Sorocaba registrou em junho um cenário de estabilidade no mercado de trabalho formal, conforme dados do Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados). O saldo entre admissões e desligamentos resultou na criação líquida de apenas 23 vagas com carteira assinada, após 11.910 contratações e 11.887 demissões ao longo do mês.

Apesar do número modesto no total geral, os resultados setoriais revelam movimentos importantes e contrastantes na economia local. O setor de comércio foi o principal destaque positivo, com 149 postos formais abertos, seguido pela construção (+86) e pela indústria (+84). Na contramão, o setor de serviços, responsável por empregar mais de 107 mil pessoas, registrou a maior retração do mês, com 292 vagas a menos.

Impulso das férias

Para o economista Marcos Canhada, o saldo positivo no comércio pode ser atribuído a uma combinação de fatores sazonais e comportamentais típicos deste período do ano. Ele aponta que junho funciona como um mês de preparação para a alta de demanda esperada em julho, com as férias escolares, o aumento do turismo interno e o início da movimentação para o segundo semestre. “Esse desempenho pode estar relacionado à preparação para atender à demanda gerada pelas férias escolares de julho, que costumam intensificar o movimento em shoppings e centros comerciais”, explica.

Ainda segundo ele, a elevação na procura por viagens, o aumento das vendas de roupas de inverno e o consumo em eventos e festas típicas de meio de ano também ajudam a impulsionar as contratações nesse período. Além disso, o comércio local já estaria se antecipando a datas fortes para o varejo no segundo semestre. “Outro fator importante é a antecipação de treinamentos e capacitação de equipes visando as principais datas comemorativas do segundo semestre, como o Dia dos Pais, o Dia das Crianças e o Natal.”

Marcos Canhada ressalta que esse crescimento gera impactos econômicos imediatos para Sorocaba. Entre os efeitos mais relevantes estão o aumento do poder de compra, o estímulo ao consumo, o fortalecimento do setor produtivo e o crescimento da arrecadação municipal por meio da formalização de vínculos empregatícios. “O saldo positivo de empregos no setor do comércio se configura como um fator estratégico para o fortalecimento da economia local, gerando impactos imediatos e significativos.”

Perda expressiva

Enquanto o comércio avança, o setor de serviços enfrenta uma sequência de retração. Após liderar a geração de empregos formais em maio, com um saldo positivo de 476 vagas, os dados de junho apontam uma queda de 292 postos, o que representa uma diferença de 768 empregos a menos em apenas um mês.

Essa reversão brusca, segundo o economista Marcos Canhada, está ligada a uma série de fatores típicos do inverno e do encerramento do semestre. “Com a chegada do inverno e a queda nas temperaturas, há uma redução na circulação de pessoas, o que impacta diretamente setores que dependem de fluxo constante de consumidores”, observa.

Segmentos como eventos, lazer, turismo, alimentação fora do lar e serviços ao ar livre tendem a sofrer nesse período. A menor demanda resulta diretamente na redução das contratações e, em muitos casos, no desligamento de funcionários temporários ou terceirizados.

Outro ponto destacado pelo economista é o comportamento interno das empresas. “O encerramento do primeiro semestre representa, para muitas empresas, um momento de reavaliação estratégica e revisão de metas financeiras. Nesse contexto, é comum a adoção de uma postura mais cautelosa em relação aos gastos, especialmente com serviços terceirizados ou considerados não essenciais”, justifica.

Essa contenção temporária de despesas contribui para a retração nas contratações durante o período e ajuda a explicar o saldo negativo em junho — mesmo após um desempenho forte no mês anterior.

Mercado de trabalho

A leitura geral dos dados revela que, embora a economia de Sorocaba não tenha dado sinais de retração ampla, também não apresentou crescimento consistente no mercado formal. A criação de apenas 23 vagas no mês indica que a confiança do empresariado local ainda é moderada e que os saldos positivos registrados em alguns setores estão sendo compensados por perdas em outros.

O saldo da indústria (+84) e da construção (+86), por exemplo, sugere algum dinamismo pontual, mas ainda sem força suficiente para gerar um saldo expressivo no conjunto da economia local. Já a agropecuária permaneceu praticamente estável, com leve perda de quatro postos.

Perspectivas

As expectativas para o restante de 2025 giram em torno das principais datas comemorativas do varejo, como o Dia dos Pais (agosto), o Dia das Crianças (outubro), a Black Friday (novembro) e o Natal (dezembro).

Segundo Marcos Canhada, esses períodos tradicionalmente impulsionam contratações em setores como comércio, logística e serviços e podem trazer recuperação para os segmentos que recuaram no fim do primeiro semestre.

João Frizo - Programa de estágio