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Abandono

Remoção de árvore em Sorocaba segue sem data

25 de Agosto de 2025 às 22:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Dez meses após vistoria e com corte autorizado, árvore ainda não foi removida
Dez meses após vistoria e com corte autorizado, árvore ainda não foi removida (Crédito: DIVULGAÇÃO)

Em frente à casa do aposentado Francisco Américo, 76 anos, a cena é de abandono: calçada destruída, raízes invadindo a estrutura da residência, rachaduras nas paredes, pisos soltos e portão travado. Nos dias de chuva, o medo aumenta: cabos de energia estalam, o fornecimento é interrompido e fios de telefonia se rompem. O problema tem endereço certo: uma árvore com mais de 35 anos, que deveria ter sido removida meses atrás, mas continua de pé.

Uma espera que se arrasta

O caso começou em 30 de outubro de 2024, quando Francisco protocolou, na Casa do Cidadão, um pedido de providências. A solicitação só foi registrada após questionamento formal feito pelo Cruzeiro do Sul à Prefeitura e à CPFL Piratininga.

Naquele mesmo dia, o prefeito Rodrigo Manga divulgou um vídeo anunciando parceria com a concessionária de energia para poda e remoção de 500 árvores em Sorocaba. Para Francisco, que aguardava uma solução, soava como um alívio. Nove meses depois, a realidade é outra.

Vistoria e confirmação  do risco

Após a abertura do processo, técnicos da Secretaria do Meio Ambiente (Sema) foram ao local. A vistoria confirmou tudo o que Francisco relatava há anos: a árvore comprometia não apenas a calçada, mas também a estrutura da casa e a segurança da vizinhança.

“As raízes já invadiram minha residência. Tenho rachaduras, pisos soltos, entupimento de calhas, além do risco em cada temporal. Já tivemos quedas de energia e cabos rompidos. O problema foi reconhecido pela prefeitura, mas até agora nada foi feito”, diz Francisco.

Além dos danos à própria casa, o aposentado ressalta o impacto coletivo. “Não é só comigo. A árvore derruba folhas e frutos todos os dias, que se espalham pela rua e pela calçada dos vizinhos. O risco é para todos.”

A burocracia do corte

Apesar da vistoria e da constatação oficial, o processo se arrastou. Somente no dia 7 deste mês, Francisco recebeu um documento da Prefeitura que deferiu o pedido de supressão da árvore.

O texto condiciona a remoção à assinatura de um Termo de Compromisso de Recuperação Ambiental (TCRA), instrumento que obriga o morador a compensar o corte com o plantio de espécies nativas. Francisco já cumpriu a exigência e recebeu duas mudas para replantio.

“Já fiz a minha parte. Entreguei as mudas, assinei o termo, cumpri tudo o que pediram. Agora é responsabilidade da prefeitura efetivar o corte e reparar os danos. Mas seguimos esperando”, afirma.

O que diz a Prefeitura

Procurada, a administração municipal informou que o corte de árvores próximas à rede elétrica é realizado em conjunto com a CPFL Piratininga, que define a programação em parceria com a Sema. De acordo com a nota, os cronogramas podem ser alterados “por questões operacionais ou para priorizar emergências”.

A prefeitura destacou ainda que o processo segue os trâmites legais previstos na Lei Municipal nº 8.903/2009 (que regula supressões arbóreas) e que a compensação ambiental é exigida caso a caso, conforme a legislação e o programa “Arborização + Segura”.

Concessionária

Enquanto a prefeitura respondeu, a CPFL não se manifestou sobre o caso até o fechamento desta reportagem.

Risco contínuo

Para Francisco, a demora expõe a distância entre promessas políticas e a realidade do cidadão. “O prefeito anunciou que centenas de árvores seriam retiradas em Sorocaba. A minha já foi reconhecida como perigosa, já foi autorizada para corte. Mas continua aqui, causando estragos. A cada dia de espera, o prejuízo aumenta”, desabafa. (João Frizo - programa de estágio)