Buscar no Cruzeiro

Buscar

Atendimentos

Em 4 meses, Conselho Tutelar recebe 161 denúncias de violência sexual infantil

Maioria das vítimas é de meninas entre 6 e 11 anos e abusos ocorrem, muitas vezes, no ambiente familiar

15 de Maio de 2025 às 22:22
Vanessa Ferranti [email protected]
Conselheiros tutelares receberam 1.025 denúncias de violência em geral entre janeiro e abril
Conselheiros tutelares receberam 1.025 denúncias de violência em geral entre janeiro e abril (Crédito: EMIDIO MARQUES / ARQUIVO JCS)

Sorocaba registrou 1.025 denúncias de violência contra crianças e adolescentes em quatro meses. Os dados são da Secretaria da Cidadania (Secid), que atua em parceria com o Conselho Tutelar. Desse total, 161 encaminhamentos estão relacionados a comunicados sobre abuso sexual, confirmados ou que seguem em investigação.

Em 2024 foram realizados 975 atendimentos de escuta especializada no município, sendo 472 com crianças vítimas de violência sexual. Até o dia 15 de maio, mais de 407 atendimentos já haviam sido feitos, 161 deles por suspeita de abuso. A maioria das vítimas são meninas com idades entre 6 e 11 anos.

Para conscientizar a população sobre a importância das denúncias, o dia 18 de maio foi instituído como o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil. A campanha Maio Laranja faz alusão à data. Segundo o site oficial da campanha, o objetivo é incentivar o diálogo e ampliar a visibilidade do enfrentamento à violência sexual contra crianças e adolescentes no Brasil.

Em Sorocaba, o Conselho Tutelar e a Secretaria da Cidadania realizam ações em maio e durante todo o ano, com palestras em escolas, além de atividades nos Centros de Referência de Assistência Social (Cras) e nos Centros de Referência Especializados de Assistência Social (Creas).

“Discutir o tema, conhecer e entender faz com que tenhamos mais atitudes e, talvez, isso possa até aumentar o número de denúncias. Acredito que o “Maio Laranja” provoca essa reflexão: pensar sobre o assunto, compreender o seu significado, a importância de identificar os casos e de fazer os encaminhamentos corretos”, destaca Ana Lúcia de Paula Batista, coordenadora da Criança e do Adolescente da Secid.

Ana Lúcia explica que, na maior parte dos casos, a violência acontece dentro de casa ou em locais considerados seguros pela criança, como a residência de parentes. “Na casa dela, da tia, do avô, sempre em ambientes onde a criança se sente protegida, o que é ainda mais complicado. E, na maioria das vezes, os agressores são pessoas conhecidas, geralmente alguém em quem a criança confia”, afirma a coordenadora.

Segundo Ana Lúcia, há um padrão predominante entre os agressores: em grande parte, são homens com idades entre 25 e 59 anos.

Sinais

A coordenadora da Criança e do Adolescente da Secid destaca que é difícil dizer a maneira de como a criança irá se comportar ao ser vítima de uma violência sexual, mas geralmente há alguns sinais, como a mudança de comportamento. “Às vezes é uma criança mais extrovertida e acaba ficando introvertida, ou às vezes ao contrário, a criança apresenta alguns sinais mais agressivos, mas é difícil a gente dizer como a criança vai se comportar. Então, é importante, ao perceber mudanças bruscas de comportamento, procurar ajuda e conversar com essa criança para entender o que está acontecendo.”

Atualmente, há diversos canais para denúncias de violência sexual contra crianças e adolescente. O processo pode ser realizado pelo Disque 100. Há também o telefone 125, do Conselho Tutelar de Sorocaba. O canal funciona 24 horas por dia. Ao receber a denúncia, a vítima terá acompanhamento de uma equipe multidisciplinar.

“Em um primeiro momento, essa criança é encaminhada para a escuta especializada. É um serviço especializado para ouvir crianças. Por quê? Para que essa criança não tenha que ser revitimizada, para que ela não tenha que contar isso uma, duas, três, quatro, cinco vezes. Então, essa criança é ouvida apenas na escuta especializada por uma equipe de profissionais, psicólogos e assistentes sociais treinados. E esse relatório serve para que a gente tome aí as providências necessárias. Se o agressor for identificado, ele é encaminhado para a delegacia”, descreve Ana Lúcia.

Ações especiais

O Conselho Tutelar realiza ações especiais do Maio Laranja na cidade. A iniciativa também faz parte do calendário oficial do município, por meio da Lei Municipal 13.094/2024.

Um dos destaques da programação é a palestra que está sendo levada pelos conselheiros tutelares aos alunos de escolas municipais e estaduais de Sorocaba, além de nas unidades da Pastoral do Menor. O objetivo é proporcionar a crianças e adolescentes informações essenciais para que possam se proteger e denunciar casos de violência.

No domingo (18), das 10h às 14h, no Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual Infantil, conselheiros tutelares fazem uma ação no Parque das Águas, com bate-papo e divulgação do Maio Laranja.

A campanha em Sorocaba também terá o Seminário “Abuso e exploração sexual infantil na Região Metropolitana de Sorocaba”, no dia 30 de maio, das 12h30 às 18h, no Teatro Municipal Teotônio Vilela (TMTV). A ação é realizada por uma parceria entre Conselho Tutelar de Sorocaba, Fórum de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil de Sorocaba, o TRT (Tribunal Regional do Trabalho) da 15ª Região, do Juizado Especial da Infância e da Adolescência (Jeia) de Sorocaba e a Trafega Marketing Digital. Os interessados em participar podem se inscrever pelo link: https://tinyurl.com/seminario-maiolaranja. As vagas são limitadas.

Itu faz campanha neste domingo

No próximo domingo, 18 de maio, Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, a Secretaria Municipal de Promoção e Desenvolvimento Social de Itu realiza a campanha “Faça Bonito Proteja nossas crianças e adolescentes”. Será na avenida Galileu Bicudo (na rotatória em frente ao Cras Recriança, esquina da entrada do Museu FAMA), a partir das 9h30.

Haverá orientação e distribuição de material de conscientização (cartilha) para o enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes. As denúncias devem ser encaminhadas ao Conselho Tutelar da cidade, Disque 100 e delegacias especializadas ou comuns. (Da Redação)