Com o início das férias escolares, uma das brincadeiras mais tradicionais da infância volta a ganhar protagonismo em Sorocaba: empinar pipa. Coloridas, artesanais ou compradas prontas, elas enfeitam o céu da cidade e resgatam memórias de diferentes gerações. Apesar da leveza da brincadeira, a prática exige cuidados fundamentais para não colocar em risco a segurança de quem participa e nem de quem está por perto.

O uso de cerol e linha chilena continua sendo a principal preocupação das autoridades. Feitas com substâncias cortantes, essas linhas representam sérios riscos, especialmente para motociclistas e ciclistas, que podem ser atingidos enquanto circulam pelas ruas. Além disso, a proximidade com fios de alta tensão pode causar acidentes elétricos graves. Soltar pipas em áreas urbanas, perto da rede elétrica ou em vias com tráfego intenso, aumenta o risco de choques, curtos-circuitos e colisões.

Em Sorocaba, a fiscalização é realizada pela Guarda Civil Municipal (GCM), em conjunto com o Setor de Fiscalização de Posturas da Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento Urbano (Seplan). As equipes apuram denúncias recebidas por meio dos canais oficiais e, sempre que possível, se deslocam até os locais indicados. Segundo dados da GCM, em 2024 foram atendidas 20 ocorrências relacionadas à prática irregular de empinar pipas, resultando na apreensão de 204 pipas e 67 linhas. Em 2025, até o momento, foram quatro atendimentos e cinco linhas recolhidas.

A legislação municipal que regula o tema é a Lei nº 8.471/2008, que proíbe expressamente o uso de linhas cortantes, como cerol e linha chilena. Em caso de flagrante, o infrator está sujeito a multa de R$ 2.377,22. Se houver comercialização do material, o valor da multa dobra e pode levar até à cassação do alvará do estabelecimento. A fiscalização também atua de forma preventiva em parques e espaços públicos, orientando a população sobre os riscos envolvidos.

Além da repressão ao uso de materiais perigosos, o município também aposta em ações educativas para promover uma cultura de segurança. Hoje (18), o CEU das Artes do Laranjeiras irá sediar uma oficina gratuita de confecção de pipas, voltada a crianças, jovens e suas famílias. A proposta é incentivar o uso de materiais adequados e ensinar formas seguras de manter viva essa tradição popular.

Atividade milenar

Empinar pipa é uma atividade milenar. Acredita-se que tenha surgido na China há mais de 2.500 anos, inicialmente com propósitos militares. Com o passar do tempo, a prática se espalhou pelo mundo e se transformou em brincadeira e, no Brasil, ganhou contornos culturais próprios, com competições, técnicas locais e adaptações criativas.

Para que a diversão aconteça com segurança, a GCM recomenda escolher locais amplos e afastados da rede elétrica, não soltar pipas em dias de chuva ou vento forte, e nunca tentar recuperar pipas presas em fios ou postes. Em situações de emergência, o Corpo de Bombeiros pode ser acionado pelo 193. Casos de uso ou venda de materiais proibidos podem ser denunciados à GCM pelo telefone 153, à Polícia Militar pelo 190, pelo canal 156, ou ainda pelo site da prefeitura. A Ouvidoria Geral também recebe mensagens via WhatsApp, pelo número (15) 99129-2426, das 8h às 17h.

Com responsabilidade e atenção às regras, empinar pipa segue sendo uma das formas mais simples e encantadoras de aproveitar as férias colorindo o céu e fortalecendo os laços entre gerações, sem colocar vidas em risco.

(João Frizo - Programa de estágio)