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Alerta

Casos de dengue disparam e preocupam autoridades

Sorocaba registra aumento expressivo de infecções em 2025; Prefeitura intensifica ações e especialistas reforçam a importância da vacinação e da prevenção

01 de Março de 2025 às 21:00
Cruzeiro do Sul [email protected]
Nebulizações em áreas com casos confirmados para eliminar mosquitos é uma das medidas adotadas
Nebulizações em áreas com casos confirmados para eliminar mosquitos é uma das medidas adotadas (Crédito: THAÍS MARCOLINO)


Os casos de dengue em Sorocaba continuam crescendo de forma acelerada em 2025, com um aumento preocupante em janeiro e fevereiro. Dados oficiais apontam que, até 27 de fevereiro, a cidade já havia contabilizado 1.220 casos, além de uma morte confirmada e três óbitos ainda em investigação.

O avanço da doença acompanha uma tendência de crescimento registrada em anos anteriores. Em 2022, Sorocaba teve 1.101 casos, número que saltou para 4.674 em 2023. Já em 2024, a cidade enfrentou um surto sem precedentes, com 46.786 casos e 48 mortes.

Calor e chuvas impulsionam

A infectologista pediátrica Carolina Brites explica que o clima quente e úmido contribui diretamente para a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue.

“O Aedes aegypti é mais frequente em áreas urbanas, onde há aglomeração de pessoas e grande disponibilidade de locais propícios para os depósitos de ovos que se desenvolvem em águas paradas. Este período sazonal, com aumento de temperatura e chuvas no fim do dia, agrava a situação do aumento de casos”, destaca a especialista.

Janeiro encerrou com 339 casos e uma morte confirmada. No entanto, foi em fevereiro que os casos se intensificaram. No dia 3, a cidade tinha 404; no dia 27, o número saltou para 1.220 — aumento de mais de 200% em menos de um mês.

Ações de combate

Em resposta à alta dos casos, a Prefeitura de Sorocaba alega que vem intensificando medidas para controlar a proliferação do mosquito e conscientizar a população. Segundo o Setor de Zoonoses da Secretaria da Saúde, as ações de combate à dengue são contínuas e incluem: visitas de porta em porta para orientar moradores sobre prevenção, sintomas e eliminar possíveis criadouros; nebulizações em áreas com casos confirmados para eliminar mosquitos adultos possivelmente infectados; mutirões de limpeza (arrastões) com remoção de criadouros em imóveis, terrenos baldios e áreas verdes; ações educativas como palestras em escolas e empresas, além de campanhas em eventos públicos; fiscalizações e autuações, com 325 multas aplicadas em 2024 por descumprimento de medidas preventivas.

Além disso, a prefeitura mantém a campanha de conscientização contra a dengue com divulgação nas redes sociais, cartazes em prédios públicos e anúncios em ônibus da cidade.

Vacinação pode ajudar

A infectologista Carolina Brites destaca que a imunização é uma ferramenta importante para reduzir a propagação da doença e evitar casos graves.

“A vacina tem registros de aplicação e segurança dos 4 aos 60 anos de idade, em duas doses. A orientação é que todos os pais desta faixa etária vacinem seus filhos e que aqueles que possam ir até clínicas particulares imunizem tanto as crianças quanto os adultos até 60 anos. Quanto mais pessoas imunizadas, menor a propagação da doença e a gravidade dos casos”, explica a médica.

Atualmente, a vacina contra a dengue está disponível na rede privada e, em algumas cidades, também no Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, a cobertura vacinal ainda é baixa e os especialistas alertam para a necessidade de ampliar o acesso à imunização.

Prevenção no dia a dia

Além da vacinação, a principal forma de evitar surtos é eliminar criadouros do mosquito. A prefeitura orienta os moradores a adotarem medidas simples, como: manter lixeiras sempre tampadas e pneus secos em locais cobertos; guardar garrafas, frascos e baldes virados para baixo para evitar o acúmulo de água; limpar ralos e despejar detergente ou sabão em pó para impedir a proliferação do mosquito; eliminar pratos de vasos de plantas e manter bromélias em locais cobertos; trocar a água de vasilhas de animais diariamente, escovando com bucha e sabão; manter caixas d’água tampadas e vedadas; tratar piscinas com cloro regularmente ou esvaziá-las corretamente se não estiverem em uso; verificar calhas e lajes, removendo folhas e outros resíduos que possam reter água.

A prefeitura também reforçou os canais para denúncias de possíveis focos do mosquito. É só telefonar no 156 ou (15) 99129-2426 (WhatsApp, de segunda a sexta, das 8h às 17h). Aos fins de semana e feriados, a Guarda Civil Municipal fica responsável pelos atendimentos no telefone 153. Também é possível acessar ao site: www.sorocaba.sp.gov.br/atendimento.

Sintomas exigem atenção

Com o aumento expressivo de casos, os profissionais de saúde precisam estar atentos aos sintomas da dengue, principalmente em crianças, que podem manifestar sinais diferentes dos adultos.

“Os médicos precisam considerar a dengue no diagnóstico de qualquer paciente com febre e sintomas inespecíficos, principalmente diante do aumento expressivo de casos. O reconhecimento precoce é essencial para um acompanhamento adequado”, afirma Carolina Brites.

Em crianças pequenas, os sintomas podem incluir irritabilidade, choro intenso, febre alta, manchas vermelhas na pele, dores musculares e na cabeça, além da recusa de alimentos e líquidos, o que pode levar à desidratação.

Nos casos mais graves, os sinais de alerta são vômitos persistentes, dor abdominal intensa, sangramentos, sonolência ou irritabilidade excessiva e extremidades frias. “Em alguns casos, a doença pode começar de forma leve e só ser identificada quando o quadro grave já está instalado”, conclui a médica. (João Frizo - programa de estágio)