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Preços variam até 310% em cesta básica de Sorocaba

Batata, tomate e café são alguns dos itens de supermercados que mais pesam no bolso dos consumidores

26 de Agosto de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
Quilo da batata pode custar R$ 7,99 em um supermercado e R$ 1,95 em outro
Quilo da batata pode custar R$ 7,99 em um supermercado e R$ 1,95 em outro (Crédito: LAVÍNIA CARVALHO)


Uma pesquisa do Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (LCSA) mostrou que o preço da cesta básica pode variar em até 310%. Entre os produtos que mais pesam no bolso dos consumidores sorocabanos, o café foi citado por unanimidade: o pacote de 500g foi encontrado com preços entre R$ 45,99 e R$ 29,99 — variação de 53%.

O levantamento, realizado nos dias 18 e 19 de agosto, mostrou ainda que a batata foi o item com maior disparidade de preços: R$ 7,99 em um supermercado e R$ 1,95 em outro, diferença de 310%. O tomate chegou a variar 181% e o lombo suíno, 131%.

Segundo o economista André Corrêa Barros, as variações nos preços estão ligadas a fatores como logística, perfil da clientela e estratégias comerciais das redes. Bairros periféricos, por exemplo, costumam oferecer hortifruti mais barato, enquanto os hipermercados centrais tendem a ser mais competitivos em produtos industrializados.

Diante desse cenário, consumidores adotam diferentes estratégias. Joelma Ferreira, dona de cafeteria, explica que não tem como substituir marcas. “O queijo e o chocolate subiram, mas eu não consigo trocar, porque se não comprar aquela marca, dá diferença no produto que eu trabalho. No café também não tem como, eu preciso daquele específico. Quando está caro, eu tenho que aceitar e comprar mesmo assim, pois afeta a qualidade dos meus serviços.”

Outro ponto destacado por André é o uso de aplicativos e sites de comparação de preços, que permitem monitorar ofertas em tempo real e evitar promoções enganosas. Adenira Silva é uma das consumidoras que afirma pesquisar os preços. Em conversas com colegas de trabalho, ela toma conhecimento dos preços, e aproveita as promoções para economizar: “Normalmente, o café é o que mais pesa no bolso. Mas já aconteceu de trocar por uma marca mais barata ou até mudar de mercado. Também já adaptei receitas: se a farinha que eu gosto está cara, levo outra mais em conta e dá certo do mesmo jeito”.

Outra estratégia ideal, segundo o economista, é híbrida: comprar itens não perecíveis em maior quantidade durante promoções, enquanto frutas, verduras e laticínios devem ser adquiridos em menor volume e mais vezes na semana, para garantir frescor e evitar desperdício. Esse é um exemplo do casal Talita Francini e Jonata Andrade. Eles mantém o hábito de fazer uma grande compra mensal, mas sempre sendo necessário voltar ao mercado: “A gente faz uma compra maior no mês, mas sempre falta alguma coisa. Quando está em promoção, a gente aproveita, mas geralmente leva só o que está precisando. O café é o que mais sentimos no bolso, junto do básico: arroz, feijão e óleo, que não tem como deixar de fora”, afirma Talita.

Por fim, o economista afirma que a saída para o consumidor está no planejamento. “Acompanhar de forma recorrente os preços de 10 a 15 itens principais em dois ou três mercados já ajuda a prever o custo médio da cesta, e escolher o ponto de compra mais eficiente”, orienta o economista. Essa prática pode reduzir em até 15% os gastos mensais com alimentação.

André ainda recomenda que as famílias de menor renda busquem alternativas para driblar a alta dos alimentos, como priorizar proteínas mais baratas, optar por marcas próprias e intensificar o preparo caseiro para evitar perdas. “O que o consumidor controla não é a inflação em si, mas a forma como compra. O maior vilão do orçamento é a comida que estraga em casa”, conclui. (Lavínia Carvalho - programa de estágio)