Aos poucos, as famílias da comunidade Tereza de Benguela, no bairro Capoavinha, em Votorantim, deixaram as moradias e procuraram abrigo com familiares e amigos. A reintegração teve início na terça-feira (18), com prazo para saída voluntária até ontem (20). Trata-se do cumprimento de uma decisão judicial da 1ª Vara Cível de Votorantim, envolvendo uma propriedade particular e os assentados. O governo municipal não participou diretamente do processo, mas ofereceu suporte a famílias conforme determinado pelo Judiciário.

O Cruzeiro do Sul acompanhou os três dias de reintegração voluntária: um cenário triste, mas ao mesmo tempo humanizado. Houve apoio do 40º Batalhão da Polícia Militar de Votorantim e não ocorreram conflitos.

Ontem de manhã, famílias recolhiam materiais de construção que podiam ser reaproveitados, além de móveis, eletrodomésticos e roupas. Havia orientação de policiais militares e transporte para a mudança oferecido pelo proprietário do terreno.

Algumas famílias optaram por se abrigar com parentes, outros por uma nova moradia com auxílio aluguel ou em outros locais. A reportagem conversou com alguns dos moradores do assentamento, que falaram de sonhos, lutas e promessas. Há famílias que vieram de outras regiões do País a fim de trabalhar e construir uma vida melhor.

A Prefeitura de Votorantim ficou responsável por oferecer acolhimento provisório às pessoas e animais que não têm para onde ir e não se enquadram no programa de aluguel social. O ginásio de esportes Mirante dos Ovnis, no bairro Vossoroca, foi reservado para acomodar as famílias em desocupação voluntária, mas ninguém procurou pelo acolhimento provisório. Na comunidade havia 135 famílias e 59 foram contempladas com o auxílio aluguel no valor de R$ 700 mensais pelo período de até seis meses.

A Secretaria de Cidadania e Geração de Renda informou que, em parceria com outras secretarias municipais, tem dado suporte a essas pessoas para atendimento no Fundo Social de Solidariedade e no programa Reintegrar. A Secretaria de Meio Ambiente também ofereceu acomodação a animais das famílias. Ontem (20), a reportagem acompanhou o trabalho de representantes da Secretaria de Meio Ambiente juntamente com protetoras da causa animal no acolhimento de uma moradora e mais de quinze animais de estimação para uma nova moradia.

Propriedade particular

A área do assentamento havia sido ocupada cinco anos atrás, segundo o dirigente da Frente Nacional de Lutas (FNL), Caíque Araújo. A comunidade cresceu, recebeu benfeitorias, como energia elétrica, poço artesiano para o fornecimento de água, internet e linhas de ônibus.

A 1ª Vara Cível de Votorantim determinou em dezembro de 2024 a reintegração de posse, em decisão do juiz Fabiano Rodrigues Crepaldi.

No dia 11 de março de 2025, o 40º Batalhão da Polícia Militar de Votorantim realizou uma reunião com os moradores do assentamento. O encontro teve como objetivo orientar os ocupantes sobre a reintegração de posse e evitar conflitos.

A direção da FNL recorreu à Justiça para tentar reverter a decisão.