Procon
Medicamentos têm diferença de preço de mais de 700%
Mesmo produto pode custar R$ 13 em uma farmácia e R$ 111 em outra
Com preços que podem variar drasticamente de uma farmácia para outra, a pesquisa antes da compra de medicamentos se torna fundamental. Um mesmo produto pode custar R$ 13 em um balcão e R$ 111 em outro, como mostra um levantamento do Procon-SP. Essa diferença não é apenas um detalhe: pode comprometer o orçamento familiar e até influenciar no tratamento médico.
A maior variação de preços foi observada entre os medicamentos genéricos, com alguns itens atingindo mais de 700% de variação. Entre os de referência, as maiores variações foram de 33%, aproximadamente. Na média, comprar um medicamento genérico pode ser 96% mais caro, a depender da farmácia; a média para os de referência é de 25%.
O Procon-SP realizou a pesquisa sobre os preços de diversos medicamentos em drogarias da cidade. Foram pesquisados 55 itens, sendo 24 de referência e 31 genéricos. Foram consultados os preços em sete drogarias. E foi considerado o preço com maior desconto ao cliente comum, ou seja, clientes que não possuem nenhum desconto especial, como por cadastros, planos de saúde etc. O órgão aconselha o consumidor a consultar a lista de Preços Máximos (PMC) dos medicamentos, que é pública e pode ser acessada no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).
Os valores dos medicamentos variam, inclusive, entre drogarias da mesma rede, o que reforça a necessidade de uma pesquisa completa.
Um farmacêutico, que preferiu não se identificar, afirmou que, no geral, as pessoas fazem pesquisas, mas quando possuem uma farmácia mais próxima ou que oferece vantagens como possibilidade de parcelamento, acabam optando pela facilidade.
Genéricos
Entre os medicamentos genéricos, o que teve a maior variação foi a Tadalafila (disfunção erétil) de 5 mg, com 30 comprimidos: em uma drogaria foi encontrada por R$ 13,45, enquanto em outra unidade o preço foi de R$ 111,41.
Em seguida, aparece a Loratadina 10 mg (antialérgico), que foi encontrada por R$ 21,54 e por R$ 4,49; e a Glibenclamida 5 mg (indicada para alguns casos de diabetes), com preços de R$ 15,10 e de R$ 3,24.
Hábitos de compra e referência
Entre os medicamentos de referência, a variação foi menor. O Puran T4 25 mcg (suplemento hormonal, normalmente indicado para o hipotireoidismo) foi o medicamento com maior variação, tendo sido encontrado por R$ 18,33 e por R$ 13,80, com uma variação de 33,62%.
O Synthroid (também usado no tratamento do hipotireoidismo) apresentou variação de 33,54%; e o Rivotril (utilizado para tratar convulsões, transtornos de ansiedade, entre outros) apresentou variação de 33,36%.
O comportamento de compra também varia conforme a faixa etária, como explica Pamela Rodrigues, que trabalha na administração de uma farmácia. Segundo ela, as pessoas têm o hábito de fazer pesquisas, principalmente de forma presencial, especialmente os idosos. Ela ainda afirmou que, no geral, a maior parte das pessoas confia nos genéricos, e escolhe o medicamento que tem o preço mais baixo.
Um consumidor, que preferiu não se identificar, afirmou que compra medicamentos de uso contínuo, especialmente para problemas na tireoide, além de outros medicamentos de uso recorrente, como analgésicos, por exemplo.
Do ponto de vista técnico, a farmacêutica Kate Teixeira esclarece quanto à eficácia dos medicamentos: não há diferenças entre os genéricos e os de referência, nem entre os diversos laboratórios que utilizam o mesmo princípio ativo. (Vernihu Oswaldo)