As santas casas de Sorocaba, Itu e Itapeva e o hospital Santa Lucinda foram apontados durante a reunião, no último dia 3, entre o Ministério Público e o Departamento Regional de Saúde (DRS) de Sorocaba para tratar das filas de cirurgia de coluna e neuro-coluna no Hospital Regional Adib Jatene, sob gestão do Estado. O representante do DRS se queixou da não participação de tais unidades de saúde no encontro, pois entende que elas poderiam “fazer mais” para resolver o problema. As direções desses hospitais rebatem a declaração.

Segundo a Promotoria de Justiça e Direitos Sociais, que investiga as inconsistências no número de cirurgias feitas em relação à demanda, o DRS entende que os hospitais dos municípios não estão fazendo os procedimentos em número suficiente e que isso está sobrecarregando a rede estadual.

“O Estado tem condições de ampliar o número de cirurgias no curto prazo e a reabertura dos leitos (no Adib Jatene) é um indicativo disso”, explica o promotor Thiago Henriques Bernini Ramos ao Cruzeiro do Sul. “Os hospitais municipais, muitos deles, não estão nem com capacidade operacional para fazer esse tipo de cirurgia. Então, de fato, isso tem que ser cobrado deles, mas é algo que não é de curto prazo, é algo que a gente tem que trabalhar mais a longo prazo”, considera.

O promotor disse que o DRS já tinha apontado em outra oportunidade a deficiência nas redes municipais, que acaba sobrecarregando o Estado. Diante disso, o MP deve entrar em contato com os citados hospitais para prestar esclarecimentos.

O DRS é formado por 48 municípios e o hospital Adib Jatene é referência para diversos procedimentos. O encaminhamento para a fila estadual parte dos municípios. A reportagem questionou o DRS sobre o motivo de ter citado apenas os cinco hospitais. Em nota, o departamento explicou que tais estabelecimentos de saúde são de alta complexidade, assim como “também estão aptos a realizar procedimentos de neuro-coluna”.

O que dizem os hospitais

A Santa Casa de Sorocaba reiterou a sua disposição em ampliar o atendimento em neurocirurgia e demais procedimentos, desde que haja um aumento proporcional no custeio por parte dos governos federal e estadual. O hospital apontou que recebe, mensalmente, para a especialidade citada, o valor de R$ 44.850, sendo R$ 25.766 provenientes do governo federal e R$ 19.084 do governo estadual.

Da mesma maneira, o hospital Santa Lucinda reafirmou, em nota, seu compromisso permanente em atender à população dentro da sua capacidade técnica e operacional, seguindo os protocolos e pactuações estabelecidos com o Sistema Único de Saúde (SUS).

A Santa Casa de Itu, por sua vez, disse que toda demanda encaminhada e regulada pelo Sistema Cross do Governo de São Paulo é acolhida pela unidade.

O Cruzeiro do Sul também procurou a Santa Casa de Itapeva para comentar o assunto, mas não obteve retorno até o início da noite de ontem.