Inclusão
Projeto ‘Cidade dos Autistas’ tem início
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é diagnosticado por uma equipe multidisciplinar, formada por neuropsicopedagogos, fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais (TEO). O diagnóstico representa apenas o começo, por isso se faz necessário um local especializado, para oferecer acolhimento, espaço preparado e principalmente desenvolvimento, aprendizado e inclusão.
O projeto “Cidade dos Autistas” foi planejado em 2024, pela Secretaria da Inclusão e do Transtorno no Espectro Autista (Sintea). Segundo a Prefeitura de Sorocaba, “a expectativa é promover inclusão social, acessibilidade, autonomia e qualidade de vida para as famílias de pessoas com TEA, além de promover políticas públicas e fortalecer parcerias com outras secretarias e órgãos municipais”, explica. O prazo para entrega não foi divulgado.
A construção será feita na área do Jardim Botânico Irmãos Villas Bôas, localizado no Jardim Iguatemi. O espaço terá um parque sensorial para acolher as famílias e as pessoas com TEA. Segundo a Prefeitura de Sorocaba, “no momento, o foco é realizar diagnósticos e encaminhar os casos para as terapias, por meio de parcerias com as instituições conveniadas à prefeitura, junto a Secretaria da Saúde (SES)”.
O psicólogo de acolhimento familiar da Associação de Socorro Imediato a Pessoas com Câncer e Autismo (Asipeca), Jeferson de Lima Soares, acredita que um espaço voltado para os autistas é necessário. “A importância da inclusão da criança, adolescente, adulto autista nos ambientes é a promoção da participação social. Eu tenho um cidadão, ele tem direito de ocupar os espaços. A redução do estresse, da ansiedade destes cidadãos, facilita a autonomia e a independência em espaços acessíveis. E ainda, o aumento da conscientização e da aceitação da sociedade”, diz o psicólogo.
Quando o assunto é a inclusão, profissionais voltados à área são mais do que abertos, segundo o diretor pedagógico da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sorocaba, Junior Terra. “Nós somos entusiastas da inclusão. Espaços (como esse) são importantes porque o número é muito alto, cada vez mais pessoas recebem o diagnóstico e é muito bom que tenhamos espaços para compartilhar, para se entender enquanto comunidade.”
Diagnóstico, laudo e futuro
Os autistas podem apresentar hipersensibilidades táteis, visuais, auditivas, seletividade alimentar, dificuldade com lugares cheios, muito iluminados, com muito barulho. Segundo o psicólogo Jeferson, o TEA é algo sério, é necessário profissionais que façam a avaliação, diagnóstico, mas também o acompanhamento, não simplesmente entregar um laudo. “Já recebemos pacientes que foram diagnosticados on-line em consulta única, às 10h de um domingo”, conta.
Segundo o terapeuta ocupacional voltado para integração sensorial da Asipeca, Walter Ferraz Junior, “tem uma dificuldade muito grande em diagnosticar essas crianças, então muitas vezes acabam diagnosticando de maneira errada”.
Os profissionais enfatizam também a necessidade do preparo de toda a comunidade, para que haja escolas inclusivas, empresas inclusivas e todos os ambientes preparados para receber as pessoas com espectros neurodivergentes.
Instituições
Atualmente, Sorocaba conta com uma grande demanda de crianças aguardando diagnóstico e também vagas nas instituições para iniciar o tratamento. A Asipeca conta atualmente com 100 crianças em atendimento, e futuramente contará com 300 crianças, divididas em três unidades, no Parque Laranjeiras, Jardim Vergueiro e Jardim América. A distribuição de vagas para esta instituição é feita por meio de encaminhamento da SES.
A cidade também conta com a Apae, que há dois anos, por meio de um convênio com o município, abriu as portas para o público com TEA. A instituição possui 100 vagas e 52 alunos matriculados. As vagas são disponibilizadas por encaminhamento das escolas ou de portas abertas, a família pode procurar o atendimento, e é feita uma avaliação. (Thaís Verderamis)