Em 1963, o então presidente da Loja Maçônica Perseverança III (PIII), Paulo Pence Pereira tinha um objetivo definido para marcar a sua gestão, que iniciou em 1960. Ele sonhava em criar uma empresa que pudesse gerar renda para manter as entidades beneficentes assistidas pela PIII e não mais depender, apenas, de festas, almoços e jantares para obter recursos necessários na manutenção das casas assistenciais.

Paulo Pence Pereira, que voltaria a presidir a PIII entre os anos de 1965 e 1967, pediu ao seu irmão de Loja, Laelso Rodrigues que assumisse a missão de viabilizar a sua ideia.

Laelso Rodrigues recebeu a incumbência com determinação. Ele sabia que Hélio da Silva Freitas, também membro da PIII pretendia vender a Editora Cruzeiro do Sul S/A que pertencia à Família Freitas, assim como a rádio PRD7. Os Freitas queriam 50 milhões de cruzeiros (moeda de 1963) e 21 milhões de cruzeiros pela Editora Cruzeiro do Sul S/A.

Após conversas com Hélio da Silva Freitas, em nome de sua família, Laelso Rodrigues escreveu um minucioso relatório endereçado a Paulo Pence Pereira e aos demais membros da PIII, favorável à compra da Editora Cruzeiro do Sul S/A.

E, assim foi feito. Vinte e um maçons, pertencentes à PIII, adquiriram, da família Freitas, as ações da Editora Cruzeiro do Sul S/A e passaram à condição de novos proprietários da empresa. Eram eles: Adail Odin de Arruda, Adonias Nóbrega de Almeida, Antônio Antunes Almeida, Antônio Novais, Benedito Freitas Dias, Domingos Puglia Neto, Francisco Sócrates de Oliveira Camargo, Hélio da Silva Freitas, Irineu Camargo Almeida, José Aleixo Irmão, Juarez Antonio Dal Pian, Juvenal Wey, Laelso Rodrigues, Levy Godoy, Luiz Garcia Duarte, Martin Affonso, Milton Rodrigues, Nelson Guilherme Guimarães Glória, Olival Wey Pires do Amaral, Paulo Breda Filho e Paulo Pence Pereira.

Para dirigir a Editora Cruzeiro do Sul, inicialmente, até 31 de julho de 1964, foram eleitos Paulo Pence Pereira, Antônio Novais e Paulo Breda Filho. O patrimônio material da empresa era formado por uma máquina plana, três linotipos, um derretedor de chumbo e uma máquina de escrever. O maior patrimônio econômico era o nome Cruzeiro do Sul. A nova gestão encontrou um grupo de funcionários dedicados e a empresa foi prosperando, enquanto se estruturava a criação de uma Fundação que hoje 31 de julho completa 60 anos de excelentes serviços prestados à comunidade.

No dia 31 de julho de 1964, os 21 maçons que detinham as ações da Editora Cruzeiro do Sul fizeram a doação formal para a recém fundada Fundação Ubaldino do Amaral. O nome foi referendado por Monsenhor Luiz Castanho de Almeida, mais conhecido como Aluísio de Almeida. Ubaldino do Amaral (1842-1920) é um dos fundadores da Perseverança III e da Estrada de Ferro Sorocabana. Destacado abolicionista, Ubaldino atuou como jornalista em Sorocaba, antes de mudar-se para o Rio de Janeiro. Na então capital federal, exerceu a função de advogado e atuou politicamente, chegando a ser intendente (prefeito) local e senador da República, além de ministro do Supremo Tribunal Federal.

Portanto, a escolha do nome Ubaldino do Amaral nominar a Fundação que há seis décadas trabalha para difundir a filantropia em várias frentes, primando pela prática da assistência social em seus mais variados campos, não poderia ser diferente.

Para dirigir a primeira diretoria da Fundação Ubaldino do Amaral foram escolhidos os seguintes membros da PIII: Paulo Pence Pereira (Presidente); Antônio Novais (Vice-presidente); Antônio Antunes Almeida (Secretário-geral; Nelson Guilherme Guimarães Glória (Secretário); Laelso Rodrigues (Tesoureiro-geral); Hélio da Silva Freitas (Tesoureiro). O primeiro Conselho de Redação era formado por José Aleixo Irmão, Paulo Breda Filho e Luiz Garcia Duarte.

A ideia da Fundação Ubaldino do Amaral como mantenedora da Editora Cruzeiro do Sul incluía que todos os diretores não teriam qualquer tipo de vantagem, que seu trabalho seria voluntário e, ainda, que todos pagariam pela sua assinatura do jornal assim como por qualquer inserção publicitária.

