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Pagar ou não pagar

Taxa de serviços em restaurantes ainda gera impasse entre clientes e estabelecimentos

O estabelecimento pode cobrar, mas se o cliente considerar que não recebeu um bom atendimento, ele pode se recusar a pagar

08 de Julho de 2024 às 22:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
O valor pode ser de 10% ou variar, conforme o estabelecimento; o importante é o 
cliente ser avisado
O valor pode ser de 10% ou variar, conforme o estabelecimento; o importante é o cliente ser avisado (Crédito: DEPOSITPHOTOS)

A taxa de serviço cobrada em restaurantes, destinada a garçons, volta e meia suscita discussões entre clientes e proprietários. Embora o pagamento seja opcional, o valor geralmente é incluído na conta e, por padrão, corresponde a 10% do total consumido, podendo variar para mais ou menos. Essa prática divide opiniões: alguns clientes consideram que a responsabilidade de remunerar garçons deveria ser do estabelecimento, enquanto outros não se opõem a pagar, especialmente quando o atendimento é satisfatório.

Para entender melhor essa questão, o Cruzeiro do Sul conversou com representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Hotéis, Bares, Restaurantes e Afins de Sorocaba (Sinthoresor) e alguns frequentadores de estabelecimentos da cidade.

Opinião dos trabalhadores

Vícero Lourenço Pereira, presidente da Sinthoresor, explica a cobrança dos 10%. “Ninguém é obrigado a pagar, e muitas vezes não pagam mesmo, por exemplo, muitos estabelecimentos já cobram os 10% na conta e quando vão pagar pedem para retirar porque não fizeram um atendimento bom”. A taxa de serviço é uma forma de valorizar e complementar a renda dos trabalhadores. “O restaurante é obrigado a refazer o repasse dessa porcentagem, é lei. O valor total recebido dos 10% é distribuído assim; 80% do garçom e 20% dos cozinheiros”, completa o presidente.

Perspectiva dos clientes

Segundo o empresário Carlos Fernandes, “normalmente eu sempre pago, só não pago quando o atendimento deixar a desejar. Gorjeta eu não dou, né? Já pago os dez por cento”. Por outro lado, o gerente Lucas Ribeiro, tem uma visão diferente, e comentou sobre a cobrança dessas taxas de serviços nos restaurantes, “a taxação para garçom é um erro do restaurante. Acho que a responsabilidade de pagar um salário justo aos funcionários é do dono do restaurante. Não concordo com a imposição da taxa de serviço. Prefiro dar gorjeta diretamente para o garçom quando sou bem atendido”, explicou.

Antigo funcionário de um estabelecimento da região, Pablo Romano, conta as experiências que já presenciou com a cobrança e o recebimento dessa taxa. “Tem lugar que muitas das vezes nem repassa a taxa de serviço, estamos trabalhando, e em muitos casos, como foi o meu, o restaurante pegou essa taxa e não repassou”, Romano acrescenta que ‘‘o melhor é entregar a gorjeta diretamente ao garçom, isso valoriza o trabalho dele.”

Variações na cobrança

A prática de incluir a taxa de serviço na conta é comum, mas não universal. Alguns estabelecimentos optam por não adicionar a taxa, deixando a critério do cliente a decisão de dar uma gorjeta. Em outros casos, a porcentagem pode variar, conforme explica Mariana Lopes, proprietária de um bistrô de Sorocaba. “Aqui no bistrô, sugerimos 12% de taxa de serviço, mas sempre deixamos claro que é opcional. Observamos que a maioria dos clientes estão dispostos a pagar, especialmente quando reconhecem a qualidade do atendimento”, salienta. (João Frizo - programa de estágio)