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Orçamento

Cesta básica atinge maior valor da série histórica

Batata, café, frango e muçarela puxam aumento, enquanto óleo de soja e arroz aliviam a alta na cesta sorocabana

07 de Maio de 2025 às 21:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
Entre os produtos que mais pressionaram o orçamento em abril, a batata se destacou com uma alta expressiva de 16,18%
Entre os produtos que mais pressionaram o orçamento em abril, a batata se destacou com uma alta expressiva de 16,18% (Crédito: JOÃO FRIZO)


A cesta básica em Sorocaba ficou 0,47% mais cara em abril de 2025, alcançando o maior valor nominal já registrado desde o início da série histórica, segundo o mais recente boletim do Laboratório de Ciências Sociais Aplicadas da Universidade de Sorocaba (Uniso). O preço médio passou de R$ 1.166,15 em março para R$ 1.171,63 em abril, um acréscimo de R$ 5,48 no bolso do consumidor em apenas um mês.

O aumento mensal superou o índice oficial de inflação, o IPCA-15, que no mesmo período subiu 0,43%. No acumulado do ano, a cesta básica já registra elevação de 0,52%. Quando comparado a abril de 2024, o cenário é ainda mais preocupante: o custo da cesta está 11,83% mais caro, o que representa R$ 123,95 a mais no orçamento das famílias em relação ao ano passado.

Batata e café lideram a alta de preços

Entre os produtos que mais pressionaram o orçamento em abril, a batata se destacou com uma alta expressiva de 16,18%, passando de R$ 5,87 para R$ 6,82 o quilo. O relatório da Uniso explica que, após meses de queda impulsionados pela boa “safra das águas”, o preço do tubérculo voltou a subir com o início da “safra da seca”, período em que a oferta naturalmente diminui.

Outro vilão foi o café, que aumentou 5,57% no mês, mantendo sua escalada de preços impulsionada por problemas na produção e pressões do mercado internacional. A muçarela também registrou elevação relevante, subindo 4,71% e chegando a R$ 59,99 o quilo. O frango, alternativa mais acessível frente às carnes bovinas, ficou 4,29% mais caro, refletindo o aumento no custo da ração e outros insumos da cadeia produtiva. Até mesmo o sabonete, item básico de higiene, teve alta significativa de 5,97% no mês, o que demonstra que a inflação tem atingido diferentes setores da cesta.

Quedas pontuais aliviam a pressão, mas não compensam alta geral

Por outro lado, alguns produtos ajudaram a frear um aumento ainda maior. O óleo de soja ficou 4,69% mais barato, caindo de R$ 7,68 para R$ 7,32. Segundo o boletim, essa queda está ligada à maior disponibilidade do produto no mercado interno. O arroz também registrou redução de 4,14%, passando de R$ 30,70 para R$ 29,43 no pacote de cinco quilos. Outras quedas foram observadas no sabão em barra, com baixa de 3,83%, e na farinha de trigo, que caiu 3,43%.

Apesar dessas quedas pontuais, a percepção de quem vai às compras é de que o peso no bolso só aumenta.

Consumidores sentem a alta na rotina

A secretária Alaine Nunes Machado desabafa sobre a dificuldade de se planejar. “Todos os dias que a gente chega no mercado, o preço está diferente. Não tem nem como fazer mais o orçamento das compras, porque todo dia muda o preço de tudo. Principalmente os legumes, têm aumentado gradativamente todos os dias. A batata mesmo às vezes a gente chega e está três e pouco, na outra semana já está mais caro. E quem tem criança em casa precisa sempre comprar.”

Alaine também critica as promoções que parecem vantajosas, mas acabam excluindo os consumidores com menos recursos. “A carne de gado aumenta sempre. Eles fazem promoção com uma peça grande, de cinco quilos, mas nem todo mundo consegue comprar essa quantidade. E aí, quando você precisa de um quilo só, sai bem mais caro. Está difícil demais”, conta.

O aposentado Nilo Leme Camargo Filho também sente o peso da inflação. “Ah, o café tá um absurdo, né? Hoje não dá nem pra tomar mais café. Café e carne. Carne, hoje, você tem que comprar carne de segunda só, porque de primeira não tem condição de comer. Mas tá tudo caro. Hortifrúti, iogurte, tudo tá fora de preço”, relata. Ele ainda observa que, mesmo quando os preços baixam, há uma necessidade que empurra o consumidor a pagar mais caro. “Às vezes você paga mais caro, mas precisa ter em casa. Então adianta? Você acaba comprando. O básico hoje tá difícil. É duro pra quem tem bastante gente em casa.”

Gasto semanal aumenta e obriga escolhas difíceis

Já o aposentado Ângelo Luiz Vegas faz uma leitura mais equilibrada, embora também perceba o aumento. “O café é um negócio que está pegando bastante. Mas, em contrapartida, tem algumas coisas que caíram. A banana, por exemplo, está barata, R$ 2,98. Mas no geral a cesta subiu, sim. Eu gastava uns R$ 200 por semana; agora já estou indo para R$ 300 e pouco. Está subindo sempre.”

Ele também observa as variações de produtos frescos. “O limão hoje está R$ 3,29, mas já chegou a R$ 7, R$ 8. A carne varia muito. Tem hora que está em promoção, tem hora que está cara. Aí você tem que escolher a que é menos cara e não tão dura, põe um suquinho de abacaxi para amaciar e boa.”

Para ele, os maiores aumentos estão nos laticínios. “A muçarela que eu pagava R$ 30 e pouco, hoje está R$ 43, R$ 44. O queijo subiu, iogurte subiu. O básico como arroz e feijão até que está segurando. O ovo também. Mas as coisas periféricas, como laticínio, subiram muito. E a carne subiu demais. Antigamente eu pagava R$ 15 no quilo da carne moída de segunda; hoje está R$ 32.”

Pressão da cesta básica continua sobre o orçamento familiar

O levantamento da Uniso revela que dos 34 itens que compõem a cesta básica sorocabana, 18 tiveram aumento em abril. Além dos alimentos, o boletim também registrou variação positiva nos produtos de higiene pessoal (0,76%), enquanto os itens de limpeza tiveram queda de 2,60%. Os pesquisadores destacam que, embora algumas quedas aliviem o impacto no curto prazo, a pressão inflacionária persiste, principalmente sobre produtos essenciais e de consumo frequente. (João Frizo - programa de estágio)