A geração de empregos em Sorocaba cresceu 176% em abril, em comparação com o mesmo mês de 2024, e 46,6% em relação a março deste ano, segundo dados do Novo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). No mês passado, foram criados 2.038 postos de trabalho. Em abril de 2024, haviam sido registradas 738 oportunidades, e em março deste ano, 1.390. Nos primeiros quatro meses de 2025, Sorocaba contabiliza 6.907 novas carteiras assinadas.

Em abril, o setor que mais se destacou foi o de serviços, com 947 novos postos, seguido pela indústria (628) e pela construção civil (273). O comércio aparece na penúltima colocação, com 183 novas vagas, e, na sequência, a agricultura, que teve saldo positivo de apenas sete oportunidades.

Segundo o economista Paulo Ricardo de Oliveira, delegado do Conselho Regional de Economia (Corecon) na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), trata-se de uma tendência que acompanha os resultados do Estado e do País. São Paulo teve saldo positivo de 72.283 novas vagas, enquanto o Brasil criou 257.528 postos de trabalho.

Para o especialista, no âmbito local, o setor de serviços pode ter sido impulsionado, entre outros fatores, pelo aumento do cuidado com a saúde e pela busca por melhor qualidade de vida. “Há uma preocupação das pessoas, principalmente com a saúde, estética, academia, que também entram na prestação de serviços. Vários restaurantes, cafés... As pessoas estão olhando mais para o corpo, para a saúde, para a longevidade. Há uma atenção maior ao bem-estar pessoal, à família, à empresa. Acredito muito nessa influência da qualidade de vida”, destacou Oliveira.

Outro ponto de destaque é a área de serviços voltada à construção civil. “Em Sorocaba e região, está ocorrendo um ’boom’ nesse segmento, principalmente em razão do crescimento do setor imobiliário”, acrescentou o economista.

Indústria

A indústria também teve destaque positivo em abril, com 628 novas vagas. Em março deste ano, o setor havia ficado na última colocação, com saldo negativo após perder 53 postos de trabalho.

Erly Domingues de Syllos, diretor da regional Sorocaba do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp), traz um panorama do setor no último ano. Em 2024, o saldo da indústria foi positivo em 2.128 vagas. No ano passado, houve um crescimento de 6,6% nas exportações, em comparação a 2023. Em janeiro e fevereiro de 2025, os números também foram positivos. Já em março, ocorreu uma queda.

Conforme Syllos, no mês de março, as linhas do setor financeiro e a economia, de modo geral, caíram no segmento de autopeças ù o que influenciou a empregabilidade em Sorocaba ù que é um dos polos mais fortes no ramo. Há também fatores que contribuem para essas instabilidades, como os tarifaços do mercado internacional.

“Acabamos tendo no mês de março um índice um pouco abaixo do que nós imaginávamos, negativo inclusive. E de novo, a coisa vai se acomodando, ou seja, a tarifação no Brasil não é tanto, é 10%, comparando com a da Europa, com a China que chegou até 125%, e agora está se acomodando também, mas tudo isso aí na realidade que ocorre com o mercado internacional, com o próprio Estados Unidos, China, Europa, acaba de um modo geral afetando a economia do Brasil, e de Sorocaba também.”

Para o futuro, de acordo com Erly, as expectativas são boas para o município, pois há várias empresas com investimentos declarados que pretendem ampliar as operações. No entanto, é importante ficar atento à economia do Brasil e do mundo.

“Estamos vivendo outra turbulência, desta vez com o IOF, que afeta a economia como um todo. Ao aumentar a carga tributária, somada à alta da Selic, hoje em 14,75%, o custo do crédito sobe ainda mais, chegando a 30%, 40% ou até 400% nos cartões de crédito. Isso trava o investimento das empresas, porque ela vai buscar um dinheiro no mercado e o dinheiro está caro para ela buscar, ela acaba fazendo um empréstimo no banco, ou no BNDES, ou em outro segmento, para ampliar, comprar novas máquinas e comprando novas máquinas você amplia também o quadro de funcionários, então tem ainda bastante incertezas.”