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Sorocaba

Vacina contra a pólio tem baixa procura

Em Sorocaba, público-alvo é 35.062 crianças, mas só 7.865 estão imunizadas

28 de Junho de 2024 às 22:30
Campanha de vacinação contra a paralisia infantil termina amanhã, dia 30 de junho
Campanha de vacinação contra a paralisia infantil termina amanhã, dia 30 de junho (Crédito: FÁBIO ROGÉRIO (28/6/2024))

*Atualizada em 29/06/2024, às 8h32


A dois dias para o fim da Campanha Nacional de Vacinação contra Poliomielite no Estado de São Paulo, apenas 7.865 crianças de 1 a 4 anos, das 35.062 elegíveis, haviam tomado as doses até ontem (28) em Sorocaba. O número de imunizados representa apenas 22,3% do público-alvo, enquanto a meta de cobertura vacinal contra a doença definida pelo Ministério da Saúde é de 95%. Os números são da Secretaria Municipal da Saúde (SES).

O cenário de queda na procura pela vacina é observado em todo o Brasil. Isso motivou o governo de São Paulo a prorrogar a campanha, que terminaria em 14 de junho, até amanhã (30). Mesmo com a medida, a cobertura está apenas em 11,5% no território paulista, com 239.223 doses aplicadas, segundo a Secretaria de Estado da Saúde (SES). A pasta não informou se, diante do percentual pequeno, a campanha deve ser estendida novamente. 

Em Sorocaba, a cobertura é maior entre bebês de 1 ano — das 8.478 vacináveis, 2.193 receberam a proteção (25%). Crianças de 4 anos aparecem em segundo lugar — dos 9.036 com essa idade, 1.973 foram vacinados (21,8%). Na sequência, vêm pequenos de 3 anos — dos 8.765 com essa idade, 1.792 estão imunizados (20,4%), seguidos pelo grupo de 2 anos, com 1.727 vacinados, de um total de 8.513 (20,2%).

De acordo com a SES, as 33 Unidades Básicas de Saúde (UBSs) da cidade possuem a vacina contra a pólio. Os pais ou responsáveis devem levar a carteira de vacinação e um documento de identificação com foto da criança.

Poliomielite

A poliomielite, ou paralisia infantil, é uma doença contagiosa causada por vírus. Ela infecta crianças e adultos, por meio do contato com fezes ou com secreções eliminadas pela boca, como saliva, contaminadas. Em casos mais graves, pode causar paralisia dos membros inferiores. A vacina é a única forma de prevenção.

 

Médica infectologista pediátrica enfatiza importância da proteção

 

Para a infectologista pediátrica Priscila Helena dos Santos, a queda na cobertura vacinal tem relação com o movimento antivacina, disseminado, principalmente, na Europa e que vem ganhando força no Brasil. Pessoas contrárias aos imunizantes argumentam que eles podem causar efeitos colaterais graves. Porém, segundo a médica, todas as vacinas do Programa Nacional de Imunizações, incluindo a da pólio, são comprovadamente seguras e eficazes.

Risco de reintrodução

Ainda conforme a especialista, como a doença está erradicada no Brasil desde 1990, muita gente considera a proteção desnecessária. No entanto, como o vírus continua circulando no mundo, com casos confirmados de paralisia infantil em alguns países, ele pode voltar para o território brasileiro. Para isso acontecer, basta uma pessoa viajar para um lugar onde há contaminados e contraí-lo. “Enquanto tiver a circulação do vírus em algum lugar do planeta e não houver uma erradicação global, existe, sim, o risco da reintrodução”, enfatiza.

Caso ocorra a reintrodução, a população em geral precisa estar protegida — daí a importância da vacinação. De acordo com Priscila, o imunizante contém o vírus vacinal (enfraquecido) e, como já entra em contato com ele, o sistema imunológico da criança se fortalece contra a poliomielite.

Vacinadas, as crianças também ajudam a resguardar os adultos. “A criança toma a vacina com o vírus vacinal. Daí, esse vírus vai sair pelas excretas dela em rede de esgoto, na comunidade, junto a familiares. Então, vai promover uma vacinação de rebanho, uma proteção coletiva para a comunidade”, explica a infectologista. “A vacinação da pólio não é só para a proteção individual; ela tem muito mais um caráter de proteção coletiva”.

Dado esse papel essencial dos imunizantes na preservação da saúde coletiva, a médica orienta a população a tomar todos e no tempo certo, para a garantia da proteção adequada.

Fake news

Conforme Priscila, outro motivo da baixa procura pela imunização são as fake news propagadas durante a pandemia de Covid-19, cujos efeitos negativos reverberam até hoje. Ao contrário de conteúdos equivocados frequentemente divulgados, afirma ela, nenhuma vacina é inserida no mercado sem passar por todas as etapas do processo de controle de segurança e eficácia. 

 

 

 

 

 

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