Após quase três meses de verão, os sorocabanos já enfrentaram dois extremos: altas temperaturas e chuvas intensas. Embora o cenário seja típico da estação mais quente do ano, que se iniciou em 21 de dezembro e segue até 20 de março, as condições climáticas estão sendo influenciadas pelo La Niña.

De acordo com Willian Minhoto, meteorologista da Defesa Civil do Estado de São Paulo, o fenômeno natural, promovido pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico, é responsável pelas fortes chuvas que a região vem enfrentando. Desta forma, mesmo que os índices de chuva estejam abaixo da média, os poucos episódios são mais densos, com altos níveis pluviométricos.

“Com a influência do La Niña, nós temos um verão diferente em comparação ao ano passado”, explica o especialista. “No entanto, em março, no fim do verão, as situações de chuvas serão mais isoladas e as temperaturas ficarão mais elevadas.”

Já nos últimos dias de fevereiro, pancadas de chuva devem permanecer. Inclusive, a Defesa Civil do Estado emitiu um alerta de risco de chuvas intensas na região de Sorocaba para hoje (14) e amanhã (15). Conforme a previsão do Climatempo, a possibilidade de precipitação é de 87 a 88%. As temperaturas, por sua vez, ficarão entre 21 e 30 (leia mais na página 3).

“Essas frentes frias não tendem a derrubar muito as temperaturas, a sensação será de um clima ameno. Já as pancadas de chuvas serão isoladas, principalmente na região de Sorocaba e do Vale do Ribeira”, aponta Willian. “Além disso, também é esperado mais uma frente fria no meio da próxima semana.”

Impacto na população

As chuvas e o calor intenso também interferem no cotidiano da população. Além dos transtornos, como alagamentos e enchentes, o clima influencia nas condições do trabalho. Um exemplo é a vendedora Ivone Amaral Ribeiro, 56 anos. Há cerca de quatro anos, de terça-feira a domingo, ela mantém um carrinho de churros e pipoca na região central de Sorocaba das 8h às 18h. Mesmo com um guarda-sol aberto, enfrentar as altas temperaturas não é fácil. “É com muita fé em Deus que permaneço. O sol aumenta o cansaço físico, além da tontura e dor de cabeça. É muito difícil”, relata.

Além disso, o calor também impacta nas vendas. Segundo Ivone, a demanda por churros aumenta em dias mais frios e amenos. Já em períodos chuvosos, a condição afasta as pessoas do Centro. Nesses casos, o seu expediente encerra antes do esperado.

O mesmo cenário acontece com Daniele Oliveira, 20. Ela trabalha na divulgação de uma ótica com a distribuição de panfletos. Uma das vantagens é poder escolher um lugar com sombra para ficar. No entanto, mesmo assim o calor é incômodo. “Parece que está ainda mais quente do que no ano passado. É sufocante. Eu não gosto de calor”, comenta. “Como minha pele é muito clara, eu tento fugir ao máximo do sol para não me queimar. Para nós, que trabalhamos na rua, é muito difícil.”