Parque Municipal
Fim de contrato com bilheteria libera acesso ao público sem cobrança no zoo de Sorocaba
O Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros, localizado na Vila Hortência, zona leste de Sorocaba, está com entrada gratuita para a população. A medida não é promoção, mas consequência do vencimento do contrato com a empresa de bilheteria. O acordo se encerrou no fim de agosto e, desde então, não há cobrança de ingressos.
A situação, no entanto, não foi amplamente divulgada. Na entrada do zoológico, não há aviso: o portão está simplesmente aberto, com uma equipe apenas monitorando a entrada dos visitantes. Para muitos, o acesso gratuito foi uma surpresa. É o caso da freelancer Nicolle Bastos, 21 anos, e do repositor Paulo Henrique Pereira Gonçalves, também de 21.
“Essa é a minha segunda vez aqui, fazia muito tempo que eu não vinha. A última vez, eu ainda era criança. Porém, já acho o preço do ingresso acessível e acredito que o valor ajude a manter a infraestrutura do local”, comenta Nicolle.
Em nota, a Prefeitura de Sorocaba informou que a situação é temporária, já que a contratação de uma nova empresa para a bilheteria está em andamento. A expectativa é que as tratativas sejam concluídas nos próximos dias, sem data definida. “Durante este período, a entrada do público está liberada gratuitamente e funcionários da Sema [Secretaria de Meio Ambiente e Bem-Estar Animal] estão no local orientando a entrada”, informa.
Ainda segundo a nota, a empresa era responsável apenas pela bilheteria. Assim, as demais estruturas do espaço não foram afetadas. O Cruzeiro do Sul questionou possíveis impactos, mas não obteve resposta.
Possíveis prejuízos
Para o advogado Luiz Antonio Barbosa, especialista em gestão pública, o único prejuízo é financeiro. Segundo ele, a ausência de cobrança não gera dilema jurídico, mas representa perda de receita para o próprio parque, que utiliza os valores arrecadados na manutenção e nos insumos destinados aos animais. “O zoológico tem muitos gastos: a alimentação dos animais, que é volumosa, conservação dos espaços, limpeza e funcionários. Sem entrada de dinheiro, a qualidade começa a cair, comprometendo o espaço”, opina.
Debate sobre concessão
A questão reacende o debate sobre a privatização. No ano passado, uma comissão de estudos foi criada para avaliar a concessão do Quinzinho de Barros à iniciativa privada, nos moldes do programa Sorocaba Business. Com o avanço das análises, porém, a comissão concluiu que se trata de um objeto mais complexo, e a Sema passou a presidir o grupo. O tema foi tratado em reportagem do Cruzeiro do Sul em abril deste ano.
Ao ser questionada sobre o andamento, a Sema informou que não há prazo ou cronograma definidos. “Caso o grupo de estudo entenda pela viabilidade da concessão do zoo, todos os trâmites legais serão realizados e divulgados, com consulta pública, definição das diretrizes pela Sema e encaminhamento para aprovação legislativa”, explica.
Para o advogado Luiz Antonio Barbosa, a concessão seria positiva. Ele cita exemplos de museus internacionais que cobram ingressos e reinvestem os recursos em conservação, além de gerar turismo e movimentar a economia local. “Muitas vezes pensamos que cobrar ingresso afasta o público, mas não é verdade. O preço precisa ser praticado com bom senso, sem extrapolar”, pondera.
O advogado também lembra do Zoológico de São Paulo, concedido em 2021, onde houve melhorias na infraestrutura, desde limpeza até novos habitats. “Acredito que o mesmo deve ser feito aqui, até porque o poder público não tem braço para tudo e acaba deteriorando espaços que poderiam valorizar a cidade e gerar economia”, afirma. “Por que cito museus internacionais? Porque eles conseguem conservar dois séculos de história. Enquanto isso, temos prédios de 300 anos no Brasil caindo aos pedaços. Mas, volto a repetir, os preços devem ser praticados com consciência.”
Proposta positiva
Na manhã de ontem (10), o Cruzeiro do Sul conversou com visitantes do Quinzinho de Barros sobre a possibilidade de concessão. Para a cuidadora Isabelle Pedroso, 29 anos, a proposta pode trazer bons frutos. “O Quinzinho é uma ótima opção de lazer para a família, é acessível. Existem aspectos a melhorar, como a limpeza. Muitas pessoas pedem novas espécies, mas antes é preciso saber se a infraestrutura suporta, porque não adianta trazer um animal sem oferecer todo o cuidado que ele merece”, afirma.
Ela também cita o Zoológico de São Paulo como comparação: “O valor lá é muito maior, assim como o espaço e a variedade de espécies, mas não é acessível. Em Sorocaba, o ingresso custa no máximo R$ 8.”
Já Nicolle Bastos e Paulo Henrique também veem pontos positivos no zoo de Sorocaba, principalmente pela acessibilidade. Sobre a concessão, acreditam que pode ampliar o espaço e trazer novidades. “Seria muito legal se tivesse uma atividade interativa com os animais, por exemplo, alimentar um macaco com acompanhamento da equipe”, sugere Nicolle.
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