Eleições 2024
TRE-SP expande intermediação de Libras ao interior
Os eleitores surdos ou com deficiência auditiva em São Paulo ganharam mais uma ferramenta para exercer o direito ao voto com acessibilidade: a Central de Intermediação de Libras (CIL), oferecida pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-SP). A plataforma, que até então atendia somente os eleitores da capital, agora está disponível para todo o Estado. O sistema começou a funcionar na semana passada.
A CIL permite que o eleitor faça uma vídeo-chamada com um intérprete de Libras em tempo real, garantindo que dúvidas sobre o processo eleitoral sejam esclarecidas de forma acessível. O serviço estará disponível até 11 de outubro, das 9h às 19h. Nos dias 4, 5 e 6 de outubro o funcionamento é das 7h às 19h. Para utilizar a plataforma, os eleitores da capital podem acessar o aplicativo CIL-SMPED ou escanear o QR Code disponível nos locais de votação. No interior, a conexão será feita por meio de um link no site do TRE-SP ou pelo aplicativo do PoupaTempo.
Em Sorocaba, dos 481 candidatos registrados, 12 possuem algum tipo de deficiência. Na Região Metropolitana de Sorocaba (RMS), cidades como Salto de Pirapora (127 candidatos, oito com deficiência) e Itapetininga (339 candidatos, seis com deficiência) também se destacam em termos de acessibilidade.
Inclusão nas eleições
De acordo com o TRE, o Estado de São Paulo conta com 445.464 eleitores que declaram algum tipo de deficiência. Entre eles, 25.096 afirmaram ter deficiência auditiva, o que reforça a importância da ampliação do sistema CIL.
Além disso, o TRE-SP informa que contará com mais de 10 mil coordenadores de acessibilidade e cerca de 1,8 mil colaboradores com conhecimento em Libras, distribuídos pelos locais de votação no Estado. “Eles estarão facilmente identificáveis, usando camisetas específicas de acessibilidade, para prestar suporte aos eleitores que precisarem de assistência”, avisa o Tribunal Superior Eleitoral.
Acessibilidade
No Estado de São Paulo, 34% das seções eleitorais são acessíveis, totalizando 35.371 unidades preparadas para atender pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Essas seções não possuem degraus ou obstáculos que dificultem o acesso.
Eleitores cegos também poderão contar com urnas eletrônicas adaptadas, que oferecem teclas com números em Braille e comandos de voz. Aqueles que utilizam cão-guia têm o direito de permanecer com o animal durante toda a votação.
Surdo tem dificuldade
O Cruzeiro do Sul entrevistou Douglas Edward Cavalcante Sanches, surdo e eleitor. Para ele, a única acessibilidade que tem é quando há Libras informando os candidatos disponíveis no aparelho de urna. “Para mim, o sistema atual é péssimo. Pois quando chegamos na escola não tem intérprete de Libras na fiscalização e nem nas mesas. Além disso, algumas escolas obrigam os surdos a irem para outra escola onde tem intérprete”.
O professor Alexandre Elias é diretor da escola de Libras Epae. Ele expressa satisfação em saber que a comunidade surda está ganhando mais visibilidade em questões públicas. “Paramos para refletir sobre séculos de lutas e conquistas das pessoas surdas. Um exemplo disso é a proximidade do pleito eleitoral e com ela a presença de legendas ou intérpretes como mediador linguístico em campanhas, chamadas de TV e debates eleitorais. Isso vem evidenciar sua importância como ser ativo em uma sociedade provida dos mesmos direitos e deveres”, comenta.
Ainda segundo Elias, vivenciar as lutas e conquistas dos deficientes auditivos é gratificante. “Só temos a agradecer por tal respeito e acessibilidade. Uma sociedade inclusiva busca garantir que todos os indivíduos possam participar e contribuir para o bem-estar coletivo, independentemente de suas características e identidades”, considera. (João Frizo - programa de estágio)