Decisão administrativa
Ex-delegado seccional é afastado da Acadepol
O ex-delegado seccional de Sorocaba, Marcelo Carriel, foi afastado do cargo de professor da Academia de Polícia do Estado de São Paulo (Acadepol), após uma publicação contra mulheres feministas, transgêneros e pessoas da comunidade LGBTQIAP+ nas redes sociais, em relação à tragédia do Rio Grande do Sul. A informação foi confirmada ao Cruzeiro do Sul pela Secretaria de Segurança Pública (SSP). O órgão não declarou quando ocorreu o afastamento. A reportagem tentou contato com o delegado, mas não obteve retorno.
A publicação foi feita no Instagram de Carriel no dia 9 de maio. O texto diz: “Não vi travestis, transgêneros, feministas de cabelo azul e sovaco cabeludo ajudando nas enchentes. Também não tinha bandeirinha de arco-íris e de movimentos LGTVHDMI4K+. Resumindo, nas horas mais difíceis são os machos tóxicos que salvam o mundo, sempre foi e sempre será assim”.
O mesmo texto teria sido publicado, também em 9 de maio, pela presidente da Câmara Municipal de Ibiá (MG), a vereadora Roberta Rodrigues (Patriota). Nas redes sociais, a deputada estadual de Minas Gerais e presidente da Comissão de Direitos Humanos, Andreia de Jesus, informou que a denúncia da comissão contra a vereadora foi aceita pelo Ministério Público.
O que diz a SSP
Em nota, a SSP ressaltou que repudia a conduta citada no Instagram de Carriel, pois não condiz com as diretrizes e orientações das instituições policiais paulistas. Os fatos são apurados pela Polícia Civil, para que medidas cabíveis sejam tomadas. A SSP declara, também, que reforça seu compromisso com os valores de igualdade, respeito e dignidade humana, os quais são constantemente compartilhados com o efetivo, seja nos cursos de formação ou de atualização.
Ainda, conforme a secretaria, em todos os cursos de formação das polícias há disciplinas voltadas aos Direitos Humanos, e os policiais paulistas são instruídos e capacitados para atender e respeitar os direitos individuais e coletivos, incluindo a diversidade de gênero.
“A Academia de Polícia Civil (Acadepol), por exemplo, implementou o Programa de Pesquisa e Capacitação Continuada e criou o Grupo de Estudos sobre Gênero, responsável pela cartilha sobre os direitos da população LGBTQIAPN+ para policiais. Além disso, disciplinas como Sistema de Justiça Criminal sob a ótica de Gênero e Orientação Sexual e Gestão e Atendimento ao Público, Conduta Policial, Violência Doméstica, Abuso de Autoridade e Investigação de Feminicídio são obrigatórias para todos os agentes”.
Informa também que a Delegacia de Polícia de Repressão aos Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi), especializada em investigação e combate aos crimes de intolerância das mais variadas naturezas, fornece parecer consultivo em casos de eventuais alterações legislativas referentes à população LGBTQIAPN+, buscando melhorar o atendimento às vítimas e criar um ambiente mais acolhedor dentro da instituição policial.