Em carta endereçada a cada um dos vereadores, a Pastoral Social Fé e Política de Sorocaba pede que os parlamentares cumpram a função de legisladores e abram uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar as denúncias de supostos desvios de verba da área de saúde do município e atos de corrupção que culminaram em uma operação da Polícia Federal. O documento, entregue na segunda-feira (30), ainda faz uma súplica em nome dos pobres destacando que eles “são os mais afetados pela falta de fiscalização, pois são os que mais precisam do atendimento de saúde pública da cidade”.

Coube ao vice-presidente da Pastoral, Carlos Leite, percorrer os 25 gabinetes para entregar a carta, ao lado de João Batista. “Entendemos que a apuração transparente dos fatos é um dever das instituições democráticas e um direito da população, sobretudo das camadas mais vulneráveis, que são as principais prejudicadas pela má gestão e corrupção nos serviços públicos essenciais, como a saúde”, comenta Leite.

Ele explica que a iniciativa tem como objetivo sensibilizar e demonstrar que o grupo está insatisfeito com a situação. Ainda conforme Carlos Leite, alguns vereadores — para justificarem o fato de não terem assinado a CPI — alegam que o Ministério Público Federal (MPF) já realiza as investigações. No entanto, o vice-presidente da Pastoral ressalta que é papel dos vereadores ouvir os munícipes e agir. “Que nossos representantes eleitos se comprometam com a verdade, a justiça e a responsabilidade que seus cargos exigem.”

Outros casos

A Pastoral Social Fé e Política já havia se posicionado em mais casos de denúncias envolvendo a Prefeitura de Sorocaba. Em 9 de outubro de 2023, por exemplo, o grupo protocolou uma representação, junto ao MPF, pedindo investigação sobre a compra de um prédio que, supostamente, teria sido superfaturado. Na mesma ação, também foi solicitada investigação sobre outro suposto caso de superfaturamento: a compra de kits de robótica.

Além de a Pastoral Social Fé e Política, muitas pessoas têm demonstrado insatisfação com a posição contrária da maioria dos vereadores de instaurarem a CPI da Saúde. Prova disso é que, na sessão legislativa realizada na terça-feira (1º), munícipes estiveram na Câmara cobrando posicionamento dos parlamentares.

(Vernihu Oswaldo)

O que diz a carta?

Nós, cristãos desta cidade, membros da Pastoral Social Fé e Política, comprometidos com o ensino de Jesus “caminho, verdade e vida”, vimos respeitosamente nos dirigir à V.S. para lembrar que uma das prerrogativas do mandato Legislativo é Fiscalizar as ações do poder Executivo (Prefeito).
Temos acompanhado as notícias, via imprensa local, Regional e Nacional, Denúncias, Ações da Policia Federal, MPF, e outros órgãos de que possíveis atos de corrupção estão acontecendo, em nossa cidade.
A Câmara Municipal é um Poder Fiscalizador, e estamos preocupados por não estar exercendo a sua função e ainda votando contra projetos que facilitam a transparência, na Saúde.
Os maiores prejudicados são os pobres, principalmente aqueles que mais precisam do atendimento da Saúde na Cidade.
Em nome deles, apelamos por uma ação ‘URGENTE’ de criar uma comissão suprapartidária, para esclarecer os fatos em questão.
Em Jesus.
Pastoral Social Fé e Política da Arquidiocese de Sorocaba.

Incentivo à participação política

A Pastoral Fé e Política é uma iniciativa da Igreja Católica que promove o diálogo entre a fé cristã e a política. Seu objetivo é orientar os fiéis a participarem da vida pública, com base nos princípios do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja.

A pastoral busca formar cristãos conscientes de seu papel na sociedade, incentivando a atuação cidadã por meio de encontros, formações, debates e campanhas. Também oferece orientação para decisões políticas à luz da fé, especialmente em períodos eleitorais.

Além disso, acompanha cristãos que exercem funções públicas, com o propósito de ajudá-los a integrar fé e prática política. A atuação da pastoral reforça o compromisso da Igreja com a participação ativa dos fiéis na transformação da sociedade. (Da Redação)