Na correria do dia a dia, entre prazos apertados, trânsito e a pressão por resultados, muitas pessoas acabam deixando de lado o cuidado com a própria saúde mental. Ansiedade, estresse e exaustão emocional se tornam parte da rotina, mas nem sempre recebem a devida atenção.

Para quem não se sente bem, reconhecer a necessidade de ajuda e buscar apoio especializado pode ser o primeiro passo para retomar o equilíbrio e a qualidade de vida. Por isso, o Rotary Club de Sorocaba lançou, neste mês, uma campanha de saúde mental com o lema “busque ajuda”. O momento escolhido faz referência direta ao Setembro Amarelo, que é dedicado a discutir essas questões, em especial com campanhas de conscientização sobre a importância da prevenção do suicídio.

A entidade criou um flyer com QR Code. Ao acessar, é possível encontrar informações de instituições e projetos sociais de apoio de todo o mundo. No site, é possível selecionar o país e a cidade para localizar a melhor opção. No topo da plataforma, há a seguinte pergunta: “Você ou outra pessoa está em perigo imediato?”. Ao clicar no botão, a plataforma redireciona para a ligação do 192.

O site é o Find a Helpline e pode ser acessado pelo link: findahelpline.com/pt-BR/countries/br

“Nós estamos incentivando as pessoas a buscar ajuda através de alguns pilares. É algo simples, mas eu diria que a campanha se aprofunda na capacidade de orientar a pessoa a buscar apoio e não ficar sofrendo”, comentou Roberto Carreo, coordenador do projeto de saúde mental do Rotary Club Sorocaba.

Dados do Ministério da Previdência Social mostram que, em 2014, quase 203 mil brasileiros foram afastados do trabalho por conta de episódios depressivos, estresse grave, transtornos de ansiedade e outras questões de saúde mental. Em dez anos, os números mais que duplicaram. Em 2024, ocorreram mais de 440 mil afastamentos, um recorde da série histórica. Em relação a 2023, o aumento de afastamentos foi de quase 67%.

Entidade pede olhar mais sensível do poder público

O coordenador do projeto do Rotary Club Sorocaba lembra que os problemas de saúde mental podem atingir pessoas de qualquer idade, inclusive crianças e adolescentes. Segundo Roberto Carreo, entre 2006 e 2012 existiu em Sorocaba um programa de educação emocional chamado “Amigos do Zippy”, da Associação pela Saúde Emocional. Ele conta que, na época, o projeto era realizado com crianças nas escolas e, posteriormente, se estendeu para famílias e professores.

“Na época, mais de 400 professores foram treinados, há mais de dez anos. Depois, vimos também os reflexos na área da saúde, já que a quantidade de professores que se afastam por depressão é muito grande. Por isso, sempre reforçamos: é importante que a saúde colabore com a educação, para que crianças e adolescentes sejam preparados para a vida e para enfrentar essas questões”, enfatizou Carreo.

Desde 2024, existe em Sorocaba a Política de Apoio à Saúde Mental, instituída pela Lei nº 13.013. Entre os objetivos estão: promoção de campanhas de conscientização sobre a importância da saúde mental no ambiente escolar e de trabalho; implementação de medidas para redução do estresse nesses ambientes, incluindo avaliação periódica de fatores de risco psicossociais, quando necessário; além da realização de eventos e atividades voltados à saúde mental, como palestras, workshops e grupos de apoio.

Para Carreo, o programa “Amigos do Zippy” deveria ser novamente implementado. “A prefeitura contrata o programa, são profissionais que trabalham com isso. O pessoal vem, capacita os professores, e quem aplica é o professor. Nós, enquanto Rotary, estamos empenhados em sensibilizar”, disse.

O que diz a prefeitura

A Secretaria de Educação (Sedu) de Sorocaba informou que reconhece a relevância de ações voltadas à promoção da saúde mental no ambiente escolar. Segundo a Sedu, entre 2021 e 2025 foram desenvolvidas iniciativas formativas, aquisição de materiais didáticos e parcerias com instituições de referência, como a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) Sorocaba, para realização de palestras direcionadas a estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental.

Os principais temas trabalhados incluem bullying, cyberbullying, violência de gênero e aprendizagem socioemocional.

A Sedu destaca, ainda, que desde 2023 realiza o projeto “Convivência”, que aborda princípios da Justiça Restaurativa, com foco na mediação de conflitos, fortalecimento do diálogo e promoção da cultura de paz nas escolas.

“A Secretaria de Educação estuda formas de ampliar continuamente a proposta pedagógica relacionada a essas temáticas, de modo a fortalecer as práticas de prevenção e promoção do bem-estar dos estudantes”, informou a Sedu.