Moradores da rua Francisca de Queiroz e imediações, na Vila Independência, relatam preocupação com furtos noturnos cometidos por pessoas em situação de rua. Segundo os relatos, eles sobem nos telhados das casas para furtar a fiação elétrica, causando prejuízos adicionais ao quebrarem telhas e calhas. Casas desocupadas na região também têm sido alvos frequentes, com o furto de torneiras, fios e outros materiais metálicos para revenda.

“Eles sobem pelos muros e vão andando pelos telhados. Graças a Deus eu não tive prejuízo, mas outros moradores já relataram esses furtos. A vizinha ao lado, era dona de uma ótica, mas ela fechou semana passada devido a esses furtos”, conta um morador que preferiu não ser identificado.

Outra moradora da rua Francisca de Queiroz, que também preferiu não se identificar, contou que no ano passado sofreu com essas invasões. “Lembro que ano passado eles invadiram pelo portão do lado e subiram no meu telhado. Pisaram no telhado, quebraram telhas, calhas e tudo que se possa imaginar”, conta a moradora. A saída que ela achou foi instalar alarmes.

Alessandra Nunes relatou um episódio que aconteceu em sua clínica. “Primeiro, entraram pelo telhado da casa ao lado, mas perceberam que a fiação também era compartilhada. Roubaram parte dos fios, conseguimos resolver rápido, mas dois dias depois voltaram. Subiram pelo telhado novamente, roubaram a fiação de metade da casa e quebraram um dos canos da caixa d’água. Quando chegamos, além de estarmos sem luz, a casa estava alagada. Foi um caos total: móveis estragados, telhado danificado e tivemos que desmarcar compromissos de trabalho para lidar com a situação”, contou.

Ela também descreveu o prejuízo causado por tentativas recorrentes de invasão. “Cortaram a concertina do muro, roubaram a fiação e até pedaços do encanamento do ar-condicionado. Tivemos que contratar um vigia para os finais de semana, mas mesmo assim a sensação de vulnerabilidade permanece. O emocional da gente está abalado. Ficamos preocupados toda vez que vamos trabalhar, com medo do que podemos encontrar”, relata.

Casas desocupadas na região têm sido alvo frequente, com o furto de torneiras, fios e outros itens. Segundo Alessandra, um pedreiro chegou a dormir em um imóvel em reforma para evitar novos furtos. Ela também mencionou um caso de furto em um salão de beleza próximo, que foi invadido diversas vezes pelo telhado.

Respostas

Sobre a onda de furtos, a Prefeitura de Sorocaba informou que a Guarda Civil Municipal (GCM) mantém patrulhamento preventivo na região e tem intensificado ações contra a receptação de materiais furtados. Segundo dados fornecidos, 155 ferros-velhos foram fiscalizados em 2024, resultando em 14 interdições e 80 autos de infração.

Além disso, a GCM destacou a realização da “Operação Ferro-velho”, que visa combater a receptação de materiais metálicos furtados, e a continuidade da “Operação Delegada”, realizada em parceria com a Polícia Militar, para reforçar a segurança em pontos estratégicos da cidade. A prefeitura também ressaltou o uso de câmeras interligadas ao Centro de Controle Operacional Integrado (CCOI), que auxiliam no monitoramento em tempo real.

A Polícia Militar, responsável pelo policiamento ostensivo, reforçou que denúncias podem ser feitas pelo telefone 190. Já a Polícia Civil informou que investiga casos de receptação e furtos, mas ressaltou a importância de registrar boletins de ocorrência para subsidiar as investigações e operações.

A receptação de materiais furtados em ferros-velhos é um ponto central no problema. A Prefeitura de Sorocaba reforçou que as operações contra esses estabelecimentos têm como base denúncias e que a população pode colaborar informando irregularidades.

Em relação às pessoas em situação de rua, a prefeitura destacou o programa Humanização, que realiza abordagens sociais diariamente, oferecendo suporte e encaminhamento aos serviços públicos, com foco na reintegração dessas pessoas à sociedade. (João Frizo - programa de estágio)