Segurança
Zona oeste vive onda de furtos e roubos
Moradores do Jardim Simus, Vila São Caetano e Wanel Ville relatam série de crimes e iniciativas próprias
Moradores de bairros da zona oeste de Sorocaba estão sofrendo com uma onda de roubos e furtos em vias públicas e residências. Segundo alguns deles, os criminosos, que seriam usuários de drogas, vendem fiação e outros objetos em ferros-velhos clandestinos das redondezas. O problema teria se agravado nos últimos meses, após mudanças no Programa Vizinhança Solidária. Temendo sair de casa, os moradores cobram ações da Polícia Militar e do poder público para reforçar a segurança no local. Na última quinta-feira (19), a Prefeitura de Sorocaba realizou uma megaoperação na região.
Um dos bairros afetados é o Jardim Simus, onde diversos roubos e furtos foram registrados. Um deles aconteceu no dia 13 de dezembro. Em um grupo de WhatsApp, uma moradora relatou que foi abordada na porta de casa quando estava saindo de carro, à noite. Enquanto fechava o portão automático, a vítima se deparou com um homem armado no meio da rua. Ela então pediu calma e ele disse que queria dinheiro para comprar crack. O homem levou uma bicicleta elétrica que estava na garagem, no valor de R$ 6 mil. A polícia chegou em seguida, mas o assaltante não foi localizado.
Ao Cruzeiro do Sul, outra moradora do bairro, que preferiu não se identificar, informou que casos como esses são frequentes na região. Usuários de drogas vivem no bairro, principalmente no cruzamento da avenida Américo Figueiredo com a Alameda das Hortências. A reportagem esteve no local e constatou colchão, sapatos e outros pertences pendurados em uma árvore. Segundo a moradora, eles também monitoram as casas e aguardam os moradores saírem para poder furtar. Outro problema é a sujeira nas calçadas e o mau cheiro em frente aos estabelecimentos comerciais.
“Eles passam o dia todo aqui e à noite saem e fazem furtos. Um pessoal saiu de viagem, para São Paulo, coisa rápida, ir e voltar, e nesse meio tempo levaram tudo, até os brinquedos das crianças. Quando os moradores chegaram, estava tudo aberto e nada dentro da casa”, conta a morada. Ela ressalta que o Jardim Simus é um bairro residencial, de moradores antigos. “Eu estou aqui há quase 20 anos, é um bairro ótimo, mas quando você vai sair de casa, precisa olhar a câmera de segurança para ver se você pode sair, pois eles estão sob efeito de drogas.”
A moradora acredita que com planejamento e logística conseguiria-se sanar esses problemas de segurança, “pois o que foi feito até hoje não está resolvendo, os motivos desconheço, mas não está funcionando”.
A situação é semelhante em outros bairros da zona oeste, como Vila São Caetano, Jardim Zulmira e Wanel Ville. A família de Gabriel Matheus da Silva mora no Wanel Ville 3. O técnico em eletrônica entrou em contato com o Cruzeiro do Sul e informou que toda semana a iluminação da praça Antônia dos Reis Oliveira, na rua Jossei Toda, é furtada. “Fica uma escuridão aqui, um perigo, não tem como passar pela praça. Perdemos as contas de quantas vezes furtaram os fios aqui.”
Na Vila São Caetano o problema é o mesmo. Recentemente a fiação foi levada e os moradores ficaram sem internet. A reportagem esteve na região e encontrou pelo menos três equipes de operadoras realizando reparos nos fios.
Para tentar minimizar os impactos, Zeka Bocardi conta que os moradores estão criando uma rede de segurança nos bairros, com a instalação do chamado monitoramento colaborativo. Além disso, uma associação chamada Viva Zona Oeste está sendo criada na região. “Estamos fazendo essa associação para brigar pelos bairros. Sabe a formação de um exército? É o que estamos tentando montar, um exército pela segurança, pela coleta seletiva, pelo meio ambiente. Sorocaba cresceu, se tornou a segunda maior cidade do interior do Estado de São Paulo, só que a segurança não acompanhou. Esse é o maior problema, mais um pouco vamos ter que fazer um protesto pela segurança”, destacou.
