A dolarização de contratos, principalmente em financiamentos, abre a possibilidade de oscilação dos valores, conforme a flutuação do câmbio, e gera imprevisibilidade em projetos futuros. Segundo Marcos Antônio Canhada, professor de economia da Universidade de Sorocaba (Uniso), a contratação de empréstimo com compromisso de pagamento em moeda estrangeira “traz consigo riscos, pois as possíveis flutuações cambiais podem trazer desequilíbrios futuros, uma vez que as receitas do município não estão atreladas a moedas estrangeiras”.

Canhada aponta que a perspectiva de variação cambial ao longo do tempo é bastante incerta, pois depende de diversos fatores, “tais como condução de política macroeconômica interna e também de condições externas de difícil previsibilidade em um mundo em constantes alterações políticas”.

Thiago Carbonari, economista e também professor da Uniso, indica outras questões. “A preocupação da Câmara em evitar que o município se endivide em moeda estrangeira é legítima. No entanto, esses empréstimos internacionais costumam oferecer taxas de juros vantajosas para os municípios. Então, faria sentido exigir que o Executivo se endivide em moeda estrangeira moderadamente e, se possível, seguindo as questões de ordem financeira e legal”, explica.

De acordo com Carbonari, “a variação cambial pode encarecer o serviço (juros e principal) de uma dívida contratada em moeda estrangeira, o que implicará em maiores desembolsos pela municipalidade para honrar o financiamento em questão”, diz o professor. (Tom Rocha)