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Tráfico

Consumo de drogas sintéticas avança entre jovens em Sorocaba

Substâncias mais potentes e acessíveis se espalham e já chegam a áreas de baixa renda

17 de Julho de 2025 às 22:09
Beatriz Falcão [email protected]
Ayres: drogas sintéticas ganharam popularidade  nos últimos anos
Ayres: drogas sintéticas ganharam popularidade nos últimos anos (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO)

Entre janeiro e maio deste ano, Sorocaba registrou um aumento de 71% no número de apreensões de drogas sintéticas, em comparação com o mesmo período de 2024. O dado é da Secretaria de Segurança Pública (SSP) do Estado de São Paulo e chama a atenção para uma mudança no cenário municipal. O termo se refere a drogas convencionais, como maconha e cocaína, manipuladas para se tornarem mais potentes.

De acordo com o delegado titular da Divisão Especializada de Investigações Criminais (Deic) de Sorocaba, Rodrigo Ayres, esses tipos de entorpecentes, embora estejam no mercado desde o século passado, começaram a ganhar popularidade há cerca de dois anos. As drogas sintéticas predominam, principalmente, entre os jovens.

“No início, em razão do custo mais elevado em comparação às convencionais, era mais comum entre usuários da classe média e média-alta. No entanto, devido à oferta e demanda, esses entorpecentes feitos em laboratórios estão mais acessíveis e baratos. Inclusive, recentemente, fizemos apreensão em uma área de vulnerabilidade social, de baixa renda”, relata Ayres.

Outro ponto citado pelo delegado é a produção. Por serem alteradas com adições químicas, não há uma fórmula padrão. Dessa forma, o fabricante pode manipular as substâncias e, inclusive, optar por outras mais acessíveis. Essas trocas reduzem não apenas o custo, mas também a qualidade das drogas sintéticas.

“Nesse cenário, entramos em outro ponto de atenção, que é a saúde, porque esses entorpecentes são feitos em laboratórios clandestinos, sem nenhum cuidado higiênico. Portanto, além dos efeitos potencializados, esses entorpecentes são mais nocivos à saúde”, destaca Ayres.

Entre os tipos mais comuns estão as anfetaminas, ecstasy, ice e K9. Também existem os canabinoides sintéticos, como skank ou dry, que possuem uma concentração de THC (substância psicoativa) muito mais elevada do que a maconha convencional, provocando efeitos mais intensos. Segundo os últimos dados do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, essas drogas fazem parte da maior classe de substâncias sintéticas já identificadas, com 353 variações químicas distintas.

E as investigações?

Diante desse novo cenário, as investigações da polícia também se tornam mais específicas. Nesse sentido, o delegado da Deic conta que as equipes estão utilizando tecnologias para aprimorar as buscas, apreensões e desmantelamento de laboratórios clandestinos.

“Por se tratar de uma droga mais sofisticada, nós também precisamos de atividades periciais e laboratoriais mais avançadas. A criminalidade, ainda mais se tratando de consumo e tráfico de drogas, é muito dinâmica. Por isso, procuramos evoluir junto para poder combatê-la”, explica Rodrigo Ayres.