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Trabalho

Indústria garante saldo positivo de empregos em Sorocaba em julho

Setor abre 298 vagas formais e puxa a geração de postos na cidade; comércio também avança, mas serviços registram retração

03 de Setembro de 2025 às 21:53
Cruzeiro do Sul [email protected]
Com saldo de quase 300 vagas, setor industrial confirma papel de motor da economia local
Com saldo de quase 300 vagas, setor industrial confirma papel de motor da economia local (Crédito: DIVULGAÇÃO / CNI)

A indústria de Sorocaba foi a principal responsável pela geração de empregos formais em julho deste ano, criando 298 postos de trabalho, segundo dados do Novo Caged. O desempenho ajudou a cidade a fechar o mês no azul, com saldo total de 388 vagas — resultado de 12.843 admissões contra 12.455 desligamentos. Além da indústria, o comércio também apresentou crescimento relevante, com 262 novas vagas, enquanto os serviços puxaram o saldo para baixo ao registrar 230 perdas.

O setor industrial foi o principal responsável pelo resultado positivo, com 298 novas vagas. Em seguida aparece o comércio, com 262 postos, enquanto a construção civil contribuiu com 60 vagas. Apenas a agropecuária e os serviços apresentaram retração, com duas e 230 vagas a menos, respectivamente.

Para o economista Marcos Canhada, os números não surpreendem e estão em linha com movimentos sazonais do mercado. “O mês de junho costuma ser de encerramento de contratos temporários, especialmente em educação, serviços e comércio. Já julho é marcado por recontratações ou novas admissões para o segundo semestre, com destaque para a indústria e o comércio, que se antecipam para datas como o Dia dos Pais e, mais adiante, a Black Friday”, avalia.

O Diretor Titular do Ciesp Sorocaba, Erly Domingues de Syllos, concorda que a indústria continua sendo o motor da economia local, mas ressalta que esse desempenho é fruto de uma política industrial consistente. “Sorocaba já vem num patamar de crescimento há vários anos, com resultados sempre positivos. Isso mostra a pujança da cidade e é reflexo de um ambiente favorável à atração de investimentos, que envolve desde grandes montadoras, como a Toyota, até empresas de médio e pequeno porte”, destaca.

A força da indústria

O saldo de quase 300 empregos na indústria em julho é visto por Marcos Canhada como parte de um ciclo maior. “Esse é um movimento comum em ciclos industriais, especialmente no segundo semestre, quando há maior aquecimento da economia”, explica.

Na visão de Erly, o resultado é consequência direta de investimentos bilionários que vêm sendo realizados na região. Ele cita a Toyota, que destinou R$ 11 bilhões à sua planta em Sorocaba, com aportes previstos até 2029. Esse investimento, segundo o dirigente, tem efeito multiplicador, gerando demanda para grandes fornecedores como ZF, JCB e Schaeffler, mas também para pequenas e médias indústrias locais.

Outro ponto crucial é a formação de mão de obra. “Quando uma indústria decide investir, ela olha a infraestrutura e a logística, mas principalmente a qualificação profissional. Sorocaba se destaca nisso. Temos duas escolas do Senai que absorvem praticamente 100% dos alunos formados, além da Fatec, colégios técnicos e universidades públicas e privadas que abastecem o mercado com profissionais qualificados”, acrescenta.

Comércio aquecido

Com saldo de 262 vagas, o comércio foi o segundo setor a puxar o resultado positivo. Para o economista Marcos Canhada, isso se deve ao calendário do varejo e às movimentações típicas do segundo semestre. “É um movimento ligado a fatores sazonais. Mesmo que datas como a Black Friday ainda estejam distantes, empresas já começam a se preparar e reforçar suas equipes”, comenta.

Embora menor do que a indústria em termos de estoque de empregos (54.571 vínculos contra 62.512), o comércio tem se consolidado como setor dinâmico, capaz de responder rapidamente a variações do consumo.

Serviços em retração

A contrapartida ao bom desempenho da indústria e do comércio veio dos serviços, que perderam 230 postos de trabalho formais em julho. Marcos Canhada aponta que o setor sofre mais com a informalidade. “Esse é um segmento sensível, que sofre com instabilidades contratuais. Muitas empresas substituem empregos formais por freelancers ou PJs. Isso nem sempre aparece como desemprego, mas reduz o saldo de vagas com carteira assinada”, explica.

Erly, por sua vez, relaciona a queda a fatores macroeconômicos nacionais. “O setor de serviços é afetado pelo cenário interno, marcado por juros altos, polarização política e crises como a do IOF e do INSS. Isso reduz o consumo e impacta o setor, que não depende tanto das exportações, mas sim da dinâmica do mercado interno.”

Desafios e cautela

Apesar do saldo positivo, o ritmo de geração de empregos em 2025 tem sido menor do que em 2024. Marcos Canhada atribui essa diferença à desaceleração da economia brasileira neste ano. “O crescimento das contratações está mais tímido. As empresas estão cautelosas, adiando expansões e investimentos. Isso freia a criação de novas vagas”, diz.

Outro fator de incerteza é a taxação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. De acordo com Erly, mesmo com tarifas de até 50% em alguns itens, Sorocaba tem resistido graças a investimentos de longo prazo e à infraestrutura local. “É uma comemoração dupla: pelos resultados de hoje e pelo fato de que, mesmo com a taxação americana e a instabilidade do mercado nacional, seguimos avançando. Isso é fruto de sementes plantadas no passado”, conclui Erly.

João Frizo - programa de estágio