Recentemente, casos de engasgamento de crianças e até de adultos têm sido frequentes. Em Sorocaba, o último foi de um bebê de sete dias, que foi salvo por policiais militares da Ronda Rural do 7º BPM/I. Histórias como essa marcam não somente a família, mas também quem salva a vida de uma pessoa engasgada.

Em entrevista ao Cruzeiro do Sul, a cabo Letícia Pinheiro do Corpo de Bombeiros de Sorocaba contou um caso de engasgamento em que ela socorreu uma criança fora do horário de serviço: “Eu estava de folga, era umas 23h50, eu estava dormindo no sofá e começou a ter um barulho no prédio, bateram na porta e quando eu abri era uma mãe subindo as escadas correndo com um bebê no colo, ele estava engasgado, estava roxo. Quando eu peguei o bebê, ele chorou e logo ficou inconsciente, e, então, eu fiz a manobra que a gente é treinado pelo Corpo de Bombeiros, para tentar reanimar o neném. Eu fiz duas vezes e conferi para ver se ele estava respirando e ele voltou a chorar. Nesse momento, o 190 já havia sido acionado, pois a primeira coisa que eu falei para a mãe foi para ligar para a emergência”.

A cabo Letícia também falou qual é a sensação de salvar uma vida: “É gratificante, não tem palavras que possam definir! Mas é uma sensação de alívio saber que eu sou útil para a população. Ali no momento, é muito automático, a gente não pensa muito, porque acaba virando um hábito estar atuando em situações de crise. Eu trabalhei por oito anos na rua, a maior parte no resgate, é um serviço que eu gosto muito. É como se eu tivesse nascido para fazer isso.” finaliza.

Além do atendimento presencial, há bombeiros que salvam vidas por meio de orientações feitas por telefone, que é o caso do cabo PM Elmo Soares de Almeida: “Eu estava de serviço, quando entra uma ocorrência de um recém-nascido, de sete dias de vida, foi na cidade de Votorantim e ali começamos as orientações dos procedimentos, para ver se o neném se desengasgava. E ainda nesse mesmo momento, eu tinha de pedir o endereço para cadastrar a ocorrência para enviar a viatura de resgate até o local. A mãe tinha de manter a calma, que não é uma coisa fácil, pois é um ente querido, a vontade é de atravessar o telefone para ir ajudar. Mas já no segundo movimento do tapinha, o bebê começou a chorar, então eu orientei a deixar o bebê na lateral e aguardar a equipe de resgate.”

Cabo Elmo contou que depois de alguns dias desse atendimento chegou um cabo do policiamento: “Ele chegou me abraçando e chorando dizendo que eu era o herói dele, e ele me perguntou se eu lembrava de uma ocorrência em Votorantim de um recém-nascido engasgado de sete dias. Eu disse que lembrava e ele contou que era filho dele. Foi bem gratificante, hoje em dia a criança deve ter uns cinco anos.” Ao ser questionado sobre como ele se sentiu com a situação: “A sensação é de dever cumprido, nós bombeiros somos muito bem treinados e como ser humano é um alívio, principalmente quando se trata de uma criança.” finaliza Elmo Soares.

Saber agir nessas situações

Cabo Elmo explicou o passo a passo do procedimento: “Colocar o bebê no antebraço, rosto virado para baixo, fazer o V com os dois dedos, o indicador e o médio, colocar no queixo, liberar as vias aéreas, ou seja, a faringe, para que entre o oxigênio, e os cinco tapinhas de expulsão”.

A cabo Letícia também deu orientações de como as pessoas devem agir nessa situação de emergência: “A primeira coisa que você deve fazer é lembrar de ligar para o 193 e 190. E também é preciso manter a calma, é difícil, mas é fundamental.” O tenente Faria também explicou sobre os atendimentos tecnológicos do Corpo de Bombeiros: “O acionamento pode ser feito pela forma convencional, ligando para o 193 ou pelo aplicativo Bombeiros Emergência, ele é gratuito e fica disponível nas principais lojas de aplicativos. Além do acionamento ser mais rápido, por estar fazendo pelo celular, ele também manda a sua geolocalização, então, você ganha tempo. Pois ele envia o seu endereço para a unidade do Corpo de Bombeiros mais próxima de você. A gente recomenda que as pessoas já tenham baixado o aplicativo no celular porque no momento de emergência é mais rápido. Hoje existe um ambiente virtual de aprendizado do Corpo de Bombeiros, e lá tem as instruções de primeiros-socorros, ele também é gratuito e de fácil acesso”. Para acessar: educacaopublica.corpodebombeiros.sp.gov.br.

A reportagem do Cruzeiro do Sul gravou um vídeo com os bombeiros explicando o passo a passo dos procedimentos necessários para desengasgar uma criança, e o cabo Elmo simulou como agir no socorro de um adulto, usando o nosso repórter Murilo Aguiar na simulação. Assista ao vídeo no Instagram do Cruzeiro do Sul. (Lavínia Carvalho - programa de estágio / com colaboração de Murilo Aguiar - programa de estágio)