Após 1964 assim como a sua primeira diretoria todas seguiram o mesmo ideal, trabalhando voluntariamente em prol do crescimento da Fundação Ubaldino do Amaral por meio do Jornal Cruzeiro do Sul. Assim, ano após ano foi perseguido um importante e criterioso trabalho contínuo para a aquisição e modernização do parque gráfico, assim como de toda a estrutura necessária para a confecção de um jornal diário em termos de equipamentos e aprimoramento e qualificação dos colaboradores.

Dezesseis anos depois, em 1980, a Fundação Ubaldino do Amaral adquiriu o imóvel do Alto da Boa Vista. O jornal Cruzeiro do Sul se tornou um dos maiores diários em circulação no País.

Importante salientar que o Cruzeiro do Sul foi fundado em 1903. Neste ano, completou 121 anos de atividades ininterruptas. Com a administração da Fundação Ubaldino do Amaral, a partir de 1964, tornou-se uma referência de jornalismo para todo o interior paulista pela qualidade editorial e gráfica e pela sua credibilidade.

Nos dias atuais

Os pilares de atuação da Fundação Ubaldino do Amaral são a educação, a comunicação e o assessoramento à assistência social. O compromisso com a comunidade de forma ampla é o que move todo o trabalho desenvolvido há 60 anos.

Educação

A Fundação Ubaldino do Amaral é fundadora e mantenedora do Colégio Politécnico de Sorocaba. Criado em 1999, o Politécnico é referência na área educacional da cidade e vem, ao longo dos anos, acumulando bons resultados no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A escola atende alunos tanto do ensino fundamental quanto do ensino médio e oferece bolsas de estudo que chegam até a 100%.

O trabalho com os alunos é pautado por seis valores considerados fundamentais para o Politécnico: ética nas relações interpessoais, confiança e credibilidade, trabalho em equipe, respeito às diferenças, respeito mútuo e convivência solidária. O projeto pedagógico contempla a formação integral do aluno, com o objetivo de capacitá-lo para exercer sua cidadania plenamente e de forma consciente. Por isso, as ações buscam constantemente a formação do pensamento, a pesquisa e a promoção da autonomia.

Comunicação

Fundado em 1903, o jornal Cruzeiro do Sul é administrado pela Fundação Ubaldino do Amaral (FUA) desde 1964. Sua edição impressa (que também pode ser vista por assinantes na íntegra, em formato digital) conta com colunistas consagrados, cadernos temáticos e ampla cobertura e análise dos acontecimentos locais. É o jornal com maior tiragem e percentual de assinantes no interior do Estado de São Paulo.

O site do Cruzeiro do Sul recebe atualização constante dos fatos ocorridos na cidade, no País e no mundo. A cada mês, são milhares de páginas vistas pelos internautas. A forte atuação nas redes sociais faz com que as notícias ganhem ainda mais relevância, sendo acessadas de várias partes do mundo. Tamanha credibilidade e a constante prestação de serviços fazem do Cruzeiro do Sul uma referência no jornalismo de Sorocaba e região.

Assessoramento

A Fundação Ubaldino do Amaral tem no assessoramento à assistência social um dos pilares que a tornam referência filantrópica em Sorocaba e região. A FUA auxilia e estrutura as instituições locais em suas garantias e defesas de direitos. Para isso, atua como orientadora, dando apoio logístico e administrativo. A assessoria às entidades abrange pontos vitais para o funcionamento do terceiro setor, como a contratação de profissional de serviço social, a análise da documentação, a criação de relatórios, a elaboração de plano de ação e as prestações de contas. Além disso, presta auxílio no desenvolvimento de projetos e na busca por programas sociais aos quais as entidades possam se vincular.

A ampla estrutura da Fundação Ubaldino do Amaral também fica à disposição das instituições atendidas, que podem utilizar o auditório para eventos e dispor de descontos em publicações de anúncios no jornal Cruzeiro do Sul.

Missão

A primeira missão da Fundação Ubaldino do Amaral foi, como pensou Paulo Pence Pereira, ser a facilitadora para as entidades sociais diretamente ligadas à Loja Maçônica Perseverança III: o Lar Escola Monteiro Lobato de Sorocaba, a Liga Sorocaba de Combate ao Câncer, a Vila dos Velhinhos e a Associação Protetora dos Insanos.

A Fundação Ubaldino do Amaral também é importante no cotidiano de entidades irmãs, como o Serviços de Obras Sociais (SOS). Também teve importante participação na criação da Ofebas Organização Funerária das Entidades Beneficentes de Sorocaba; da Fundação de Desenvolvimento Cultural de Sorocaba (Fundec); e da Fundação Cultural Cruzeiro do Sul, mantenedora da rádio Cruzeiro FM 92,3, por exemplo.

É um trabalho voluntário em favor da sociedade que é impossível mensurar e, em muitas ocasiões, invisível, anônimo, porém essencial. Aliás, essa é a essência da Fundação Ubaldino do Amaral.