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Taxistas resistem, apesar do avanço de apps

Há 332 alvarás ativos em Sorocaba. Profissionais relatam vantagens e atendimento diferenciado ao cliente

05 de Junho de 2025 às 23:00
Thaís Verderamis [email protected]
São 47 pontos fixos e 15 livres na cidade; taxistas denunciam veículos clandestinos
São 47 pontos fixos e 15 livres na cidade; taxistas denunciam veículos clandestinos (Crédito: DANIEL GOUVEIA (4/6/2025))

A tecnologia, cada vez mais na palma da mão e rápida, traz agilidade para execução de serviços no dia a dia. Mas, nem sempre foi assim. Um dos meios de transporte bastante utilizado antigamente e que resiste ao tempo é o táxi, apesar do avanço do uso de aplicativos como Uber e 99.

Os táxis também tiveram inovações, como o “rádio-táxi”, que funcionava por meio da comunicação das centrais com os carros, feita por intermédio do rádio, passando a localização do cliente e melhores rotas. Com o passar dos anos, passaram a utilizar um dispositivo chamado GPRS, um aparelho similar ao GPS, mas antes ainda dos conhecidos smartphones e da tecnologia atual. Posteriormente, com a ascensão dos celulares e dos dados móveis, novas invenções foram surgindo.

Os carros por aplicativo viraram febre no Brasil, a partir de 2014. Alguns cliques e um veículo aparece no local solicitado, com as informações de tempo de espera, valor da viagem, placa do carro, nome do motorista, por um preço razoável. E mais: motoristas habilitados podem se cadastrar facilmente na plataforma.

De repente, o número de motoristas por aplicativo subiu muito. O que a nova modalidade causou para a categoria dos taxistas? O fundador da cooperativa Sorotaxi, Silvio Benedito de Souza, de 52 anos, conta que com a chegada dos aplicativos, houve uma estimativa de perda, mas que não foi real com o que de fato aconteceu. “A gente fez uma projeção de perder 30% do mercado (quando os apps iniciaram as operações no Brasil), mas com dois meses já atingiu e ultrapassou”, explicou.

Para Souza, as adversidades levam à criatividade. “Em algum momento achamos até que seria inviável continuar. Quando veio a pandemia, que trouxe uma dificuldade para todo mundo, nós tivemos a ideia de terceirizar o nosso call center para uma empresa de táxis em São Paulo. Foi o que nos deu um fôlego por um tempo, mas os clientes percebiam o sotaque, não deu certo. Hoje, o que nos ajuda muito também é o atendimento corporativo, que são as empresas que têm o serviço de fretamento, mas em alguns horários específicos, como de horas extras, idas ao aeroporto, precisam do serviço de táxi. Atualmente, 60% do nosso atendimento é corporativo.”

A cooperativa Sorotaxi também migrou para as plataformas digitais: site e aplicativo, que funciona da mesma forma dos outros. A única diferença é o pagamento, que é feito diretamente ao taxista. Mesmo com as dificuldades, a empresa fundada no dia 16 de abril de 2007, há 18 anos, continua se mantendo e atualmente tem aproximadamente 100 motoristas e 95 carros.

Pontos

Para ser um taxista, é necessário um alvará emitido pela Prefeitura de Sorocaba, por meio da Urbes Trânsito e Transportes. Na cidade, há 332 alvarás ativos. Os taxistas podem atuar como autônomos, nos 47 pontos fixos e 15 pontos livres, espalhados pela cidade, ou podem também trabalhar para cooperativas, como a Sorotaxi.

Segundo o taxista Severino do Ramo Rocha da Silva, de 61 anos, autônomo na profissão há 37 e prestador de serviço para a empresa Use Táxi São Paulo, o movimento sofreu queda após a chegada dos aplicativos. “Caiu muito o movimento, aproximadamente uns 60%, principalmente no começo, depois estabilizou, mas no início foi muito difícil”, observa.

O que não mudou foi a forma de atender os passageiros, que é diferenciada, segundo Silva. “Taxista é um trabalho diferenciado, nós estamos sempre bem vestidos, com o carro limpo, descemos para recepcionar o cliente, abrir o porta-malas se necessário, levamos até três, quatro pessoas”, explica.

O taxista Tadeu Ferraz, de 62 anos e na área há 22, considera que o trabalho oferece segurança. “Nós somos legalizados. A prefeitura determina as condições do carro e tudo o mais.” Severino Januário da Silva, de 64 anos e taxista há 42, segue a mesma linha de pensamento. “Quando você pega um táxi, você sabe que ele tem cadastro na prefeitura. Qualquer coisa errada, se você ligar na prefeitura, eles sabem meu endereço, sabem tudo. Eu tenho um alvará que eu posso perder”, conta.

Clandestinos

De acordo com profissionais que preferiram não serem identificados, o problema em Sorocaba atualmente são os carros clandestinos, cujos motoristas atendem nos pontos de táxi sem ter alvará ou. até mesmo, sem fazer parte de aplicativos de viagens. De acordo com os profissionais, alguns motoristas até foram expulsos das plataformas e atuam por fora. Segundo eles, a prefeitura já foi notificada a respeito da situação e nada foi feito. Os profissionais se sentem acuados e a partir de certo horário, ao anoitecer, deixam o ponto para evitar brigas, pois já sofreram ameaças.

A Prefeitura de Sorocaba, afirmou em nota, que “a Urbes realiza, constantemente, operações de fiscalização para inibir e combater o transporte remunerado irregular de passageiros no município.”

A Urbes possui canais para essas e outras denúncias, por meio do telefone (15) 3519-3101 ou WhatsApp (15) 99760-9621, Ouvidoria no site www.urbes.com.br ou diretamente na sede do órgão, que fica na rua Chile, 401, bairro Barcelona.