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Jogo de azar

Estado tem mais de 500 BOs contra o ‘Jogo do Tigrinho’

27 de Junho de 2024 às 22:30
Cruzeiro do Sul [email protected]
Pessoas que apostaram e ganharam denunciam que nunca receberam o prêmio
Pessoas que apostaram e ganharam denunciam que nunca receberam o prêmio (Crédito: DIVULGAÇÃO / POLÍCIA CIVIL)

Um jogo de cassino on-line é alvo de investigações da Polícia Civil de São Paulo. É apurada a atuação de organizações criminosas que estariam usando a plataforma para aplicar golpes por meio da promessa de dinheiro fácil. Desde o ano passado, já foram mais de 500 boletins de ocorrência registrados no Estado contra o chamado “Jogo do Tigrinho”.

O game de celular simula uma espécie de caça-níquel, no qual o jogador faz uma aposta e aciona uma roleta em busca de sequências de figuras repetidas para recompensas em dinheiro. Como o ganho depende exclusivamente de uma suposta sorte do jogador, a prática é considerada jogo de azar e pode causar vício.

De acordo com as investigações da 3ª Delegacia do Departamento de Investigações Criminais da Polícia Civil (Deic), as plataformas ficam hospedadas fora do País e são clandestinas. Para atrair usuários, os criminosos criam perfis falsos e grupos nas redes sociais convidando para o jogo. Segundo a polícia, os golpistas também pagam influenciadores digitais para que divulguem o jogo com postagens simulando uma vida de ostentação, que teria sido possível graças ao supostos ganhos na plataforma.

“A pessoa clica no link e é redirecionada para a plataforma, onde faz um cadastro. Normalmente, ela paga para realizar esse cadastro e começa a realizar as apostas. O que apuramos nos inquéritos é que esses influenciadores têm feito postagens falsas de supostos ganhos no jogo. Ou seja, aquela quantia de R$ 10 mil, R$ 20 mil, R$ 90 mil que eles falam que ganham não é realidade. São postagens falsas que enganam os usuários e fazem com que passem a apostar cada vez mais”, explica o delegado Eduardo Miraldi.

Em alguns casos, os usuários chegam a ganhar prêmios. Mas ao fazer o pagamento de um valor exigido para liberação da quantia total, a conta é bloqueada e o prêmio não se concretiza. “Esses eventuais prêmios não são reais, temos inúmeros boletins de ocorrência registrados no Estado de pessoas que apostaram e ganharam, mas nunca receberam o prêmio. O golpe está aí”, afirma o delegado.

Além dos influenciadores e dos proprietários das plataformas, a polícia também investiga as intermediadoras dos pagamentos feitos pelos usuários. “É uma estrutura bastante complexa e que envolve muita gente para praticar esse crime”, diz Miraldi.

Com o alto volume de denúncias, a Polícia Civil tem realizado operações e feito indiciamentos contra os golpistas. Veículos e imóveis também já foram apreendidos. Além da contravenção penal devido ao jogo de azar, os envolvidos podem responder por estelionato, crime contra a economia popular, associação criminosa e lavagem de dinheiro.

Enfermeira some

A enfermeira Gabriely Sabino, de 23 anos, é uma das vítimas do esquema. Ela admitiu que desapareceu para fugir de dívidas que contraiu por conta do “Jogo do Tigrinho” e definiu como “vício” a sua relação com o caça-níquel online. Em entrevista ao SBT, ela disse que joga há cerca de dois anos e decidiu fugir por medo das dívidas que contraiu — como já mostrou o Estadão, o valor chegou a R$ 20 mil. (Da Redação com informações da SSP e do Estadão Conteúdo)