugar de protagonistas e devem ir atrás do conhecimento”, aponta.
Outra mudança da Faculdade de Medicina foi aumentar o tempo de internato, momento em que os alunos atuam diretamente nos cuidados com os pacientes sob supervisão, aprendendo a rotina da profissão em hospitais, clínicas e postos de saúde. O objetivo é consolidar o conhecimento teórico com a prática. Portanto, os futuros médicos passam por diferentes especialidades, sendo uma forma de preparar o aluno para a residência.
“Normalmente, os estudantes vão para o internato no quinto ano da faculdade, mas aqui não, o internato começa no quarto ano. Essa prática nós adotamos em 2009, três anos após a mudança de metodologia”, relata o diretor. “No entanto, desde o primeiro semestre, nós já colocamos os jovens em contato com a prática, iniciando o atendimento nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da região”.
Humanismo
Para Borges, é impossível falar de medicina sem falar da parte social. Ele reconhece que, muito além do objetivo de salvar e cuidar de vidas, há um compromisso com o sistema público de saúde.
“Nas aulas práticas, os alunos atuam em hospitais públicos. É um estágio para que eles possam aprender. Portanto, nós sempre frisamos esse compromisso com a sociedade, essa dívida de gratidão com esses pacientes, porque eles nos ajudaram a aprender”, salienta o diretor. “Então, pedimos aos futuros médicos que, ao saírem da faculdade, dediquem um tempo para essa parcela da população, porque ela foi fundamental no processo de formação”.
Além disso, Borges ainda destaca questões éticas e de bom atendimento, como o olhar atento para cada paciente. “Muitas vezes um doente precisa só de uma palavra, mesmo que seja uma doença terminal. As pessoas precisam de carinho, de consolo. O médico precisa ter um lado humano”, acrescenta.
Dedicação
Ao relembrar esses anos de história da Faculdade de Ciências Médicas e da Saúde (FCMS) da PUC Sorocaba, é difícil não citar a pandemia de Covid-19. Borges define esse período como um divisor de águas. “Acredito que, para muito além da medicina, o jeito do ser humano enxergar e entender a vida mudou. Ninguém mais foi o mesmo depois do Coronavírus. E aqui na PUC Sorocaba não foi diferente”.
Na época, Borges era diretor-adjunto e, diferentemente dos demais, o período de reclusão dos professores e dos alunos do quinto e sexto ano durou somente 15 dias. Após a primeira quinzena, todos foram mobilizados para atuar na linha de frente no tratamento à doença.
“Foi um momento muito marcante. Enquanto o restante da faculdade estava online, nós estávamos nos hospitais. E as pessoas nos perguntavam: você acha que não vai ter nenhum problema? Eu não sabia. Graças a Deus, não perdemos nenhum dos nossos, nenhum aluno ou professor. Mas foi um momento difícil”.
Borges ainda vê essa dedicação nos alunos e nos professores, no quanto se dedicam para aprender e transmitir o conhecimento que têm. Atualmente, o corpo docente da Faculdade é formado por mais de 200 profissionais, enquanto o discente conta com 647 estudantes.
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