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Alerta

Seca intensa aumenta risco de incêndios na região

Corpo de Bombeiros e Defesa Civil alertam para o perigo da prática de queimadas, principalmente em razão da onda de calor

20 de Maio de 2024 às 23:22
Cruzeiro do Sul [email protected]
Risco de queimadas se torna maior nos próximos três meses
Risco de queimadas se torna maior nos próximos três meses (Crédito: ARQUIVO JCS)

O Corpo de Bombeiros de Sorocaba informou que, nos últimos meses, houve um crescimento de aproximadamente 40% no número de focos de queimadas, em Sorocaba e nas áreas próximas. Além disso, um alerta da Defesa Civil de São Paulo é ainda mais preocupante: as projeções meteorológicas para o Estado podem favorecer a ocorrência de incêndios florestais nos próximos meses. Entre as características que devem contribuir para a ocorrência de queimadas estão as ondas de calor e a baixa umidade relativa do ar. O cenário é diferente do ano passado, quando a maior incidência de chuvas contribuiu para uma baixa ocorrência de incêndios.

“No ano passado, o que a gente tinha era uma atmosfera que estava respondendo de uma forma melhor ao período de seca e estiagem. Houve maior ocorrência de chuvas. Já neste ano, estamos passando pelo El Niño. Por mais que ele esteja enfraquecido, ainda sofremos as consequências. As projeções mostram temperaturas acima do que é normalmente esperado para os meses de maio, junho e julho”, explica Vitor Takao Suganuma, meteorologista da Defesa Civil.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Sorocaba, a quantidade média de focos de queimadas na cidade e região já apresenta um aumento significativo em comparação ao mesmo período do ano passado. Diante desse cenário, o governo de São Paulo intensificou as ações da Operação São Paulo Sem Fogo, um programa que visa a prevenção de incêndios em áreas de vegetação.

O programa tem como prevenir e combater os incêndios florestais. No momento, as ações estão na fase amarela, de intensificação do trabalho preventivo e de preparação para enfrentar queimadas. A próxima etapa é a vermelha, que deve ocorrer entre os meses de junho e outubro, na qual ações de combate ao fogo e de fiscalização repressiva são priorizadas e as estratégias de comunicação e campanhas ganham reforço.

La Niña e o bloqueio de frentes frias

Segundo o meteorologista da Defesa Civil, estamos no final do El Niño, que corresponde ao aquecimento das águas do Oceano Pacífico, e no início da La Niña, que envolve o resfriamento dessas águas. Mesmo com essa transição, que geralmente resulta em temperaturas mais frias, a expectativa é de um início de inverno com tempo seco e temperaturas acima da média. Suganuma esclarece que, entre maio e julho, um sistema de alta pressão atuará no Estado, bloqueando a entrada de frente frias.

“Esse sistemas de alta pressão é o que chamamos de bloqueio atmosférico, que impede a entrada de frente frias, apenas o ar quente e seco do centro do continente predomina”, explica.

O fato de o ar quente que chega ao Estado de São Paulo vir do interior do continente, e não das regiões costeiras, aumenta a secura do ar e, consequentemente, o risco de incêndios. “Quando temos massas de ar continentais sem umidade e sem origem marítima, a umidade do ar não consegue se manter alta. Esse ambiente mais seco facilita a propagação do fogo”, afirma o especialista.

Segundo o meteorologista, o aumento da temperatura média global também contribui para a ocorrência de eventos extremos, como ondas de calor e longos períodos de seca.

“Muitos fenômenos em escala menor podem ser explicadas pela transição climática que estamos vivendo. Estamos observando cada vez mais eventos extremos; seja de calor, de frio, chuva ou secura. Tudo isso é impulsionado pelo aquecimento anômalo do planeta”, afirma Suganuma.