Fé e tradição
Celebração a Santo Antônio é marcada por fé e tradição
Entre medalhas, orações e histórias, a esperança se renova a cada 13 de junho

Celebrado com festas, missas e tradições populares, o Dia de Santo Antônio, comemorado em 13 de junho, vai muito além da fama de “santo casamenteiro”. Nascido em 1195, em Lisboa, e falecido em 1231, em Pádua (Itália), sua popularidade teve início ainda na Idade Média e permanece viva até os dias de hoje.
Para Frei José Raimundo, Santo Antônio “olhou para as pessoas, para suas dificuldades, especialmente os pobres”. A devoção cresceu por esse caráter solidário. A tradição do “Pão de Santo Antônio”, por exemplo, surgiu do costume de pessoas baterem às portas dos conventos franciscanos pedindo pão.
O frei explica que 13 de junho marca a morte do santo, vista como o nascimento para a eternidade: “É quando ele nasceu para Deus. Embora seja lembrado como padroeiro dos casamentos, esse título veio depois. Santo Antônio não organizava casamentos, mas ajudava jovens pobres a conseguir o dote necessário, comum na época. Ele dava um jeito para que moças pobres pudessem se casar, o que reforçou essa fama”, esclarece o frei.
Uma das tradições mais queridas é o bolo de Santo Antônio, com pequenas medalhas escondidas. Quem encontra uma pode fazer um pedido. Embora o casamento seja o desejo mais comum, muitos pedem saúde, trabalho ou reconciliação.
“O bolo representa a festa, a partilha e a esperança. Como em todo aniversário, aqui também há um desejo embutido na fé e na tradição”, completa Frei José.
Jaqueline Rocha Sebrian, de 35 anos, é voluntária há seis na distribuição do bolo. Catequista há 12 anos, ela guarda com carinho as medalhas que encontrou ao longo do tempo. “Pego a medalhinha sempre, tenho uma coleção”, conta.
Em um ano difícil, durante uma separação, decidiu não comer o bolo. “Mas, ao chegar em casa, fui limpar o sapato e tinha uma medalha na sola. Minha mãe disse: ‘Tá vendo? Você pode fugir, mas ele te acha’.”
A devoção vai além dos relacionamentos. No ano passado, Jaqueline passou por uma entrevista de emprego no mesmo dia da festa. “Entreguei o bolo, corri para a entrevista e fui contratada.”
Ela conta que todo ano faz seus pedidos, seja por trabalho, pela família ou, neste ano, pela saúde da filha. “Sempre peço saúde. O resto a gente corre atrás”, diz.
Quem também encontrou uma medalhinha em 2024 foi Alice da Silva Ramos, 14 anos. “Fazia muito tempo que eu queria achar uma”, contou, com a medalha no pescoço. Este ano, ela pretende fazer seu primeiro pedido: “Quero melhorar meu ombro e meu pé, que estão ruins.”
A festa de Santo Antônio é, para muitos, um espaço de fé viva, onde tradições se misturam com histórias pessoais e esperança. Seja por saúde, trabalho, família ou amor, o que une todos é a fé, e o pedaço de bolo pode ser só o começo.
Santo Antônio é, acima de tudo, um exemplo de cuidado com os mais necessitados, inspirando fé, generosidade e acolhimento. No dia dedicado a ele, seja na oração, na partilha do pão ou na fila do bolo, os fiéis acreditam na intercessão de um santo que segue presente.
Fé e tradição
Missas e a venda do tradicional bolo atraíram muitos devotos à Paróquia Santo Antônio, no bairro Árvore Grande, em Sorocaba, já nas primeiras horas desta sexta-feira (13), apesar do frio. Foram preparados 85 bolos, totalizando 20 mil pedaços e 4 mil medalhas para distribuir aos fiéis. A programação incluiu seis missas: a primeira às 7h, seguida por outras cinco nos horários das 10h, 12h, 15h, 17h e 19h, todas com a tradicional bênção dos pães. Cada pedaço de bolo foi vendido por R$ 8. (Lavínia Carvalho - programa de estágio)