Imunizantes
SUS oferece 30 vacinas de graça para todas as idades
Imunizantes protegem contra várias doenças por isso é importante manter a vacinação em dia
BCG, pentavalente, rotavírus, febre amarela, sarampo, caxumba, influenza, hepatite A e Covid-19. Essas são apenas algumas das 30 vacinas distribuídas gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS), além de 13 soros e quatro imunoglobulinas. Mais do que proteger contra doenças específicas, a imunização contribui para reduzir a disseminação de agentes infecciosos na comunidade. Apesar de estar disponível para várias faixas etárias, a ida aos postos de saúde, sobretudo para reforço de proteção, tem sido baixa em Sorocaba.
A maior parte das vacinas que compõem o Programa Nacional de Imunizações (PNI), em vigor há 52 anos, é direcionada a bebês e crianças. Entre as primeiras doses administradas estão: BCG, hepatite B, pentavalente, rotavírus, poliomielite e pneumo10. No entanto, com o crescimento da criança, algumas vacinas exigem reforço, e é aí que os pais precisam estar atentos. Segundo a supervisora da Central de Vacinas da Secretaria da Saúde (SES) de Sorocaba, Daniela Rodrigues de Camargo, o índice de faltosos na cidade é alto.
“Porque, muitas vezes, essa criança só tem vacinação até os seis meses. Depois de um ano, começa o reforço da meningite, da pneumonia, aí a criança não retorna e se torna faltosa. E o maior índice de faltosos em Sorocaba é referente ao reforço dessas doses iniciais”, explica. A supervisora ainda alerta: “Uma criança bem vacinada na infância, com todas as doses, fica com a imunização completa em relação à vacina que recebeu. Uma dose não significa estar totalmente imunizado, então é preciso finalizar o esquema.”
Todas as pessoas que nascem em solo brasileiro recebem a caderneta de vacinação. E, apesar de o número de faltosos ser elevado, as dos irmãos Lucas e Raí Lopes, de 6 e 3 anos, respectivamente, estão mais completas do que nunca. Vanessa Fernanda Lopes e João Roberto levaram os filhos à Unidade Básica de Saúde (UBS) para tomar a única dose que faltava: a da gripe, disponível para qualquer pessoa acima dos seis meses de idade.
Para a dona de casa de 30 anos, é de suma importância manter a imunidade dos filhos em dia. “Sempre dei todas as vacinas neles, porque sei e acredito que é proteção. Eu falo para eles que a vacina deixa eles fortes e, se está permitido tomar, eu os trago, mesmo que chorem de medo”, comenta. Como já estavam no posto, o casal também aproveitou para se imunizar contra o vírus influenza e receber vacinas indicadas durante a gravidez. “Em casa, vacina é coisa séria”, acrescenta.
Não é só para crianças
Apesar de a maioria das vacinas serem aplicadas na infância, os adultos também precisam se imunizar. Existe o reforço da conhecida “dupla adulto”, contra difteria e tétano, administrada a cada 10 anos. Até os 29 anos, é necessário ter duas doses de sarampo, caxumba e rubéola. A partir dos 30 anos, uma dose é suficiente. No caso da febre amarela, também basta uma dose ao longo da vida.
Já a hepatite B, que tem apresentado aumento de casos nos últimos meses, conforme matéria publicada ontem (23), exige três doses. No entanto, se o paciente já as tomou ao longo da vida e tem registro, não há necessidade de repetir. “Agora, se perdeu a carteirinha ou não consta no sistema, essa pessoa precisa ser revacinada”, explica Daniela.
Outra vacina disponível para os adultos é a da gripe. O que antes era apenas uma campanha passou a integrar o cronograma anual do PNI. “Os adultos também, mesmo que não tenham comorbidade ou não sejam do grupo de risco, devem receber a vacina, porque é uma forma de prevenção não só individual, mas também coletiva”, reforça a supervisora da Central de Vacinas.
Erradicação
Uma alta cobertura vacinal ajuda a erradicar doenças, como ocorreu com a varíola, em 1973, e a poliomielite, em 1994. Outras doenças transmissíveis também deixaram de ser um problema central no Brasil e nas Américas, como a rubéola. O sarampo, que também estava nessa lista, entretanto, tem registrado baixa vacinação, o que gera preocupação com possível retorno.
“As principais vacinas do calendário têm uma meta de 95%, e algumas delas não conseguimos atingir. E isso não ocorre só em Sorocaba, mas em vários municípios do Estado de São Paulo e até mesmo em todo o Brasil. Isso significa que muitas pessoas estão suscetíveis a contrair alguma doença”, esclarece a especialista da SES.
De acordo com dados do DataSUS, desde 2016 o Brasil apresenta queda nos índices de vacinação e, nos últimos cinco anos, a cobertura vacinal total da população brasileira não chega a 70%.
Números recentes da imunização infantil recolocaram o Brasil na lista dos 20 países com menor taxa de vacinação nesse público. A indicação é do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Agora, o País ocupa a 17ª posição no ranking, após ter saído da lista em 2024, quando os números de 2023 indicaram melhora.
O indicador utilizado é a aplicação da primeira dose da vacina contra difteria, tétano e coqueluche (DTP1), considerada um dos principais marcadores de acesso aos serviços de imunização de rotina.
Geladeiras cheias
A Central de Vacinas, assim como as Unidades Básicas de Saúde (UBSs), estão com as geladeiras cheias, e, mesmo assim, a população não procura. “Nós não temos falta de imunobiológicos no município. Às vezes, há uma falta pontual em uma UBS ou outra. Mas as vacinas estão disponíveis, são gratuitas e, especialmente as de Covid, a pandemia nos mostrou que são eficazes”, afirma Daniela de Camargo.
De acordo com a supervisora, a vacina monovalente agora está sendo administrada a cada seis meses para os idosos, já que esse público, junto com crianças e pessoas com comorbidades, é mais suscetível a complicações e ao óbito em caso de doenças.
Números recentes da Secretaria da Saúde (SES) mostram que, nos primeiros sete meses do ano, Sorocaba contabilizou 533 mortes confirmadas e 11 em investigação.