Diferença de valor
Menor preço é o atrativo para compra de remédios genéricos
Em sua maioria, genéricos apresentam um valor menor que o remédio referência: diferença pode chegar a 488%
Eles estão nas gôndolas e chamam a atenção, não apenas pela faixa amarela com a letra G obrigatória nas caixas, mas sobretudo pelo preço. Os genéricos, em sua maioria, apresentam um valor menor que o remédio referência. A diferença de valor entre os dois medicamentos pode chegar a 488%, como é o caso do losartana potássica, princípio ativo do Cazaar, destinado ao tratamento de hipertensão. Mas por que isso acontece? De acordo com um farmacêutico ouvido pelo Cruzeiro do Sul, a patente e o investimento em marketing influenciam consideravelmente.
“O remédio de marca geralmente teve uma patente lá atrás e também tem a questão do investimento em marketing. Então, um produto que tem marca, a indústria investe na propaganda médica, numa série de coisas que vai aumentar o custo do medicamento. Quando é genérico, não tem marca, então, automaticamente, o marketing não existe para aquela molécula, por isso que cai o preço um pouco”, comenta o farmacêutico e executivo da Farma Ponte, Ricardo Silveira Leite.
Além da losartana, que é um dos genéricos mais vendidos, ao lado está o cloridrato de metformina, usado para pacientes em tratamento de diabetes tipo 2, de acordo com o profissional.
Na maioria das idas do consultor automotivo, Draucio Ferrucce, à farmácia, os genéricos compõem a cesta. “Eu prefiro porque é mais barato. A diferença não chega a ser tão grande, uns 25% na maioria das vezes, mas já ajuda um pouco no orçamento”, comenta.
O mesmo acontece com a dona Valnice Lúcia de Oliveira. Aos 69 anos, a aposentada contou que não se importa se é genérico ou não, o importante é resolver o problema.
Já Cleide Peres da Silva sempre opta pelos genéricos por serem mais baratos. “Tem que aproveitar, porque cada vinda na farmácia já não fica barato, então quando dá para pagar mais barato, melhor ainda”, desabafa a diarista de 54 anos.
Os três entrevistados em duas farmácias diferentes da zona leste de Sorocaba também foram questionados se sentem alguma diferença ou problema em levar o genérico. A resposta foi unânime: não. Porém, não com todos. Um familiar do Draucio, por exemplo, evita ao máximo fazer a compra e o uso de tais fármacos por acreditar que o efeito é diferente.
Esta percepção, segundo os farmacêuticos, é errônea, visto que os genéricos possuem todo o controle de qualidade e segurança, tal qual um de marca. “Esses medicamentos, para serem genéricos, precisam passar por um teste de bioequivalência e biodisponibilidade que comprovam que a eficácia do medicamento é igual à da marca original, que tem a patente, e vão produzir no organismo o mesmo efeito que um medicamento original de marca”, explica Ricardo Silva Leite.
O processo é regido por lei, assinada há 26 anos. Em 1999, foi instituída a política dos medicamentos genéricos no Brasil, que tem como objetivo promover o acesso a fármacos mais baratos, da mesma maneira que garantir a concorrência no mercado e assegurar a qualidade, segurança e eficácia de tais remédios. Dados da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) indicam que existem mais de 3,8 mil medicamentos genéricos registrados. O número refere-se a janeiro do ano passado.
Dicas
Mesmo com um número grande de genéricos à disposição e muitas pessoas optando pela categoria pelo atrativo do preço, Ricardo faz um alerta. “É necessário procurar o auxílio de um profissional farmacêutico dentro da loja, que é o profissional autorizado pela Lei a fazer, se necessário, a intercambialidade, conduzindo o cliente a trocar o de marca pelo genérico”, explica.
O profissional ainda complementa: “Se o médico manifestar na receita que não autoriza a substituição, a intercambialidade de ’original’ para genérico, não deve ser feita”.