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Recomeço

Menina de 6 anos resgatada aprenderá a ter convívio social

05 de Setembro de 2025 às 22:50
Cruzeiro do Sul [email protected]
Criança que não saía de casa recebe cuidados
Criança que não saía de casa recebe cuidados (Crédito: REPRODUÇÃO / CONSELHO TUTELAR)

A menina de 6 anos que era mantida em cárcere privado pelos pais terá de aprender regras de convívio social. A conselheira tutelar Lígia Guerra conta que a garota teve um encantamento ao deixar a casa onde vivia, como se tivesse contato pela primeira vez com o mundo externo. “Ela parecia nunca ter visto um pôr do sol. Ficava fascinada com as cores, os sons, as pessoas. Era um verdadeiro deslumbramento.”

A criança está em um abrigo desde o dia 29 de agosto e os pais foram presos na quinta-feira (4). Os primeiros resultados dos exames da menina constataram infecção urinária, infecção sanguínea, intolerância à lactose e afundamento do tórax. A alteração torácica teria ligação com a falta de deglutição, possivelmente porque a criança nunca teria recebido alimentos sólidos, ou em razão de outra intercorrência. Ela passará por avaliação de diferentes profissionais para ter um diagnóstico completo.

De acordo com a conselheira tutelar, ela vem recebendo alimentação por soro. “Ela está recebendo soro quase que diariamente para se recuperar. Cada dia representa um pequeno avanço, um novo passo na evolução dessa menina”, relatou.

Entre as condições observadas pelos conselheiros, a criança não tinha hábitos básicos de higiene. Fazia as necessidades em pé, sem o uso adequado do vaso sanitário. Agora, no serviço de acolhimento, recebe apoio para aprender atividades simples do dia a dia e se adaptar a uma rotina de cuidados.

A conselheira acrescenta que a menina não fala e apresentava sinais evidentes de descuido. O cabelo estava completamente embaraçado, e a mãe afirmou nunca ter conseguido lavá-lo. Diante da situação, assistentes sociais precisaram cortá-lo.

Segundo o Conselho Tutelar, a equipe recebeu uma denúncia anônima por telefone. No local, os conselheiros levaram cerca de uma hora para conseguir acesso à residência. O pai teria recebido a equipe de forma hostil, recusando a entrada. A mãe também resistiu a colaborar, afirmando que só poderia comparecer ao conselho em outro dia. Após insistência, concordou em entregar os documentos da filha e levá-la ao Conselho Tutelar.

Lígia informou ainda que não havia registros anteriores de denúncia sobre esse caso. Segundo ela, outros parentes da menina tiveram último contato com ela quando tinha apenas nove meses.

A menina está sob os cuidados do serviço de acolhimento institucional e passa por acompanhamento psicológico, médico e social. Também será necessária avaliação odontológica, já que ela nunca mastigou e ainda não sabe falar, apenas emite sons. (Lavínia Carvalho programa de estágio)