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Crime

Interesse financeiro motivou o homicídio de Bruno Monteiro, diz delegado

A mulher da vítima, acusada de planejar o crime, foi presa, assim como outros dois envolvidos

07 de Maio de 2025 às 14:08
Beatriz Falcão [email protected]
Os delegados Rodrigo Ayres e Camilo Veiga deram detalhes sobre o caso durante coletiva de imprensa
Os delegados Rodrigo Ayres e Camilo Veiga deram detalhes sobre o caso durante coletiva de imprensa (Crédito: Fábio Rogério)

** matéria atualizada às 14h54

A Polícia Civil prendeu, nesta quarta-feira (7), três pessoas envolvidas no desaparecimento e homicídio de Bruno Monteiro, de 33 anos. Uma delas é a ex-companheira da vítima, que brigava para receber uma parte da herança deixada pela mãe do rapaz. Durante a investigação, denominada Operação Emboscada, o corpo dele também foi encontrado carbonizado, dentro de um carro, em uma área da Represa de Itupararanga, em Ibiúna.

De acordo com o delegado Camilo Veiga, responsável pela condução das investigações, a motivação do crime foi financeira. A mulher, que viveu em união estável com Bruno por cerca de três meses, queria uma parte da herança. Entre as provas coletadas pela polícia, estão e-mails e ligações dela solicitando uma parcela dos bens.

Após uma série de recusas por parte do rapaz, a mulher chamou dois parceiros, que estariam com dívidas ativas, para participar da emboscada.

“A ex-companheira sabia que Bruno queria vender o seu carro para comprar um mais novo. Portanto, ela se aproveitou da situação para criar o cenário da armadilha”, explica o delegado. "Desta forma, os outros dois envolvidos entraram em contato com a vítima, informando que estavam interessados em comprar o automóvel".

No dia do desaparecimento, 10 de abril deste ano, a dupla combinou de encontrar Bruno para analisar o veículo. Posteriormente, eles iriam para um churrasco em um sítio próximo da região.

Contudo, na ocasião, o trio abordou a vítima, amarrando os pés e as mãos, além de colocar uma mordaça. Na sequência, eles colocaram Bruno no porta mala e o levaram até uma área da Represa de Itupararanga. No local, dois disparos foram efetuados contra o rapaz e o carro foi incendiado.

Todos os envolvidos tiveram sua prisão temporária decretada e irão responder por homicídio e ocultação de cadáver. Durante o depoimento, eles confessaram o crime, no entanto, as declarações divergem no momento da execução. Segundo Veiga, nesta parte, os integrantes do trio contam versões diferentes e jogam a autoria dos disparos um para o outro.

O lugar do crime, por sua vez, foi escolhido por se tratar de um ambiente de mato alto, sem câmeras de segurança e pouco movimentado. Equipes da polícia chegaram nessas informações a partir de um cruzamento de técnicas investigativas.

O corpo da vítima, por sua vez, foi encaminhado para o Instituto Médico Legal para o exame necroscópico. Na sequência, será liberado para a família realizar o sepultamento.

Outras provas

No dia seguinte ao desaparecimento de Bruno Monteiro, um pix de R$ 10 mil foi realizado em sua conta bancária. O mesmo aconteceu em 12 de abril, contudo, a transação foi negada. Essa movimentação chamou a atenção dos familiares e também auxiliou as investigações da polícia.

Outro aspecto foi o modo de conversar pelo WhatsApp. Parentes do Bruno contam que ele só mandava áudio e, após o dia 10, ele começou a usar mensagens de texto e gírias. A mudança chamou a atenção dos parentes, que começaram a suspeitar que o rapaz havia sido vítima de uma armadilha. O último contato feito pelo celular foi no dia 12.

“Uma investigação é como se fosse um quebra-cabeça, principalmente em casos de desaparecimentos. Nós trabalhamos com várias linhas, formadas a partir de análise de perfil, seja da vítima ou do ambiente”, explica o delegado-titular do Departamento Estadual de Investigações Criminais, Rodrigo Ayres. “Portanto, reunindo essas provas e informações, conseguimos concluir efetivamente que se trata de um homicídio”.

A Polícia continua trabalhando no caso, apurando a participação de outras pessoas no delito.

Relembre o caso

Conforme noticiado pelo Cruzeiro do Sul em 24 de abril, no dia do desaparecimento, o rapaz saiu de casa por volta das 6h para caminhar, retornou ao apartamento, tomou café em um bar próximo e voltou novamente para casa. Foi visto pela última vez saindo do prédio às 8h do dia 10.

Na última mensagem de áudio enviada a uma tia, Bruno avisou que iria a uma chácara negociar a troca de seu carro por um modelo mais novo. Por esse motivo, disse que não voltaria para o almoço em família, como fazia habitualmente.

Segundo familiares, o rapaz perdeu o pai aos 14 anos e a mãe aos 28. Desde então, passou a administrar as finanças da família e dedicava tempo a investimentos. De perfil comunicativo, ele mantinha muitos amigos, conforme relatado pelos parentes.