Trânsito
Falta de sinalização viária traz riscos a pedestres e motoristas
Problemas se repetem em bairros nobres e avenidas movimentadas da cidade
Quem circula por bairros como Campolim, Elton Ville, Jardim Paulistano e Jardim Pagliato, em Sorocaba, facilmente nota a precariedade da sinalização viária. Em avenidas de grande circulação, como Antônio Carlos Cômitre, Izoraida Marques Peres e João Wagner Wey, o cenário é semelhante: faixas de pedestres apagadas, lombadas sem pintura visível e placas de trânsito ausentes ou danificadas.
Para quem dirige todos os dias, os problemas já não passam despercebidos — e deixam de ser apenas incômodos estéticos para se tornarem uma preocupação real de segurança. “À noite, a falta das faixas é muito perigosa. A gente não vê onde termina uma faixa e começa a outra. É um risco para todos, especialmente para os pedestres”, relata Eliana Almeida, administradora de empresas de 66 anos e com mais de 40 anos de experiência ao volante.
Ela não apenas percebe os problemas como tenta colaborar. “Mandei mensagem para a Urbes pelo WhatsApp avisando sobre uma placa que tinha sumido. Era uma rua estreita, em curva, e a sinalização que indicava ‘proibido seguir em frente’ simplesmente desapareceu. Não é algo pequeno. E até hoje, nada foi feito”, conta.
Eliana também chama atenção para um problema cultural que, segundo ela, agrava ainda mais a situação. “Os motoristas sorocabanos já não respeitam muito as regras, infelizmente. Quando não há sinalização visível, o comportamento piora. A falta de estrutura reforça o desrespeito. A cidade precisa cuidar disso com mais seriedade.”
Falta tinta ou falta prioridade?
Em vários trechos da cidade, moradores ironizam dizendo que “a tinta acabou”. E a crítica não é infundada: lombadas sem pintura ou com marcas quase invisíveis colocam em risco até mesmo quem respeita os limites de velocidade. A ausência de faixas de pedestres dificulta a travessia com segurança — especialmente para idosos, crianças e pessoas com deficiência.
Outro ponto é a visibilidade das sinalizações em horários de pouca luz. Sem faixas refletivas ou pinturas recentes, motoristas ficam sem referências claras durante a noite e em dias chuvosos.
Nos bairros visitados pelo Cruzeiro do Sul — entre eles Campolim, Jardim Paulistano e Jardim Pagliato — a impressão predominante é de negligência. Mesmo sendo regiões de classe média e alta, com tráfego intenso de veículos, bicicletas e pedestres, a sinalização horizontal está visivelmente desgastada ou, em muitos pontos, completamente ausente.
Em diversas ruas e avenidas, os tradicionais avisos de “Pare” e “Devagar” no asfalto estão tão apagados que mal podem ser identificados, o que compromete diretamente a segurança de quem trafega. As faixas de pedestres, que deveriam garantir uma travessia segura, estão em grande parte desbotadas e ignoradas — muitas vezes por simples falta de visibilidade, especialmente à noite.
As linhas divisórias das pistas, que orientam a circulação dos veículos, também estão apagadas, deixando o traçado das vias confuso. Isso se torna ainda mais problemático em cruzamentos, curvas e vias de mão dupla, onde a ausência de marcações claras aumenta o risco de colisões e disputas de espaço entre condutores.
O que diz a prefeitura?
A Secretaria de Mobilidade (Semob) de Sorocaba, por meio de nota oficial, afirma que tem atuado em três frentes: fiscalização, educação para o trânsito e engenharia de tráfego. Segundo a pasta, o trabalho de revitalização da sinalização viária é permanente e atinge todas as regiões da cidade.
A Semob, no entanto, não respondeu sobre os bairros citados na reportagem.
De acordo com a secretaria, em 2024 já foram executados 146.632 metros quadrados de sinalização de solo — o equivalente a mais de 18 campos de futebol em tamanho oficial — e instaladas 4.491 novas placas de trânsito, inclusive para substituição de itens danificados ou desaparecidos.
A pasta informa ainda que as equipes atuam preferencialmente no período noturno e de madrugada, justamente para evitar interferência no fluxo de veículos. As pinturas incluem demarcações de faixas, ciclovias, lombadas e vagas especiais, bem como adaptações em função de mudanças no sentido das vias ou instalação de novos semáforos.
A Semob destaca que a população pode colaborar com as ações, comunicando locais onde há falhas de sinalização. As denúncias e pedidos de manutenção podem ser feitos por telefone — 118 ou (15) 3519-3101 — site da Urbes (www.urbes.com.br), ou diretamente na sede da Secretaria, no Alto da Boa Vista.
Além disso, a pasta afirma manter campanhas permanentes de educação para o trânsito, com ações voltadas à conscientização de motoristas, motociclistas, ciclistas e pedestres. Em julho, segundo a Semob, estão programadas 42 atividades educativas em diferentes pontos da cidade. (João Frizo - programa de estágio)
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