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Fatalidade

Ataque de abelha em Boituva mata mulher

18 de Setembro de 2024 às 22:42
Gabrielle Camargo Pustiglione [email protected]
Inseto libera toxinas que levam a choque anafilático
Inseto libera toxinas que levam a choque anafilático (Crédito: SIDNEY CARDOSO / DIVULGAÇÃO)

Uma mulher de 60 anos morreu no dia 11 de setembro após levar mais de 100 picadas de abelhas em Boituva. Além dela, o marido e o filho também foram atacados. Segundo relatório médico preliminar da Prefeitura de Boituva, a paciente deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) juntamente com o marido e o filho, com diversas picadas de abelha. Foram feitos os procedimentos médicos de emergência, mas em decorrência da gravidade a paciente morreu.

O acidente fatal por abelha é o quadro de envenenamento decorrente da injeção de toxinas através do aparelho inoculador (ferrão) de abelhas. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, as abelhas ditas africanizadas, são responsáveis por muitos relatos de acidentes, por serem mais agressivas do que as europeias.

Ao picar, as abelhas perdem parte do aparato inoculador, morrendo em seguida. Próximas a um enxame, as primeiras abelhas, ao picar, liberam um feromônio que faz com que outras ataquem o mesmo alvo, podendo ocasionar acidente com centenas de picadas.

O quadro de intoxicação varia pela quantidade de veneno aplicado e pela susceptibilidade em relação a uma reação alérgica ao veneno. Um indivíduo pode ser picado por uma a milhares de abelhas. No caso de poucas picadas, o quadro clínico pode variar de uma inflamação local até uma forte reação alérgica (choque anafilático). No caso de múltiplas picadas pode decorrer uma manifestação tóxica mais grave e, às vezes, até mesmo fatal, como a que ocorreu em Boituva.

As reações tóxicas locais decorrentes da picada de abelhas estão associadas à dor, edema e eritema. Em casos de múltiplas picadas, podem ocorrer manifestações sistêmicas, devido à grande quantidade de veneno inoculada, informa o Ministério da Saúde. Nesse caso, os sintomas são pruridos, rubor, calor generalizado, pápulas, placas urticariformes, hipotensão, taquicardia, cefaleia, náuseas ou vômitos, cólicas abdominais e broncoespasmos. Em casos mais graves pode ocorrer choque e insuficiência respiratória aguda.

300 espécies

“No Brasil temos cerca de 300 espécies de abelhas conhecidas como abelhas sem ferrão ou abelhas indígenas (são abelhas que não picam por possuir ferrão atrofiado, algumas espécies possuem algum modo de defesa mas nada agravante que leve a óbito ou causar reações alérgicas extremas)”, diz o biólogo Sidney Cardoso. “Temos também a temida abelha africanizada, Apis mellifera, que uma espécie exótica que foi introduzida no Brasil pelos europeus no século 18 para produção de mel e cera. Os apicultores trabalhavam com essas abelhas quase sem segurança devido o baixo nível de defesa delas. Em 1950 foram trazidas algumas abelhas do mesmo gênero da África para estudos e acidentalmente alguns zangões acabaram escapando e cruzando com as princesas de abelhas europeias e em poucos anos espalharam-se em todo País, parte da América do Sul e então centenas de apicultores que trabalhavam sem segurança foram picados e alguns vieram a óbito”, descreve o biólogo.

Segundo Cardoso, as abelhas africanizadas e se adaptaram muito bem com o clima do Brasil, sendo possível encontrá-las em áreas urbanas: em troncos de árvores, debaixo de telhados entre outros locais com espaços e nas áreas rurais. “Elas não atacam sem motivos, porém são muito sensíveis a sons e cheiros. Se alguém mexer em sua colmeia pode desencadear sérios acidentes”, explica.

Em caso de localização de enxames perto de casas é indicado procurar pelos bombeiros ou apicultor experiente na remoção de abelhas, indica o biólogo.