Vizinhança Solidária
Parte dos moradores da região participam do programa Vizinhança Solidária, no entanto, nos últimos meses, segundo eles, com a saída do cabo que trabalhava no projeto com a população, mudanças ocorreram no programa. Segundo a moradora do Jardim Simus, que preferiu não se identificar, agora a Polícia Militar está passando somente uma vez por semana no local. “Já faz uns três meses que tivemos uma redução da ronda de quase 80%. Tínhamos ronda diária no bairro. Também estamos com dificuldades para acionar o 190. A ligação cai no Copom de São Paulo e as viaturas nunca vêm. Podem falar que estão dentro da casa e demora duas horas para vir uma viatura.”
Célio Nascimento, morador do Wanel Ville e um dos precursores do Programa Vizinhança Solidária, acredita que a sociedade terá grandes prejuízos com as mudanças que estão ocorrendo. “No Wanel Ville temos 3.600 moradores envolvidos no programa, do Wanel 1 ao Wanel 5. Nós temos mais de 90 grupos ativos e funciona muito bem a nossa comunicação. A parceria com a Polícia Militar é fundamental”, considera o morador.
PM e prefeitura citam ações de segurança na região da cidade
A Polícia Militar, por intermédio do 7º Batalhão de Polícia Militar do Interior, informou por meio de nota que realiza o patrulhamento em todos os bairros de Sorocaba, inclusive nos citados pela reportagem, e operações policiais voltadas à prevenção e combate de furtos e roubos na região.
Sobre a reclamação do telefone de emergência 190, a PM disse que existe um sistema informatizado que em casos de uma demanda telefônica maior, visando o atendimento mais rápido para a população, as ligações são distribuídas nas demais centrais, o que eventualmente pode ter ocorrido.
Com relação ao programa Vizinhança Solidária, conforme a PM, ajustes e alterações foram realizados, “assim como em todas as vertentes da Polícia Militar, para otimizar e dar maior efetividade nas demandas populacionais, além de aproximar o comandante local com a comunidade”. Desta forma, de acordo com a PM, o programa continua sendo realizado e não houve diminuição no atendimento, seguindo a diretriz institucional que norteia o programa.
A Polícia Militar informa que o policiamento será reforçado na região, conforme o registro de boletins de ocorrência. A PM solicita à população para que realize o devido registro através de BOs e, assim, possa ser realizado o empenho das viaturas policiais nos locais de maior incidência criminal.
Com relação aos ferros-velhos, a PM informa que são realizadas operações policiais em conjunto com a Guarda Civil Municipal (GCM), Secretaria do Meio Ambiente e demais secretarias municipais, que possuem competência para as fiscalizações pertinentes, realizando autuações, lacrações e providências de natureza criminal caso seja constatado.
Prefeitura
Também por meio de nota, a Prefeitura de Sorocaba informou que a GCM mantém equipes atuantes 24 horas por dia para patrulhamento preventivo nos espaços e próprios públicos, com vistas à segurança do patrimônio e, principalmente, da população. Disse, também, que a GCM dá apoio às ações da PM, antecipando questões de segurança e adotando medidas de inteligência e preventivas, inclusive na região citada pela reportagem.
Segundo a administração pública, no Wanel Ville, a Prefeitura inaugurou neste ano uma nova base da GCM. A administração municipal realiza também a “Operação Ferro-velho”. Os locais vistoriados são definidos a partir de denúncias e informações apuradas pelos fiscais. Em 2024, até o dia 17 de dezembro, 190 pontos foram fiscalizados, sendo emitidos cerca de 90 autos de infração, entre multas e notificações, e 15 interdições.
Na última quinta-feira (19), também foi realizada uma megaoperação no Jardim Zulmira. A ação mobilizou 25 viaturas e mais de 50 servidores públicos. Conforme a prefeitura, no dia 17 agentes do programa Humanização estiveram mais uma vez no ponto citado pela reportagem, na avenida Américo Figueiredo, onde quatro pessoas foram abordadas e deixaram o local. O telefone para avisar sobre pessoas em situação de rua que necessitem de auxílio é o (15) 99666-2636, que funciona 24 horas.
Sobre a iluminação na praça do Wanel Ville, a Secretaria de Serviços Públicos e Obras (Serpo) informa que equipe técnica seria enviada ao local.
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