Dois postos de combustíveis foram interditados por suspeita de adulteração, e o proprietário foi preso em flagrante durante uma operação conduzida por policiais civis do 3º Distrito Policial, nesta terça-feira (12). A ação contou com a participação da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e do Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem).

As investigações tiveram início após denúncias de que, nos locais, além da comercialização ilegal, havia dispositivos instalados nas bombas para entregar uma quantidade inferior à paga pelos consumidores.

No primeiro posto, localizado na avenida Washington Luiz, no Jardim América, os agentes constataram a presença de metanol na composição do combustível vendido. O produto, de uso industrial, é corrosivo e extremamente tóxico para a saúde humana, sendo proibido para uso em veículos. Ele é mais barato que o etanol.

Com o proprietário, os agentes localizaram uma pistola calibre 9 mm, totalmente municiada e com carregador reserva. O homem não possui autorização para porte de arma. Todas as bombas foram lacradas pela ANP, e o estabelecimento foi interditado.

No segundo posto, situado na avenida Doutor Afonso Vergueiro, na Vila Casanova — também de propriedade do investigado — foi novamente identificada a presença de metanol. Além disso, foi constatado o uso do software “on-off”, um dispositivo eletrônico originalmente desenvolvido para automação residencial, mas que comumente é adaptado para uso irregular em postos de combustíveis. Nesse contexto, o aparelho pode ser instalado no sistema das bombas para controlar, de forma remota ou manual, a mistura do combustível comercializado, permitindo adulterar a proporção entre etanol, gasolina ou outros aditivos, como o metanol, sem que o consumidor perceba. No local, as equipes também localizaram lacres falsificados e um densímetro adulterado.

O proprietário foi encaminhado à sede do 3º DP, onde foi autuado em flagrante por crimes contra a ordem econômica, contra as relações de consumo, estelionato, crime contra a saúde pública e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito. Ele permanece à disposição da Justiça.

Em nota, o Instituto de Pesos e Medidas do Estado de São Paulo (Ipem) informou que o que era, inicialmente, uma fiscalização de rotina se transformou em uma operação, denominada pela própria autarquia como “Olhos de Lince”, devido a irregularidades detectadas nas violações dos lacres das bombas medidoras de combustíveis. Esses lacres dão acesso aos componentes eletrônicos dos instrumentos e, com isso, os responsáveis conseguem acessar o mecanismo interno e alterar a medição do combustível dispensado da bomba para o tanque do veículo.

De acordo com o Ipem, o proprietário dos postos de combustíveis foi multado e, dependendo da análise e de eventual reincidência, a penalização poderá chegar a R$ 1.500.000. A autarquia reforça que munícipes que desejarem denunciar possíveis irregularidades podem entrar em contato com a ouvidoria pelo telefone 0800 013 05 22 ou pelo e-mail [email protected].

O Cruzeiro do Sul entrou em contato com a ANP e com o estabelecimento alvo da operação, mas não obteve retorno até a publicação da reportagem. O espaço segue aberto.