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Tarifaço

Taxação de Trump poderá ter impactos locais

Atualmente, 8,5% dos produtos exportados por Sorocaba têm como destino os Estados Unidos

11 de Julho de 2025 às 21:56
Vanessa Ferranti [email protected]
Indústrias de Sorocaba vendem autopeças e veículos para os norte-americanos
Indústrias de Sorocaba vendem autopeças e veículos para os norte-americanos (Crédito: PEDRO NEGRÃO / ARQUIVO JCS)

A tarifa de 50% sobre as importações de produtos brasileiros pelos Estados Unidos, anunciada pelo presidente Donald Trump, deve impactar a economia de Sorocaba. Isso porque, atualmente, 8,5% dos produtos exportados pelo município são enviados para os Estados Unidos.

Trump, anunciou, na quarta-feira (9), por meio de uma carta enviada ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), uma tarifa de 50% que incide sobre as importações de produtos brasileiros. Segundo Trump, a taxa entrará em vigor no dia 1º de agosto.

De acordo o diretor da regional do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), Erly Domingues de Syllos, a nova tarifa, se realmente for implementada, trará impactos negativos para Sorocaba, pois a cidade tem uma participação forte de exportação aos Estados Unidos, principalmente no setor automotivo, como a venda de automóveis, autopeças, equipamentos da linha de tratores, retroescavadeiras, entre outros produtos.

“Desses 8,5% que Sorocaba exporta, é certeza que, ao longo dos meses, se persistirem esses 50%, as exportações vão cair fortemente. Caindo na exportação, as empresas vão entrar em dificuldade econômica, principalmente aquelas que têm um percentual grande de exportação do seu leque de produtos dentro da fábrica. E, consequentemente, vai gerar problema de desemprego”, acredita.

Syllos destaca que há muitas empresas de origem norte-americana situadas em Sorocaba, além do índice significativo de exportação. Para que essas consequências não ocorram, o diretor regional do Ciesp considera que é importante procurar alternativas.

“Com 50% teremos uma dificuldade imensa de colocar produtos nos Estados Unidos. Praticamente, inviabiliza o povo norte-americano de comprar produtos, se formos pensar no café, no suco de laranja, aeronaves, todos esses produtos. Inviabilizando, eles vão procurar em outros países que têm valor mais atrativo, isso é natural, negócios de empresas. Então, temos que procurar outros caminhos, mas acredito que a relação comercial com os Estados Unidos, são mais de 200 anos, não pode, por ideologias e governos, simplesmente acabar de uma hora para outra”, avalia.

Para o diretor regional do Ciesp, de maneira geral os dois países serão prejudicados, pois o Brasil terá dificuldade para exportar com a alta taxação e os Estados Unidos não devem conseguir desenvolver outros mercados com agilidade.

“Agora é a gente sentar, negociar, verificar o que dá para fazer. Eu acho que as empresas, de um modo geral, também têm que entrar no jogo no nível de negociação, pautar exclusivamente a parte mais técnica, comercial, verificar o que dá para fazer”, enfatiza Syllos.

O economista e delegado do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon), Paulo Ricardo de Oliveira, concorda que com as novas tarifas anunciadas pelo governo norte-americano é esperado um impacto negativo sobre a indústria local, o que pode gerar demissões.

Cautela

Oliveira observa que é preciso cautela quanto à possível taxação, lembrando que Trump já anunciou medidas semelhantes contra outros países, mas voltou atrás em algumas delas. Apesar disso, segundo o economista, algumas empresas brasileiras já estudam alternativas para evitar os efeitos da tarifa. Uma das possibilidades seria exportar mediante a intermediação do Paraguai. (Com colaboração de Vernihu Oswaldo)

 

 

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