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Furtos de fiação em Sorocaba esbarram em questões sociais

Polícia Militar e Guarda Civil Municipal prendem pessoas que relatam cometerem os crimes para sustentar o vício em drogas

13 de Janeiro de 2025 às 21:30
Vanessa Ferranti [email protected]
GCM acompanha movimentação por videomonitoramento e recebe informações da população
GCM acompanha movimentação por videomonitoramento e recebe informações da população (Crédito: ARTHUR BRANÇAM MANOEL 10/1/2025)


O furto de fiação em vias públicas é um crime recorrente em Sorocaba. O jornal Cruzeiro do Sul já noticiou diversas reclamações de moradores sobre essa prática em diferentes bairros da cidade. Em novembro de 2024, moradores da Vila Independência denunciaram furtos de cabos de energia na rua Francisca de Queiroz e em áreas próximas. Já em dezembro, moradores do Jardim Simus, Vila São Caetano e Wanel Ville relataram uma série de crimes semelhantes na zona oeste. Muitos dos suspeitos flagrados pela Polícia Militar e pela Guarda Civil Municipal (GCM) afirmam que cometem os furtos para sustentar o vício em drogas. Um exemplo disso ocorreu em setembro na avenida Dom Aguirre, quando um casal foi abordado com aproximadamente 50 metros de fiação furtada.

Esses casos evidenciam a relação entre o furto de materiais metálicos, como cabos elétricos, e um grave problema social — a dependência química. Segundo a Prefeitura, algumas ações são estabelecidas na cidade para mudar esse cenário, que é nacional. De acordo com o último estudo sobre o tema divulgado em fevereiro de 2024 pela Conexis Brasil, grupo que reúne as principais operadoras de telefonia e internet do País, mais de 5,4 milhões de metros de cabos de telecomunicações foram roubados e furtados em 2023 no Brasil. A entidade apontou ainda que o volume de cabos subtraídos aumentou 15% em relação ao ano anterior quando foram roubados e furtados 4,7 milhões de metros.

Para o secretário da Segurança Pública de Sorocaba, João Alberto Corrêa Maia, o furto de metais e cabos teve alta por conta do aumento no preço dos materiais. Para combater a prática, uma das medidas é a Operação Ferro-Velho. Na semana passada, uma ação interditou cinco estabelecimentos no Jardim Piratininga, Vila Haro, Jardim Maria do Carmo, Vila Fiori e Vila Barão. Os locais operavam de maneira irregular. “Acredito que no Brasil todo o furto de metais e cabos sofreu uma alta mediante o valor desses materiais. Nós temos a Operação Ferro-Velho. Já fechamos inúmeros estabelecimentos que estavam funcionando irregularmente na cidade”, destacou.

Já no âmbito social, o município conta com o Programa Humanização, que acolhe pessoas em situação de rua. Conforme explica o secretário, o serviço funciona em conjunto com diversas secretarias da administração pública. “O Humanização é um programa que partiu de mim, no começo da gestão, em 2021, mediante a situação que se encontrava o Centro de Sorocaba. As marquises todas lotadas de pessoas em situação de rua, ali na praça central, toda aquela região da rua 15. Eu acredito que umas 300 pessoas, mais ou menos, em situação de rua, englobando toda aquela área, inclusive da praça Frei Baraúna, Praça do Canhão, naquele raio ali, incluindo a praça da Rodoviária, a Praça Mãe Preta...”.

No entanto, é importante destacar que nem todas as pessoas em situação de rua e usuários de drogas praticam furtos na cidade. O secretrário explica, ainda, que quando a equipe do Humanização realiza a abordagem, uma viatura da GCM acompanha e checa se a pessoa tem em sua ficha antecedentes criminais. “Dentro dessas pessoas eles se misturam, como usuários de droga, pessoas que realmente perderam tudo na vida, desiludidos, a mulher abandonou, o cara entrou numa depressão, foi para a rua, passou a fazer uso excessivo de álcool como fuga, então, são casos e casos. Você precisa tratar individualmente cada caso, escutar, conversar, ter uma empatia e realmente ajudar.”

Mais de 30 mil

O Humanização está em ação desde 2022. Nesses quatro anos de programa, 38.557 pessoas foram abordadas. Desse número, mais de 35 mil foram encaminhadas ao acolhimento no Serviço de Obras Sociais (SOS) e 1.069, internadas em clínicas conveniadas e parceiras da prefeitura para tratamento de dependência química. As abordagens ocorrem para todos, no entanto, o acolhimento é realizado apenas para quem aceita o convite.

“Durante a abordagem, se a pessoa precisa de atendimento em um CAPS, é levado imediatamente. Caso aceite ser internado em uma clínica de reabilitação, isso também é providenciado. Para egressos do sistema prisional que necessitam de uma residência terapêutica, encaminhamos para a saúde mental, que avalia e insere no sistema”. O secretário também ressaltou que o serviço é oferecido diariamente em frente à rodoviária de Sorocaba. “No caso dos trecheiros, damos suporte para que continuem seu trajeto até o destino desejado. Implantamos, inclusive, uma base do Humanização na rodoviária para atender a essas demandas. Temos assistência imediata para tudo aquilo que ele deseja, porque se você não fornece essa assistência para ele, na hora da abordagem, pode ser que amanhã você não encontre ele, nem nas ruas nem com vida, porque nós pegamos pessoas também com inúmeras debilidades, pessoas que abandonaram tratamentos.”

Para atender mais pessoas e encontrar mais ferros-velhos em situação irregular, a Guarda Civil Municipal, assim como a Secretaria da Cidadania, Setor de Fiscalização e demais pastas, contam com o auxílio da população. “Fazemos o nosso trabalho e a população, se ela ajudar na fiscalização, eu acredito que evolui bastante.” O contato com o Humanização deve ser feito por meio dos telefones (15) 3229-0777 (SOS), 153 (GCM) e (15) 3212-6900 (Secid) e, ainda, pelos números de WhatsApp da Abordagem Social: (15) 99614-1954 e (15) 99841-6285. O secretário da Segurança Pública também pede para que a população não dê dinheiro às pessoas em situação de rua. As doações de alimentos não perecíveis podem ser feitas ao Fundo Social de Solidariedade (FSS). O telefone é o (15) 3238-2503.

Já denúncias de ferros-velhos irregulares podem ser realizadas por meio dos contatos: www.sorocaba.sp.gov.br/atendimento (24 horas), de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, pelo WhatsApp: (15) 99129-2426 ou pelo telefone 156 (Ouvidoria Geral do Município); ou, ainda, pelos telefones 153 (GCM) e 190 (Polícia Militar). (Vanessa Ferranti)

 

 

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