Urna eletrônica
Anos de amadurecimento para um sistema seguro de votação
O desenvolvimento do processo eleitoral informatizado no País teve início na Nova República, em meados de 1985, para eliminar as fraudes. Mais tarde, em 1982, os Tribunais Regionais Eleitorais (TREs) começaram a implantar recursos de informatização para acabar com o cadastro de eleitores em papel, aumentar a segurança da eleição e acelerar o lento processo de apuração dos votos.
Em mais um avanço, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) revisou os registros de quase 70 milhões de eleitores e os guardou em computadores, em 1986. A partir disso, a contagem dos votos das cédulas passou a ser digitada nos computadores. Essa solução também possibilitou a automatização da transmissão e totalização dos votos, entre seções e zonas. Isso agilizou a apuração e a divulgação dos resultados.
Os primeiros testes com o voto eletrônico ocorreram em Santa Catarina, de 1989 a 1995. Em 95, os 14 mil eleitores da cidade Xaxim votaram para prefeito por meio de microcomputadores. Essa primeira experiência ajudou no desenvolvimento da urna. Inclusive, a zerésima (relatório emitido pelo equipamento antes do início da votação que comprova ainda não existir nenhum voto) foi criada nesse projeto.
Já em 1992, em um primeiro passo para a informatização total, os votos das eleições municipais foram computados de forma eletrônica em cerca de 1.800 municípios. No ano seguinte, a apuração digital do resultado do plebiscito nacional para a escolha da forma e do sistema de governo ocorreu em todo o País. O pleito geral de 1994 também foi concluído assim.
Ainda em 1995, o TSE instituiu a Comissão de Reforma da Legislação Eleitoral e a subcomissão de informática, formada por membros de outras instituições públicas. Por meio desses dois grupos, os TREs desenvolveram diversos ensaios para tornar o voto eletrônico. O projeto que mais atendeu às expectativas da Justiça Eleitoral e serviu de base para a criação da urna foi justamente aquele desenvolvido em Minas.
Depois do uso das máquinas em cidades com mais de 20 mil eleitores, em 1996, elas também estiveram presentes nas eleições gerais de 1998, em municípios com mais de 40 mil votantes. Naquele ano, aproximadamente 75 milhões de pessoas elegeram governantes nas urnas. A informatização total aconteceu no pleito municipal de 2.000, pondo fim, oficialmente, à votação por cédulas de papel no País.
Na virada do milênio, 353.780 unidades, incluindo os modelos de 96 e 98, e o novo criada para aquela eleição, foram disponibilizadas para 109 milhões de eleitores. (V.C.)
Informatização reduziu tempo de votação
O autônomo Misael Barboza Gouvêa, de 69 anos, chegou a trabalhar em mesas de apuração durante o período de votação por cédulas. Para ele, o principal benefício da informatização foi a redução do tempo de votação. O idoso conta que nem no primeiro pleito com o equipamento, enfrentou problemas para utilizá-lo. Pelo contrário. Achou bem mais prático, porque, antes, precisava retirar o papel, preenchê-lo, dobrá-lo e colocá-lo na urna de lona. “Agora, é só digitar os números, apertar o botão e pronto”, diz.
Segundo o aposentado Sebastião Cândido, de 73 anos, com a transição, a eleição foi desburocratizada, tornando-se fácil votar. Além disso, sem a papelada, também ficou mais organizada. “(Antes), era uma bagunça”, recorda. (V.C.)
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