Custo de vida
Refeição fora de casa chega a quase R$ 50 em Sorocaba
Aumento nos preços foi de 14%, colocando o município entre aqueles com os valores mais caros do interior
Almoçar fora já não é tarefa muito fácil para quem quer economizar. Segundo uma pesquisa anual recente da Associação Brasileira das Empresas de Benefícios ao Trabalhador (ABBT), uma refeição completa em Sorocaba, com direito a prato principal, bebida, sobremesa e café, está custando, em média, R$ 49,52. O aumento nos preços foi de 14% em relação ao ano passado, colocando o município entre aqueles com as refeições mais caras do interior paulista.
O levantamento da ABBT, que abrangeu 51 cidades em 22 Estados e o Distrito Federal, considera uma refeição completa aquela que é composta por prato principal, bebida não alcoólica, sobremesa e café. No Estado de São Paulo, Sorocaba ocupa a quarta posição no ranking dos preços mais altos, atrás de Jundiaí (R$ 53,01), São José dos Campos (R$ 50,25) e da capital paulista, onde o valor médio é de R$ 59,67. O preço médio da refeição no Estado ficou em R$ 57,09, com uma alta de 11% em relação ao ano anterior.
Comer fora, portanto, está virando um luxo, e os restaurantes também sentem a pressão para equilibrar os custos sem perder os clientes. Esse é o caso de um self-service que, em apenas três meses, já perdeu 20% de sua clientela.
Para entender melhor os custos e desafios enfrentados pelos restaurantes em Sorocaba, o jornal Cruzeiro do Sul visitou um restaurante self-service tradicional na cidade. O proprietário do local, Kleber Miguel, explicou que o aumento no preço dos alimentos e alta nos custos operacionais têm forçado muitos estabelecimentos a reajustar seus preços.
A saída que Kleber achou para manter uma refeição boa, barata e de qualidade foi diminuir a margem de lucro e trocar alguns alimentos que encareceram. “Por exemplo, há três meses, o quiabo custava R$ 70,00 a caixa, hoje já está custando R$ 180,00. Quase o triplo de seu valor inicial. Ou tiramos o produto ou continuamos com ele, mas, diminuindo a margem de lucro, porque não dá para ficar reajustando os preços toda hora”, conta o proprietário.
Outro alimento que encareceu foi a laranja, mas Kleber não deixou de usar em seu restaurante. “O saco da laranja custava R$ 30,00, hoje em dia, o preço foi reajustado e subiu para R$ 70,00”. Com o valor do quiabo lá em cima, Kleber optou por fazer uma torta de ervilha e acrescentar no cardápio. “Hoje (21), troquei pela torta do produto que está em época”.
Com o aumento de vários alimentos, o proprietário notou que seus clientes pararam de frequentar seu restaurante. Kleber conta que, desde maio deste ano, o local não foi tão movimentado em relação aos anos anteriores. “Tivemos uma diminuição de 20% desde maio deste ano”, informa. Como escapatória, ele decidiu fazer anúncios pelas redes socias como Instagram e Facebook para atrair as pessoas ao restaurante. E, para Kleber, a estratégia tem funcionado. “Algumas pessoas até falam que viram o anúncio e vieram almoçar”.
Para calcular o preço médio, a pesquisa considera os preços das quatro categorias mais comuns na alimentação fora de casa no Brasil, sempre de acordo com o prato principal, bebida, sobremesa e café.
Vale-Refeição
A pesquisa reforça a importância do Programa de Alimentação ao Trabalhador (PAT), destacando que trabalhadores que utilizam o vale-refeição consomem 43% mais alimentos como feijão, arroz, salada e 33% mais carne em comparação aos que não possuem o benefício. O impacto do custo da alimentação fora de casa no salário médio da região Sudeste, estimado pelo IBGE em R$ 3,6 mil, é significativo. Alimentar-se em restaurantes por 22 dias ao mês com uma refeição completa representa um gasto de R$ 1.135,42, o que equivale a 36,4% do salário.
Preços nas capitais
O estudo também revela que Florianópolis (SC) registrou o preço mais alto entre as capitais brasileiras, com uma média de R$ 62,54 por refeição, valor 11% superior ao do ano passado e quase R$ 11 acima da média nacional, que é de R$ 51,61. Outras capitais com preços elevados incluem Rio de Janeiro (R$ 60,46) e São Paulo (R$ 59,67). (João Frizo - programa de estágio)
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