Reforma
Obras da Capela de João de Camargo devem terminar em até 60 dias
Restauração avança para etapa final após danos das chuvas de janeiro de 2024

As obras de restauração da Capela Senhor do Bonfim, também conhecida como Capela de João de Camargo, localizada no Jardim Paulistano, estão em andamento. Após uma reforma emergencial devido aos danos causados pelas fortes chuvas de janeiro de 2024, os reparos estão na última etapa. A expectativa, de acordo com o presidente da Associação Espírita e Beneficente Capela Nosso Senhor do Bonfim, Adriano Ramos Molina, é que os ajustes finais sejam concluídos dentro de 40 a 60 dias.
“Atualmente, a Capela possui dois espaços abertos ao público: a nave principal e a sala de celebração dos terços. Agora, estamos finalizando a limpeza das imagens e quadros, devolvendo tudo ao seu devido lugar”, conta Molina. “Nossa intenção é reabrir mais duas salas, as mais antigas do local, que foram as primeiras capelinhas de João de Camargo.”
Devido às fortes chuvas que atingiram a cidade nos dias 19 e 20 de janeiro de 2024, o córrego da Água Vermelha - que passa atrás da Capela - transbordou e causou danos significativos. Grande parte da estrutura original, tanto interna quanto externa, do prédio histórico foi prejudicada. Molina recorda que a água da enchente atingiu cerca de 1,5 metro nas paredes, muros caíram e imagens foram arrastadas pela correnteza.
Diante dessa situação, o templo religioso permaneceu fechado por quatro meses para obras de reparo emergenciais. Para ajudar na reforma, a associação iniciou uma campanha de arrecadação de recursos nas redes sociais. Com os fundos captados, foram realizados reparos nos muros, reforço da drenagem e revitalização da estrutura externa. As portas foram reabertas oficialmente em 12 de maio de 2024.
“A Capela vive exclusivamente da colaboração dos fiéis. Contudo, por tradição, evitamos campanhas intensas de arrecadação de verbas. O ano passado foi uma exceção, pois realmente foi necessário”, relata o presidente da associação. “E a campanha teve um grande engajamento. Por isso, nos sentimos obrigados a retribuir o carinho das pessoas, concentrando todos os nossos esforços nessa reforma.”
Pela extensão dos danos causados pelas chuvas, Molina considera o feito como algo surreal e fora do normal. Em janeiro do ano passado, ele acreditava que a Capela Senhor do Bonfim ficaria fechada por anos. “Porém, em um ano e meio, conseguimos reestruturar pelo menos 70% do espaço”, destaca.
Além disso, Molina ressalta a importância do trabalho voluntário na revitalização do templo religioso. Após o temporal de janeiro, muitos fiéis ajudaram na limpeza da Capela, removendo a lama. Hoje, as imagens também são limpas por voluntários.
Risco de desmoronamento
O prédio histórico também correu risco de desmoronamento, conforme noticiado pelo Cruzeiro do Sul em agosto de 2024. Na época, a Comissão de Trabalho Viva Nhô João de Camargo informou que as obras de reconstrução e restauração ainda não haviam sido iniciadas devido à falta de documentos técnicos essenciais.
Atualmente, com as obras realizadas, Adriano Molina afirma que o cenário é mais positivo. No entanto, ele aponta que o ideal seria diminuir o fluxo de veículos na avenida Barão de Tatuí, para reduzir a poluição e as vibrações causadas pelos carros, que prejudicam o imóvel centenário.
“Na época em que a Capela foi construída, essa era uma região afastada e sem qualquer apelo comercial”, observa o presidente. “Temos que reconhecer que a cidade cresceu de maneira desordenada, sem preocupação com a preservação do seu patrimônio histórico. Devemos considerar essas circunstâncias para a conservação da Capela de Nosso Senhor do Bonfim.”
No ano passado, a Associação Espírita e Beneficente Capela Nosso Senhor do Bonfim conseguiu, por meio de emendas parlamentares, recursos destinados ao prédio histórico. A verba será utilizada para ajustes na estrutura do telhado, que apresenta alguns pontos de gotejamento.