A descoberta da gravidez, a espera pelo novo membro da família, as expectativas, medos, alegrias e mudanças hormonais fazem da gestação um período marcante e intenso para as mulheres. No entanto, complicações no caminho podem antecipar a chegada do bebê e, nesse momento, outro gesto de amor entra em cena: a doação de leite humano. Mães que amamentam seus filhos passam a ajudar também na recuperação de outros bebês.

No Conjunto Hospitalar de Sorocaba (CHS) funciona uma Maternidade de Alto Risco, que atende gestantes de 48 municípios da região. São casos como diabetes, pré-eclâmpsia, problemas cardíacos, má-formações, doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) e até mesmo gestações gemelares. O local também conta com uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Neonatal para cuidar dos bebês nascidos prematuramente ou com complicações. E, para alimentá-los, há o Banco de Leite Humano.

No Banco de Leite funciona o lactário, setor responsável pela produção da fórmula infantil e distribuição para a pediatria, que direciona aos bebês maiores. Já o Banco de Leite é responsável pela coleta das doações, pasteurização, armazenamento e distribuição do leite para os bebês da UTI. O leite cru tem validade de 15 dias e, após a pasteurização, pode ser utilizado por até seis meses, conforme prescrição médica e orientação dos nutricionistas.

No entanto, neste período de inverno, e consequentemente de dias frios, o número de doadoras está abaixo do ideal. “Tivemos uma queda significativa. Estamos com cerca de 40 doadoras ativas, quando o ideal seria entre 60 e 70”, explica a coordenadora de nutrição e responsável técnica do Banco de Leite, Viviane Antonio Barbosa dos Santos, de 44 anos.

A queda costuma ocorrer não somente em períodos mais frios, mas também durante as férias escolares. “Depende muito da época do ano. Quando as mulheres têm muitas outras atividades, o número de doadoras diminui. Por isso, é fundamental incentivarmos a doação para mantermos os estoques e atendermos todos os bebês internados”, afirma Viviane.

A importância do leite humano é imensa, especialmente para os prematuros. “É um alimento ouro, com todos os nutrientes e vitaminas essenciais para o desenvolvimento e prevenção de várias doenças. Ele contribui diretamente para a recuperação e melhora da saúde dos bebês”, explica.

A mãe Flávia Neves Pereira, cuja filha Júlia Neves nasceu com apenas 24 semanas e está internada na UTI neonatal, reforça o apelo. “Mesmo ordenhando, não consigo produzir tudo o que ela precisa. Então, mamães que podem doar, doem, porque esse gesto salva vidas. As doações são uma esperança. Sou muito grata”, diz.

Para outras mulheres, doar também é motivo de alegria. “Cheguei ao fim de um ciclo, depois de dois anos doando leite. É um sentimento de gratidão, amor e realização, por saber que ajudei tantas crianças e mães”, compartilha a doadora Leidiane Aparecida de Oliveira.

Para ser doadora

Mães que estão amamentando e produzem leite em quantidade excedente podem se tornar doadoras do Banco de Leite do CHS. O primeiro passo é entrar em contato pelos canais disponíveis: WhatsApp (15) 99185-2465, telefone (15) 3332-9405 ou e-mail [email protected].

Após o contato, a equipe agenda uma visita à casa da lactante, para passar orientações, explicar o processo, auxiliar na ordenha e realizar ou solicitar exames, caso necessário. “Se a mãe estiver saudável e dentro dos critérios exigidos, ela já pode começar a doar”, explica Viviane.

O Banco de Leite fornece gratuitamente todo o material necessário para a coleta segura. As doações são recolhidas semanalmente na casa da doadora. E não é preciso encher um frasco. “Com apenas um litro conseguimos alimentar até dez bebês. Mesmo pequenas quantidades fazem diferença, já que alguns bebês precisam de apenas dois a cinco mililitros”, ressalta Viviane.

Além de receber as doações, o Banco de Leite também oferece suporte às mães com dificuldades na amamentação, desconfortos ou dúvidas durante todo o período como doadoras.

Campanha

A partir de hoje (1º), e até o dia 7, ocorre a Semana Mundial da Amamentação, voltada ao incentivo do aleitamento materno. Já o mês como um todo é do “Agosto Dourado”, cujo objetivo é conscientizar sobre a importância do “alimento ouro”, que é o leite materno para os bebês, ao menos até o sexto mês de vida.