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Reintegração

Famílias são removidas por decisão judicial

Moradores da comunidade Tereza de Benguela, em Votorantim, começaram a deixar moradias

18 de Março de 2025 às 22:00
Gabrielle Camargo Pustiglione [email protected]
Ocupação, no bairro Capoavinha, começou há 5 anos
Ocupação, no bairro Capoavinha, começou há 5 anos (Crédito: GABRIELLE CAMARGO PUSTIGLIONE (18/3/2025))

As famílias da comunidade Tereza de Benguela, no bairro Capoavinha, em Votorantim, começaram a ser despejadas ontem (18) em razão do cumprimento de uma decisão judicial da 1ª Vara Cível da cidade para reintegração de posse.

O prazo estabelecido pela Justiça para a desocupação total da comunidade vai até amanhã (20).

Segundo o dirigente da Frente Nacional de Lutas (FNL), Caíque Araújo, a comunidade possui 135 famílias, mas apenas 59 foram contempladas com o auxílio aluguel. Na parte da manhã, só seis famílias deixaram as moradias. “Apenas essas famílias saíram dos endereços indicados, sem alternativa alguma de um benefício, mas mesmo assim acharam melhor sair do acampamento. As outras famílias vão aguardar o posicionamento do juiz porque nosso corpo jurídico já pediu nos autos benefício para essas famílias, um local definido e uma concretização do aluguel social para todos”, disse Caíque Araújo.

A Prefeitura de Votorantim informou, em nota, que ficou incumbida de dar acolhimento provisório às pessoas que não têm para onde ir e não podem ser atendidas pelo aluguel social. As que aceitarem sair voluntariamente seriam levadas para o ginásio municipal de esportes do Mirante dos Ovnis, no bairro Vossoroca. A Polícia Militar acompanhou a situação da reintegração.

Os moradores da comunidade em alguns momentos mostraram-se contra a reintegração, reivindicaram uma nova moradia ou auxílio moradia para todos, e se mostraram revoltados com a decisão da Justiça. Um dos pontos levantados pelos moradores é acessibilidade. Segundo Caíque, são 12 deficientes, há cadeirantes, e eles precisam de um lugar adaptado.

Odenil Gonçalves Leonel, conhecido como “Denis da Moradia”, também da FNL, comentou que as famílias ocuparam o local há cerca de cinco anos, na pandemia de Covid-19, devido ao desemprego e altos valores de aluguéis. Os moradores argumentam que muitos deles trabalham próximos à comunidade e se forem para outro lugar vão perder os empregos.

A comunidade cresceu e melhorias foram realizadas no local. “Trouxemos energia elétrica, fizemos um posto artesiano para toda a comunidade e seu entorno, trouxemos internet fibra, linhas de ônibus e o índice de violência diminuiu. São conquistas da comunidade, era para ser uma comunidade modelo”, explica Denis.

“Essa questão humanitária por causa dos requisitos de um cumprimento de uma reintegração de posse são prioridades. Então a gente pede para que isso seja reavaliado (pela Justiça), para que o nosso levantamento processual seja analisado novamente pelas autoridades e que a gente consiga tempo para repensar em novas estratégias”, aponta Denis, que ainda pretende reverter a situação.

 

 

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