Saúde
Fevereiro Roxo e Laranja: importância do diagnóstico precoce
Temas médicos do mês são lúpus, fibromialgia, Alzheimer, leucemia e medula óssea

Fevereiro é marcado por duas importantes campanhas de conscientização na área da saúde: o Fevereiro Roxo, que alerta sobre lúpus, fibromialgia e Alzheimer, e o Fevereiro Laranja, que destaca a leucemia e incentiva a doação de medula óssea.
Essas ações fazem parte do chamado “calendário colorido da saúde”, criado para sensibilizar a população e incentivar o diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado.
Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2024, houve um aumento de 8% nos diagnósticos precoces de doenças autoimunes e neurodegenerativas em comparação ao ano anterior, o que reforça o papel das campanhas na mobilização social.
Além disso, o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome) detectou um crescimento de 6% no número de novos cadastros, demonstrando a adesão crescente da população à causa.
O papel da informação na jornada do paciente
O Dr. José Eduardo Martinez, presidente da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), destaca que um paciente bem informado tem mais chances de obter um diagnóstico e tratamento eficazes.
“O que a Sociedade Brasileira de Reumatologia entende é que um paciente bem informado é fundamental para que tanto o diagnóstico como o tratamento ocorram de forma rápida e eficiente. O paciente que entende a doença que tem, entende por que ela ocorre e como pode ser superada, sempre ajuda muito o médico. Sobretudo em um momento em que o número de informações e propostas de tratamento inadequadas, sem boa evidência científica, tem sido muito divulgado”, afirma.
A Sociedade Brasileira de Reumatologia mantém ações de conscientização durante todo o ano, oferecendo informações para pacientes e familiares por meio de seu site oficial — www.reumatologia.org.br.
O desafio do diagnóstico precoce
O diagnóstico precoce é um dos principais desafios no atendimento de doenças autoimunes e neurodegenerativas. Segundo o Dr. Martinez, o primeiro passo é que o paciente perceba os sintomas e busque atendimento médico.
“O grande desafio no atendimento das doenças autoimunes e neurodegenerativas começa pelo diagnóstico precoce. Em algum momento, o paciente percebe que algo não vai bem e deve procurar um médico. Isso ajuda muito na sua jornada. Uma alternativa é o controle médico contínuo. Muitas mulheres, por exemplo, costumam fazer acompanhamento ginecológico regular, e isso pode ajudar a identificar alterações precocemente”, explica.
O especialista destaca ainda a importância de consultas médicas bem realizadas. “Um médico que tenha condições de fazer uma boa história e examinar bem o paciente resolve 90% do problema. A partir dessa consulta bem feita, as hipóteses diagnósticas surgem, e então vêm os exames para confirmar ou refutar essas suspeitas”.
Tratamento adequado
O tratamento das doenças abordadas pelo Fevereiro Roxo e Laranja depende de diversos fatores, como a informação adequada, diagnóstico precoce e acesso a especialistas.
“Das três doenças citadas no Fevereiro Roxo, duas delas, lúpus e Alzheimer, devem ser tratadas exclusivamente por especialistas. O Brasil ainda tem carência de profissionais qualificados nessas áreas, e a Sociedade Brasileira de Reumatologia tem trabalhado para capacitar médicos e incentivar sua formação”, ressalta Dr. Martinez.
A fibromialgia, por sua vez, precisa ser tratada de forma multidisciplinar, combinando medicamentos, apoio psicológico e atividade física.
“Os pacientes com fibromialgia apresentam dor crônica generalizada, distúrbios do sono, fadiga e dificuldades cognitivas. Além do tratamento, é essencial conhecer bem o paciente e diagnosticar possíveis doenças associadas, como artrose e tendinite. O suporte de uma equipe multiprofissional é fundamental para um atendimento completo”, destaca.
Apesar dos avanços na área, Dr. Martinez enfatiza que muitas cidades, especialmente as menores, ainda enfrentam dificuldades para oferecer equipes multiprofissionais completas.
“No Brasil, principalmente nas pequenas cidades, ainda é difícil encontrar equipes multiprofissionais capazes de atender todos os pacientes que necessitam desse suporte. Esse é um desafio que precisa ser superado”.
Capacitação e jornada
Um dos pontos mais importantes levantados pelo especialista é a necessidade de capacitar médicos da atenção primária para reconhecer precocemente os sintomas dessas doenças e encaminhar os pacientes ao especialista quando necessário.
“O maior número de especialistas capacitados e qualificados é essencial, mas também é fundamental melhorar a formação dos médicos da atenção primária. Eles são os primeiros a atender esses pacientes e devem ser preparados para fazer o diagnóstico precoce e um atendimento inicial adequado. Além disso, é preciso encurtar a jornada do paciente, garantindo que aqueles que precisam de um especialista cheguem a ele de forma rápida e ágil”, explica.
O especialista também ressalta a importância da conscientização dos gestores de saúde para garantir que o conhecimento médico e as tecnologias já disponíveis sejam utilizadas de forma racional e eficiente.
Sem embasamento científico
Outro alerta do Dr. Martinez diz respeito à proliferação de tratamentos sem comprovação científica. “Hoje vemos muitas informações inadequadas e propostas de tratamento sem base científica, como suplementos e medicamentos sem comprovação. Por isso, é fundamental que a população busque esclarecimento e procure um médico qualificado. No nosso site, é possível acessar informações confiáveis e consultar uma lista de especialistas em reumatologia de todo o Brasil”, conclui.
Mobilização e conscientização
“As campanhas do Fevereiro Roxo e Fevereiro Laranja são fundamentais para sensibilizar a sociedade e fortalecer redes de apoio a pacientes e familiares”, explica o doutor.
Além disso, o crescimento no número de diagnósticos precoces e de doadores de medula óssea demonstra o impacto positivo da disseminação de informações corretas. Para Martinez, ainda há desafios a serem enfrentados, como a necessidade de capacitação médica, ampliação do acesso ao tratamento e combate à desinformação. (João Frizo - programa de estágio)
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