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Zoonose

Caso de sarna em animal silvestre alerta para cuidados com os pets

26 de Julho de 2025 às 22:09
Cruzeiro do Sul [email protected]
A sarna causa coceira, inflamação, feridas, crostas e queda de pelo
A sarna causa coceira, inflamação, feridas, crostas e queda de pelo (Crédito: Cortesia)

Na curva empoeirada de uma trilha esquecida, olhos atentos observam o avanço do cimento. Cada árvore a menos é uma página rasgada no manual silencioso da convivência com a fauna. Bicho nenhum pediu para dividir quintal com gente, mas ali estão: tamanduás no asfalto, saguis nos fios, gambás em quintais. A natureza, encurralada, responde como pode. Doenças antes restritas às matas agora rondam varandas e canis, como a sarna sarcóptica, que salta da pele do animal para a pele do humano com a mesma pressa com que o progresso engole a mata. Quando o equilíbrio se rompe, não há grades ou portões que protejam de um aviso que vem coberto de coceira, crostas e urgência.

Apesar de alguns casos isolados, como o noticiado pelo jornal Cruzeiro do Sul no dia 18 de julho, de um cachorro-do-mato, a Secretaria de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil) afirmou, em nota, que não foi observado atualmente um aumento expressivo nos casos em animais silvestres na região. Porém, reafirmou a importância de manter os cuidados para que animais domésticos não sejam infectados.

O que é a sarna?

Entre as doenças de pele que mais afetam humanos e animais, a sarna chama atenção não apenas pelo incômodo que provoca, mas também pelo potencial de transmissão e reincidência. Provocada por ácaros microscópicos, essa condição dermatológica ainda é cercada por mitos e desinformações, o que dificulta a identificação precoce e o tratamento adequado. Entender como ela se manifesta, se espalha e pode ser combatida é essencial tanto para a saúde pública quanto para o bem-estar individual.

A sarna causa coceira, inflamação, feridas, crostas e queda de pelo. Atinge animais domésticos e silvestres, e pode ser transmitida para humanos, sendo considerada uma zoonose. Os principais tipos de sarna são: sarcóptica, demodécica e otodécica. A primeira é a mais preocupante, por ter maior potencial de contágio entre animais e humanos. A demodécica ataca principalmente filhotes e idosos, que possuem menor imunidade; não é contagiosa, mas pode ser grave. A otodécica é mais comum entre os gatos e afeta, principalmente, a região do ouvido.

Jaqueline Elen Brino, dermatóloga veterinária, recomenda que tutores de animais domésticos fiquem atentos aos seus pets, especialmente se eles tiverem contato com áreas verdes por onde transitem animais como tatus, raposas e gambás.

A profissional também explica que medidas básicas ajudam na prevenção, como uso de antipulgas e carrapaticidas, higiene adequada e acompanhamento regular com veterinário, além do uso de medicamentos, tanto tópicos quanto orais. Em alguns casos, é necessário combinar o tratamento antiparasitário com shampoos medicamentosos, antibióticos ou antifúngicos, dependendo das infecções secundárias. O ideal é que o acompanhamento seja individualizado, com médico veterinário.

O vice-presidente da Sociedade Brasileira de Geriatria Veterinária, Celso Soares, ressalta a importância dos cuidados com filhotes e idosos, que são mais vulneráveis: “Tanto pela imunidade quanto pelas condições associadas (como desnutrição, doenças crônicas ou uso de medicamentos imunossupressores). Neles, a sarna pode evoluir com menos sinais clássicos e mais alterações sutis na pele e no comportamento.”

Celso também explica que a identificação correta do tipo de sarna é essencial para um tratamento eficaz, sendo possíveis exames como raspado de pele, citologia de ouvido, avaliação clínica e, em casos mais complexos, exames laboratoriais complementares ù especialmente nos mais velhos.

Os principais sintomas da sarna, que devem ser observados pelos tutores, incluem: coceira intensa e persistente, vermelhidão na pele, feridas causadas pelo ato de se coçar, queda de pelos em áreas específicas e formação de crostas ou espessamento da pele. As lesões costumam surgir primeiro em regiões com menos pelos, como orelhas, focinho, cotovelos e abdômen, podendo se espalhar rapidamente se não houver tratamento. Em casos mais graves, a pele pode apresentar odor forte e sinais de infecção secundária, devido à entrada de bactérias pelas feridas abertas.

O que fazer ?

O atendimento especializado evita que a doença avance ou se espalhe para outros animais e pessoas. A recomendação principal é não manipular o animal silvestre e acionar os órgãos responsáveis.

A Semil recomenda que, em caso de avistamento de animal silvestre contaminado, a população procure o Centro de Controle de Zoonoses de Sorocaba, pelo telefone (15) 3339-9244 ou e-mail [email protected], ou ainda a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, pelo telefone (15) 3219-228

Vernihu Oswaldo