Moradores do bairro Genebra, zona leste de Sorocaba, na região de Brigadeiro Tobias, protocolaram na Câmara Municipal um documento solicitando a municipalização do trecho da Rodovia Raposo Tavares entre os quilômetros 84 e 88. A proposta, recebida na terça-feira (3), tem como objetivo retirar esse trecho da gestão estadual e transferi-lo para o controle da Prefeitura, eliminando a possibilidade de implantação de pedágios urbanos na região, tema que tem gerado forte mobilização popular.

No protocolo entregue, os moradores anexaram uma lista de reivindicações relacionadas à infraestrutura local e reforçaram o pedido para que a Câmara interceda junto ao governo estadual, visando viabilizar um acordo de municipalização com o Executivo municipal. A iniciativa faz parte do movimento organizado pela Frente Parlamentar e Popular “Novos Pedágios Não”, que busca evitar a instalação de novas praças de pedágio nas entradas de Sorocaba. O presidente da Câmara, vereador Luís Santos (Republicanos), bem como todos os parlamentares, receberam o documento.

A assessoria do presidente informou que o abaixo-assinado já foi encaminhado ao departamento jurídico da Câmara para análise. O vereador é autor da Lei nº 13.207/25, que municipalizou trechos de rodovias na zona urbana de Sorocaba, e “entende como prejudicial para a vida dos moradores e para a economia da região a implantação dos pedágios free-flow nesses trechos”, diz a nota.

O presidente do Legislativo sorocabano também afirmou que organizou um encontro, previsto para 10 de junho (próxima terça-feira), com os presidentes das Câmaras Municipais das cidades da Região Metropolitana de Sorocaba, incentivando a ideia da municipalização de trechos de rodovias em condições semelhantes.

Bairro com dificuldades

O médico Eduardo Floresta, morador do bairro Genebra desde 1988, afirma: “Esse bairro precisa de ajuda. É de 1967, são 58 anos de abandono. Nós ficamos no extremo leste da cidade, portal do Tropeirismo, um bairro histórico. E, particularmente, o Genebra tem muitas nascentes, é um bairro verde, com muita mata ainda de área de preservação permanente, matas nativas, inúmeros córregos. Então, com certeza, é o melhor bairro da cidade, mas que enfrenta muita dificuldade por falta de estrutura, de tudo, né?”

Ele completa: “Esse pedágio fere diretamente o nosso direito de ir e vir, porque não temos saída dentro do bairro, nem marginais, e temos a certeza de que o Executivo, o Poder Municipal, devem intervir diretamente junto à CCR para a eliminação desse pedágio. Não é só a manifestação dos moradores, políticos, deputados. Precisa que o senhor prefeito aja diretamente junto à CCR e ao governo do Estado para eliminar esse pedágio”.

Viviane Munhoz, outra moradora do bairro e mãe de duas crianças autistas, já prevê as dificuldades que enfrentará: “Pra eu levar meu filho à escola, para ele ir às terapias, para minha filha também ir às terapias dela... Tenho um menino pequeno que vai fazer dois anos, e ele precisa ir mensalmente ao posto de saúde. Todas essas questões de saúde e educação, por exemplo, a gente não conseguiria mais acessar sem passar pelos pórticos. Até para coisas do comércio que não se encontra aqui no nosso bairro, né? Temos algumas mercearias, mas não temos drogaria. Então, se a gente tiver que comprar um remédio, ou ir ao posto buscar, também teria que pagar pedágio”.

A CCR Sorocaba afirmou que não vai se posicionar, pois quem define tudo a respeito das rodovias é o governo estadual. Já a Secretaria de Parcerias em Investimentos (SPI) de São Paulo não havia se pronunciado até o fechamento desta reportagem.